Governo tenta driblar prejuízos e reforça fiscalização da carne do Tocantins

Adapec diz que inspeção será intensificada a todos os produtos de origem animal produzidos no Estado. Governo diz que ação é para evitar possíveis danos à economia do Tocantins

Adapec intensificará inspeção a produtos de origem animal
Descrição: Adapec intensificará inspeção a produtos de origem animal Crédito: Lenito Abreu

O Governo do Estado, por meio da Agência de Defesa Agropecuária (Adapec), começa a intensificar a partir desta quarta-feira, 22, o trabalho de inspeção de todos os produtos de origem animal produzidos no Estado. De acordo com o presidente da Adapec, Humberto Camelo, a ação é uma reposta do Governo aos exportadores e ao público interno, visando manter a confiança na qualidade dos produtos e evitar possíveis danos à economia do Tocantins em relação aos acordos comerciais firmados.

 

A decisão foi tomada após a deflagração da Operação Carne Fraca, da Polícia Federal (PF) na última sexta-feira, 17. O presidente disse que Adapec deve fortalecer as ações de vigilância sanitária e fiscalização nesse período. “Faremos reuniões descentralizadas nas onze delegacias da Adapec no interior do Estado, iniciando nesta quarta-feira (22) pela regional de Colinas. O objetivo é dar ênfase a intensificação do Serviço de Inspeção Estadual (SIE) de todos os produtos de origem animal, bem como, discutir os entraves e as oportunidades das áreas animal, vegetal, administrativa e financeira. Aproveitaremos a ocasião também para fortalecer as ações de vigilância sanitária e fiscalização”, explicou Humberto Camelo.

 

Questionado sobre o papel desempenhado pela Adapec no controle dos produtos agropecuários produzidos no Estado, o presidente informou que a Agência é um órgão que visa manter a sanidade do rebanho e também a inspeção dos produtos de origem animal. “Nós somos responsáveis por inspecionar apenas os produtos comercializados dentro do Tocantins. Os produtos que vão para exportação, ainda que processados aqui no Estado, são de responsabilidade do Sistema de Inspeção Federal (SIF) comandado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa)”, explicou.

 

Humberto Camelo pontuou as competências de cada sistema de inspeção nesse processo de fiscalização e fornecimento dos produtos. “O Sistema de Inspeção Municipal (SIM), possui a responsabilidade de fiscalizar os frigoríficos e entrepostos de carnes e derivados que podem fornecer produtos apenas na esfera do município; o Estadual (SIE), tem a permissão para fornecer os produtos na esfera estadual; e o Federal (SIF), possui licença para fornecer em todo o País e também para exportação”, esclareceu.

 

Fiscalização estadual

Humberto Camelo assegurou que o Tocantins possui um rebanho com sanidade e elencou as ações que o Governo tem promovido no âmbito da defesa agropecuária. “Nós temos um trabalho rotineiro com os produtores rurais há muito tempo. Inclusive, o Tocantins já está há 19 anos sem registrar nenhum foco de febre aftosa ou qualquer outra doença com maiores gravidades. Realizamos campanhas de vacinação exitosas, como é o caso da febre amarela e brucelose, além de um amplo trabalho de conscientização com os produtores rurais. Em razão disso, podemos afirmar que temos um rebanho com sanidade e pronto para ser comercializado em qualquer parte do País ou do mundo”, afirmou.

 

Efeitos da operação Carne Fraca

O presidente da Adapec analisou também a operação Carne Fraca,  como uma ação importante para punir os responsáveis pelo esquema de adulteração da carne, mas ressaltou que é necessário ter cautela em relação ao julgamento sobre a qualidade dos serviços oferecidos pela maioria dos frigoríficos do País. 

 

“Há anos, o Governo vem adotando medidas para conquistar espaço e credibilidade para a carne brasileira no mercado internacional, por isso não é justo que as suspeitas que pairam sob uma quantidade ínfima de estabelecimentos comprometam todo o desenvolvimento e ascensão de uma cadeia produtiva. Essa, apesar de ser uma crise pontual, afeta diretamente a economia de todos os estados brasileiros, porque quando um país deixa de importar o produto, ele não deixa apenas de comprar de um estado específico ou de uma empresa investigada, mas sim de todo o País. Dentre os 4.557 estabelecimentos que industrializam carne, apenas 21 foram citados nessa operação e somente três foram interditados para melhores averiguações. Então, isso representa meio por cento dos estabelecimentos que fazem esse abate ou manuseiam esses produtos no Brasil”, destacou o presidente da Adapec. 

 

Operação Carne Fraca

A operação Carne Fraca foi deflagrada pela Polícia Federal no dia 17 de março deste ano. As investigações apontaram que as maiores empresas do ramo são suspeitas de adulterar a carne que vendiam no mercado interno e externo. Várias empresas do ramo alimentício do País, nenhuma delas instalada no Tocantins, são investigadas por suspeita de comercializar carne estragada, mudar a data de vencimento, maquiar o aspecto e usar produtos químicos, supostamente cancerígenos. A investigação aponta ainda para agentes do governo federal, acusados de liberar estas carnes para comercialização. 

 

O Brasil é o líder mundial em exportação de carne bovina e de frango, e o quarto exportador de carne suína. No ano de 2016, as vendas do setor representaram 7,2% do comércio global, conforme dados do governo. 

 

(Confira aqui a entrevista completa do presidente da Adapec)

 

 

(Informações de Dinalva Martins, Lenna Borges e Patrícia Saturno)

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