Ex-superintendente do Mapa Adriana Floresta ficará presa por tempo indeterminado

O juiz entendeu que, posta em liberdade, Adriana poderia coordenar versões e destruir provas; a PF afirma que ela era quem coordenava concretamente o esquema, mesmo após ter deixado o cargo

Adriana Floresta foi presa pela Polícia Federal
Descrição: Adriana Floresta foi presa pela Polícia Federal Crédito: Foto: Divulgação

A ex-superintendente do Ministério da Agricultura do Tocantins, Adriana Floresta, teve a prisão prorrogada, passando de prisão temporária para preventiva, sem prazo de acabar. A Justiça Federal no Tocantins informou ao T1 Notícias nesta segunda-feira, 29, que o prazo da prisão temporária vencia no sábado, 27, e já na sexta-feira o juiz determinou que a prisão temporária de Adriana fosse convertida para preventiva.

 

“Basicamente, pela garantia da ordem pública, dado o papel de proeminência da Adriana no esquema que fragilizou os serviços de fiscalização do MAPA. Mesmo após sua saída da Superintendência ela continuou a ter ingerência na escolha dos postos de fiscalização, evidenciando o possível envolvimento de outros agentes públicos no esquema. Da mesma forma, conveniência da instrução processual penal já que, uma vez posta em liberdade, ela poderia coordenar versões e destruir provas. Pelo que apuraram, ela era quem coordenava concretamente o esquema, mesmo após ter deixado o posto de chefia dentro do MAPA”, argumentou o juiz João Paulo Abe, o que motivou a conversão da prisão.

 

Entenda

A PF detalhou o esquema de corrupção chefiado pela ex-superintendente do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), Adriana Carla Floresta Feitosa, que também supostamente envolvia seus dois filhos, o atual marido, Humphrey Teixeira, e seu ex-marido, Djalma Feitosa, oficial de justiça no Tribunal de Justiça do Tocantins. Adriana, o atual companheiro e o ex-marido foram presos em Palmas. Um dos filhos da ex-servidora foi preso em Gurupi e o segundo filho foi preso em São Paulo. De acordo com o superintendente da PF, Arcelino Vieira, foi constatado que o dinheiro era utilizado para custear despesas pessoais da família, dentre elas o pagamento das faculdades dos filhos de Adriana.

 

“A ex-chefe de Fiscalização do Mapa, Superintendência do Tocantins, recebia valores indevidos por parte de frigoríficos e laticínios da região com o objetivo de facilitar, seja adiantando ou atrasando, interesses das empresas perante a administração pública que deveria fazer a fiscalização desse setor. A investigação não focou em diligências em relação à saúde pública. O foco é a corrupção ativa e passiva, praticada pelos servidores públicos recebendo, e empresários que faziam pagamentos indevidos”, detalhou o superintendente da PF.

 

Adriana recebia para tratar de interesses que era seu dever fiscalizar. “Ela diminuía ou anulava as multas, adiantava ou atrasava procedimentos administrativos. Ficou claro que era uma atividade que atendia muitos mais aos interesses das empresas do que ao interesse público. Eram pagamentos frequentes em depósito em conta, pagamento de boletos, seja na conta da servidora ou de seus familiares”, completou o superintendente da PF.

 

Em razão dessa investigação a polícia executou 10 mandados de prisão temporária, sendo estes todos cumpridos nesta manhã; mandados de condução coercitiva; e 36 mandados de busca e apreensão. “Houve ainda um pedido de decretação de bloqueio de bens, de aproximadamente R$ 2,2 milhões do núcleo familiar da servidora que está sendo ouvida”, afirmou Arcelino.

 

A movimentação bancária analisada do núcleo familiar de 2010 a 2016 chega à cifra de R$ 13 milhões, sendo que desse valor aproximadamente R$ 3 milhões são fruto de salário, e o que excede a isso é uma movimentação de crédito que não tem origem do salário. É uma movimentação originária dos frigoríficos ou pessoas ligadas a alguma empresa, conforme a PF.

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