Maio a dentro, nada da chamada do cadastro reserva da Saúde e ninguém no governo explica o por quê

Alguma coisa não vai bem na interlocução do governo com os segmentos organizados da sociedade. Exemplo clássico desta dificuldade em manter um diálogo claro, transparente, aberto está evidenciado no impasse criado com o anúncio da chamada, e depois a...

O mês de maio já vai marcando o dia 10 na folhinha e nada daquela chamada dos classificados no concurso público da secretaria da Saúde, o tal do cadastro reserva, acontecer. O estudo foi feito e o Estado já sabe, através das duas pastas envolvidas na questão: Secad e Sesau, quantas vagas devem ser abertas para cada categoria.

O Orçamento - que era a razão de todos os males e impedimentos para que o governo assumisse compromissos financeiros - já está aprovado há mais de 40 dias. E nada da chamada acontecer. Já escrevi aqui, há algumas semanas, que o governo não precisa prometer. Mas se promete, marca data, precisa cumprir. Ou explicar os motivos pelos quais não cumpre o anunciado.

Leitores e os classificados - estes, os principais interessados - têm questionado e com a devida razão, os motivos da demora na chamada. Sobre este assunto, é sabido, dois secretários de estado se manifestaram, marcando data para a chamada e explicando como seria: o do Planejamento, Eduardo Siqueira e o da Saúde, Arnaldo Nunes.

Cobrança para o impasse chega às redes sociais

Dias, semanas e mais de mês depois, sem solução para o impasse, nossa caixa de comentários e emails transbordam de mensagens de cidadãos que querem pelo menos uma resposta. No twitter, o secretário de Planejamento respondendo um seguidor que me provocava (e também a ele) sobre o assunto, disse: “eles estão com problemas burocráticos por lá”. Mas, emendou, estes tais problemas tinham expectativa de solução na semana seguinte (que foi a última).

Enquanto não publica a modulação (que diz quantas vagas estão abertas em cada setor com a exoneração dos comissionados que as ocupavam até janeiro passado) o governo ocupou os postos de trabalho com contratos temporários. A justificativa é que o trabalho nos hospitais não pode parar. E está certo o raciocínio. O que ninguém entende é por que não aproveitar logo quem passou por um concurso para ocupar a função.

Acredito nas boas intenções do governo em realmente utilizar, como a lei determina, um concurso em validade para dar provimento a estes cargos. Mas vejo aí claramente um problema de comunicação, ou de articulação entre os setores do governo envolvidos na questão para dar uma resposta positiva à sociedade que espera.

Contrato temporário não substitui concurso

Os contratos temporários, por sua vez, não estão publicados no Diário Oficial, conforme explicações do secretário de Administração, Lúcio Mascarenhas, por que a lei não exige. O que determina a legislação é seu registro no Tribunal de Contas do Estado.

Lá, há cerca de um mês, os contratos registrados não chegavam a 30. Aguardamos para esta terça, a atualização dos registros. É pouco, e tudo indica que tem muito mais gente trabalhando nos hospitais por aí a fora, nesta modalidade.

Ao protelar a chamada e negar uma explicação, o governo perde a chance de marcar um gol de placa e acumula insatisfação, fruto da expectativa que ele próprio criou.

Nós por aqui, seguimos como médiuns: recebendo e transmitindo a mensagem. Até que alguém qualificado ouça e responda. Afinal, por que é mesmo que o Estado não chama o cadastro reserva da Saúde?

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