Na AL, quebradeiras de coco do Tocantins pedem retirada de projeto de lei

O novo texto legislativo altera a Lei de Proteção das Palmeiras de Babaçu nº 1959 de 14/08 de 2008, que dispõe sobre a proibição da queima, derrubada e uso predatório das palmeiras de coco babaçu

A lei estadual do babaçu garante às quebradeiras de coco diversos direitos
Descrição: A lei estadual do babaçu garante às quebradeiras de coco diversos direitos Crédito: Coordenadoria Imprensa e Divulgação

Representantes do Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (MQICB) pediram a retirada do projeto de Lei nº 194/2017, de autoria do deputado José Bonifácio (PR), que trata da cadeia produtiva do babaçu no Tocantins. A audiência pública foi convocada durante a sessão desta quarta-feira, 08, pela deputada Luana Ribeiro (PDT) e presidida pelo deputado Zé Roberto (PT).


Elas alegaram que o novo texto altera a Lei de Proteção das Palmeiras de Babaçu nº 1.959 de 14/08 de 2008 que dispõe sobre a proibição da queima, derrubada e uso predatório das palmeiras de coco babaçu. O ponto de discórdia são as supressões dos artigos 8º e 9º que proíbem a comercialização estadual do babaçu inteiro ou in natura, ou seja, o produto não poderá ser queimado contendo a amêndoa.


O argumento utilizado no projeto de lei fundamenta-se no apodrecimento do coco em baixo dos babaçuais, pelo baixo valor pago pelas amêndoas e a queima do fruto de maneira irregular, mas na visão das comerciantes, o projeto do parlamentar que autoriza a queima e a comercialização interestadual do coco babaçu, além da liberação da carbonização das amêndoas, acaba por impedir os povos e comunidades tradicionais de sobreviverem tradicionalmente nos territórios que há anos ocupam sobrevivendo dos recursos naturais como a palmeira da planta.

 

O deputado argumentou que, na prática, o produto já é processado inteiro e só pode ser comercializado por uma empresa tocantinense: a Tobasa, sediada em Tocantinópolis. “A legislação impede que o babaçu seja vendido para outras empresas fora do estado e isso se constitui reserva de mercado, o que é proibido pela Constituição”. O parlamentar alegou ainda que, por esse motivo, a coco é vendido praticamente de graça e não tem mercado.
 

No entanto, para as manifestantes a lei ameaça veementemente o modo de vida das quebradeiras de coco babaçu e compromete os direitos anteriormente conquistados. Elas afirmaram que a lei tem como único objetivo favorecer os grandes proprietários de terras. Durante a fala também pediram aos parlamentares que, quando o assunto for babaçu, as quebradeiras do coco sejam consultadas.



Ao final, o deputado José Bonifácio conclamou as manifestantes para apresentarem alternativas ao projeto que está na Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJ) e tem como relator o deputado Olynto Neto (PSDB). “A proposta pode ser melhorada de acordo com a demanda de vocês, pois o deputado não faz nada sozinho”, sugeriu.

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