Famílias se angustiam com interrupção do tratamento de Fibrose Cística no HIP

Tratamento de crianças foi interrompido com fechamento de ambulatório no HIP. Sesau assume falta de medicamentos e deve fazer parceria com faculdade para atender pacientes. Defensoria media parceria.

Tereza Nunes e o filho Enzo, de 3 anos
Descrição: Tereza Nunes e o filho Enzo, de 3 anos Crédito: Louise Maria

Com o tratamento da filha, que é portadora de Fibrose Cística interrompido, a professora Francisca Neide de Sousa, disse que está angustiada com a demora na resolução dos problemas. O Hospital Infantil de Palmas, onde as crianças com a doença faziam o tratamento está com o ambulatório fechado e faltam medicamento essenciais.

 

A Defensoria Pública do Estado (DPE), atendendo pedidos de diversos pais que procuraram o órgão pedindo ajuda, e informando que, ao contrário do que estava sendo divulgado pela Secretaria de Saúde do Estado (Sesau), o atendimento não estaria ocorrendo normalmente no HIP.

 

Uma equipe do Núcleo de Defesa da Saúde (Nusa), da DPE, esteve no HIP para verificar as condições estruturantes do ambulatório de atendimento aos pacientes de fibrose cística, e constataram que o ambulatório foi fechado por falta de estrutura física e de pessoal.
 

Na ocasião, a diretora geral da Unidade Hospitalar informou que já realizou várias reuniões com a equipe multidisciplinar responsável pelo atendimento no ambulatório de fibrose cística para retornar as atividades, mas a equipe insistiu na suspensão do atendimento devido a falta de estrutura, que inclusive já havia sido informado à Sesau que o atendimento no ambulatório de fibrose cística estaria suspenso.

 

Angústia das mães

A professora Francisca Neide informou ao T1 Notícias que a situação vem se arrastando a algum tempo e que mesmo entrando em contato com a Sesau, o secretário Samuel Bonilha dando garantias, até hoje a situação não foi resolvida e os maiores prejudicados são os pacientes.

 

Francisca tem uma filha de 10 anos que precisa do acompanhamento constante por causa da Fibrose Cística. “Quando a gente entra em contato com o estado eles falam que está tudo ok, mas não está. A gente fica de mentirosas e isso é muito triste”, afirmou Francisca.

 

Outras mães estão passando pela mesma aflição. Tereza Nunes sofre em ver o filho Enzo, de apenas 3 anos sem o acompanhamento que precisa. “No dia 26 de março foi o último ambulatório e desde então nós não tivemos acompanhamento e não conseguimos mais pegar medicamentos. A única coisa que recebemos agora foi o suplemento”, reclamou Tereza.

 

“Além do tratamento ser interrompido, a gente ainda está sofrendo com a falta de medicação. Eles [o Estado] alegam que o tratamento não foi interrompido e que a medicação está regularizada, e isso não é verdade”, disse a mãe do Enzo.

 

Georgia Sipriano da Silva tem uma filha de 8 anos que necessita do tratamento no HIP. Ela afirmou que, após o Estado dizer que o atendimento estava sendo feito normalmente, procurou a unidade para marcar uma consulta para a filha, no entanto, como as outras mães, ouviu da direção que o ambulatório continuava fechado.

 

“Tive que pagar uma consulta particular no otorrino, porque minha filha precisou... com o tratamento já é difícil, imagine sem. Não tem médicos para preencher o papel, e é a maior burocracia” disse Georgia.

 

Parceria com faculdade

Segundo a diretoria do Hospital Infantil, está em fase de finalização uma parceria do hospital com a Faculdade Objetivo de Palmas (Fapal) para o atendimento ambulatorial, o que retornaria o regular atendimento aos
pacientes de fibrose cística.

 

A previsão para regular o funcionamento do ambulatório será em agosto. As mães, no entanto, reclamam que não há uma previsão concreta e que os filhos não podem ficar sem o tratamento e principalmente sem os medicamentos.

 

A parceria consiste na disponibilização pela faculdade do espaço físico para o atendimento ambulatorial e o Estado com os materiais e corpo técnico, ficando o Hospital Infantil apenas para intervenções cirúrgicas e internações.
 

O T1 Notícias entrou em contato com a Secretaria de Saúde, que por meio de uma nota informou que está fechando parceria com a faculdade. Segundo a Sesau, enquanto isso o atendimento está sendo feito sempre que os pacientes dão entrada no HIP.

 

Quanto à falta de medicamentos, a Sesau disse que “o medicamento pancreatina está sendo entregue regulamente pelo Estado, e que os demais componentes estão sendo adquiridos”.

 

Confira a nota da Sesau na íntegra:

 

Secretaria de Estado da Saúde

Nota de Esclarecimento

A Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) informa que vem constantemente buscando melhorias para o atendimento aos pacientes com fibrose cística e que para isso fechou parceria com a Faculdade Objetivo de Palmas (Fapal) para o  atendimento ambulatorial a esses pacientes a partir do próximo mês de agosto.



Por meio dessa parceria, a Faculdade vai disponibilizar espaço físico para o atendimento ambulatorial e o Estado, os recursos humanos e insumos necessários.



A Sesau informa que enquanto os atendimentos não são iniciados na Faculdade os pacientes continuam sendo acolhidos e atendidos sempre que dão entrada no Hospital Infantil de Palmas (HIP).



A secretaria informa ainda que o medicamento pancreatina está sendo entregue regulamente pelo Estado, e que os demais componentes estão sendo adquiridos.

 

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