A Grécia e a presidente Dilma

A atual situação da Grécia é resultado de longos anos de má administração pública. Para a Grécia o poço não tem fundo, o abismo está cada vez mais profundo. Aliada a uma administração pública suicida, soma-se uma visão popular equivocada da realidade. Enfim, a fatura da Grécia chegou e chegou cara. E vai ficar mais cara ainda.

 

A situação política e econômica do Brasil, guarda certa semelhança com a situação da Grécia: nos dois casos a fatura da má administração pública chegou e ficará cada vez mais onerosa.

 

Há muito tenho escrito, desde o fim do primeiro mandato da presidente Dilma e a sua reeleição, que a fatura, pela má administração e pelas inverdades sustentadas pelo governo da presidente um dia bateria às portas do Palácio do Planalto. Veja por exemplo o artigo “A vitória da mentira”, postado logo após as últimas eleições.

 

Embora a presidente tenha dito em várias entrevistas que não cairá e que não sairá do governo é muito provável que essa saída ocorrerá ainda esse ano. Talvez não haverá impeachment, mas haverá o fim do seu governo antes do término do mandato.

 

Por quê? A resposta é muito simples e dois são os motivos principais: completa ausência de apoio popular e de sustentação política no Congresso Nacional. Tal como foi com Collor.

 

Existe o famoso ditado popular de que “a parte mais sensível do ser humano é o bolso”. Pois bem, foi nessa máxima que o ex-presidente Lula alcançou seu patamar máximo de popularidade: distribuiu dinheiro nas duas pontas da pirâmide social. Na base da pirâmide social, distribuiu dinheiro para as populações mais carentes através dos programas sociais, sem o menor critério de retorno desses investimentos e sem critério para que as pessoas saíssem dos programas sociais, pelo contrário, o sucesso do programa sempre foi medido pelo número de pessoas que entravam e não pelo número de pessoas que saiam.

 

Na outra ponta da pirâmide social, no topo, o BNDES distribuiu dinheiro a vontade, também sem critério, para a classe empresarial, mais rica e mais abastada. Era a lógica da compra da população, dos mais pobres aos mais ricos. Deu certo. O ex-presidente Lula atingiu píncaros de popularidade e elegeu sua pupila duas vezes. E não foi só isso, houve ainda a tentativa de comprar e submeter o Congresso Nacional da mesma forma, distribuindo propinas. Resultado: processo nacionalmente conhecido como “mensalão”.

 

Essa mesma lógica agora se inverte contra o governo que distribuiu dinheiro a vontade a todos. Não há mais dinheiro a ser distribuído. A conta de luz, água e combustíveis está subindo e ainda subirá mais no decorrer do ano. De consequência, o custo de vida, para todos, continuará subindo. A indústria está em crise e demitindo. Ou seja, o barco está afundando. Agora, aplica-se o outro ditado popular: “quando o navio está afundando, os ratos são os primeiros a abandonarem o navio”. A presidente Dilma está sendo abandonada por todos aqueles que foram comprados e agora não podem mais ser comprados.

 

Tal como a Grécia, a situação política e econômica do Brasil ainda vai piorar muito até retomar o rumo da responsabilidade por uma boa administração pública, com responsabilidade fiscal.

 

Mas até quando? O preço que o país pagará por ter se vendido ao governo do PT será alto e só cresce a cada dia.

 

É isso.

 

Marcelo Cordeiro é advogado, pós-graduado em administração pública, mestrando em Direito Constitucional pelo IDP, ex-juiz do TRE/TO. Escreve todas as segundas na coluna Falando de Direito.

 

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