Seduc já tem comissão para seleção de diretores e prevê eleição em setembro

Adão Francisco comentou os projetos que tem para a implantação da educação integral na rede pública estadual e disse estimar os primeiros resultados para daqui três anos

Adão Francisco, secretário da Educação
Descrição: Adão Francisco, secretário da Educação Crédito: Bonifácio/T1Notícias

Uma proposta ousada, que prevê a reconstrução do modelo de escola pública no Tocantins, sob o ponto de vista do desenvolvimento humano integrado às áreas formais e não formais de conhecimento. É o que veremos acontecer nos próximos anos na Secretaria da Educação sob o comando do professor Adão Francisco de Oliveira, em frentes de trabalho distribuídas em seis eixos. A Gestão Democrática da Escola – que culminará com a eleição de diretores em todo o Estado em setembro – é apenas um deles.

 

“Temos comissões trabalhando em cada aspecto do planejamento que estamos traçando para os próximos anos”, disse o secretário numa conversa de pouco mais de uma hora na sede da Secretaria ontem, quinta-feira, 19, com o Portal T1 Notícias.

 

O processo de seleção de diretores envolverá etapas: a prova teórica e de títulos, a definição de uma lista tríplice a ser votada pela comunidade escolar e finalmente um curso preparatório de dois meses para o diretor escolhido, na área de administração escolar.

 

“Queremos iniciar em setembro, para que em outubro esteja finalizado e os meses de novembro e dezembro sejam de treinamento específico para este profissional escolhido”, confirma o professor Adão Francisco.

 

Adequando o currículo

Professor de educação básica em Goiás por sete anos, após os quais ingressou na Universidade de Goiás, antes de mudar-se para o Tocantins para integrar os quadros da Unitins, Adão Francisco é um crítico da escola pública atual.

 

“A escola atual não tem significância para o aluno. Defendemos uma educação integral e humanizada, no sentido de não privilegiar apenas o ensino de disciplinas tradicionais, mas de equilibrar no currículo, a carga horária e a oferta de disciplinas que promovam o desenvolvimento humano”, explica.

 

Embora reconhecendo que os sistemas de avaliação privilegiam basicamente os conteúdos de português e matemática, o secretário entende que é preciso equilibrar o tempo que o aluno passa na escola com a oferta de conteúdos igualmente importantes. “Não vamos descuidar destes, que são fundamentais na hora dos processos de avaliação, mas a desigualdade na carga horária entre estes e outros conteúdos é acintosa”, avalia. Uma comissão já trabalha na revisão da grade curricular.

 

“Vamos dar mais espaço a educação ambiental, que é um conteúdo importante num estado como o Tocantins, à Educação para o Patrimônio Cultural, Histórico e Arquitetônico, na área do desporto à Capoeira, que é dança, é arte e é esporte e tem tudo a ver com um estado de negros, de filhos de negros”, explica. A construção da grade curricular estará atenta também às especificidades de cada uma das oito regiões definidas pelo IBGE.

 

Adequando os espaços

Dentro da perspectiva de uma escola de educação integral e humanizada, Adão defende que o ensino se torne mais lúdico, agradável, interessante. “Isto passa por dois eixos: a formação continuada deste professor para que ele seja capaz de utilizar metodologias interessantes para o aluno e também da adequação dos espaços. Temos muitos projetos inspirados no Sul, fora da nossa realidade, temos espaços absolutamente inadequados para que o aluno fique o dia todo na escola”, exemplifica.

 

“Não dá para esperar que o aluno passe o dia inteiro sentado numa cadeira, estudando. É preciso tornar a escola um ambiente mais interessante”, defende.

 

O secretário cita duas escolas que são referência no Estado, como exemplo de espaços amplos, que permitem este desenvolvimento integrado: “Temos o Colégio Sagrado Coração de Jesus em Porto Nacional e o Colégio Militar em Palmas”.

 

“A escola nova que a gente advoga terá professores melhor formados e valorizados assim como espaços melhor estruturados. Lógico que queremos que este professor tenha o retorno deste esforço, e isto ocorrerá, no tempo que o Estado possa arcar com novos custos”, explica.

 

Outra comissão trabalha no levantamento e estudo destes espaços. “Nossa diretoria de Obras já trabalha para adaptar o espaço físico à experiência de escola que queremos. Precisamos tornar a escola mais interessante”, argumenta o professor Adão.

 

A ideia é criar escolas de referência nas oito regiões do Estado. “Lembrando que temos a escola da cidade, a escola do campo e a escola indígena. São espaços diferenciados”, comenta o secretário.

 

Em três anos

Com um projeto arrojado, que começa coma revisão curricular, passa pela gestão democrática da escola, adequação dos espaços físicos, formação continuada de professores, o secretário estima que os resultados começarão a ser notados em três anos. “É uma estimativa, que no terceiro ano a gente já possa começar a colher bons resultados”, diz Adão.

 

Até lá a Secretaria tem ainda um passivo de R$ 273 milhões em dívidas a administrar. Como é o caso das parcelas atrasadas do transporte escolar. “Começamos fazendo os nossos repasses em dia. Existem dívidas dos últimos quatro anos que não dá para explicar. Não é justo cobrar de nós, desta gestão do governador Marcelo Miranda que já comece colocando tudo em dia, um passivo deste tamanho”, argumenta.

 

“A gestão é possível de ser feita de maneira transparente. O Estado do Tocantins está destroçado e na educação não é diferente. Vamos administrar de forma transparente os recursos para que a sociedade acompanhe”, diz ele. O furo na aplicação dos 25% constitucionais na área da Educação provocou um déficit de R$ 22 milhões no ano passado em repasses que não foram feitos. “Com R$ 12,5 milhões daria para quitar o transporte escolar, cinco parcelas atrasadas em todo o estado”, finaliza.

 

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