O efeito Marcelo num cenário de oposição enfraquecida: mais de 10 pré-candidatos vão à luta pela prefeitura de Palmas

O ministro Luiz Fux engatou a ré em decisão tomada no começo do mês, favorável ao senador eleito Marcelo Miranda, sepultando a possibilidade de que ele assuma o mandato conquistado nas urnas. A decisão comemorada ontem por governistas tem reflexos nu...

A reforma da decisão do ministro Luiz Fux, antes mesmo da sua publicação, publicada no dia 17 e postada em primeira mão pelo Site Roberta Tum foi comemorada ontem pelo grupo governista como o sepultamento da oposição no Estado por um bom tempo.

A lógica de que Marcelo Miranda no Senado oxigenaria o cenário e daria mais equilíbrio ao jogo, funciona também em sentido inverso. A decisão de ontem, deixou órfãos os marcelistas, e ressabiados muitos siqueiristas que esperavam ser mais valorizados num quadro de equilíbrio.

Mais ou menos o mesmo sentimento de alívio de um lado e preocupação de outro que pode ser percebido na Assembléia com a aglutinação de 15 votos favoráveis ao governo. É que 12 a 12 é um cenário de muita pressão.

A oposição já vinha perdendo pedaços no meio do caminho. O que alguns analistas ligados a um ou outro lado avaliavam é que Marcelo no Senado seria uma espécie de “sossega, Gaguim”, e “pensa, Siqueira”. Com a marcha a ré de Fux, nem uma coisa, nem outra. Embora a vida siga, entre uma eleição e outra, a decisão é um marco e um gatilho no processo de discussão da disputa pelas prefeituras.

Em Palmas, mais de 10 pré-candidatos vão buscar espaço

Fazendo as contas e olhando quem já declara na imprensa, nas ruas ou nas rodas políticas sua intenção de pleitear a prefeitura de Palmas, o número de pré-candidatos ultrapassa a marca de 10 nomes, distribuídos em diversos partidos.

Só o grupo governista tem pelo menos cinco. Marcelo Lélis, do PV, é quem vem com melhores condições junto à opinião pública, conforme já revelam pesquisas internas. Tem pela frente, do mesmo time, o deputado federal Eduardo Gomes, do PSDB, com grande poder de articulação. Mas ainda no PV, está Carlos Amashta, empresário colombiano, naturalizado no Brasil, com intenção declarada de concorrer à prefeitura da Capital.

Dois outros nomes também se colocam nesta disputa, dentro do grupo Siqueirista: a deputada estadual Luana Ribeiro (PR), filha do senador João Ribeiro(PR), e o recém eleito deputado federal Irajá Abreu, filho da senadora Kátia Abreu.

Vácuo na oposição favorece surgimento de novos líderes

Com Marcelo fora do páreo até setembro de 2012 – e portanto sem condições de disputar nada antes de 2014 – os detentores de mandato dentro do PMDB têm a chance de ocupar o vácuo deixado pelos dois ex-governadores peemedebistas. O federal Júnior Coimbra tem o sonho de administrar a cidade. O estadual Eli Borges também, mas com duas características que o fortalecem:está mais próximo e já passou por uma disputa interna para ser candidato na qual foi alijado do processo numa manobra forte, que deixou seqüelas.

Com a saída de Marcelo, quem pode ir às ruas para manter o capital político e pleitear com chances de eleição é a ex-primeira dama Dulce Miranda. O projeto do marido sempre foi prioridade, mas a empatia popular e a sequência dos últimos acontecimentos lhe permite disputar. E no PMDB, ainda há Carlos Gaguim: ex-vereador, ex-deputado, e ex-governador. Se não tiver impedimento jurídico até lá, terá as condições de disputar.

Vácuo na oposição favorece surgimento de novos líderes

Do lado do prefeito Raul Filho está uma pré-candidata forte pelo reconhecido poder de articulação: a vice-prefeita, Edna Agnolin. Com a popularidade em baixa, o prefeito nem de longe terá o poder de influência que Lula teve, por exemplo, para entregar a gestão à Dilma, mas ninguém duvida de que terá forte poder de influência.

A baixa popularidade do prefeito ainda pode ser corrigida, com a correção de pontos frágeis na sua gestão: infra estrutura desgastada e obras paralisadas. No grupo que elegeu Raul, estão além de Edna Agnolin, o deputado estadual Vanderlei Barbosa, “curraleiro”, como gostam de dizer seus amigos, lá do Taquaruçu. Tem identidade com a região Sul da cidade como poucos.

No PSB, que apoiou Raul e que é o partido de Barbosa, está o reitor Alan Barbiero, que veio do movimento estudantil, fincou bandeiras à esquerda e que começou a enfrentar recentemente denúncia de improbidade. Coisa que pode ser contornada, desde que com defesa firme, até as convenções do ano que vem.

E o PT, finalmente, tem Ivory de Lira, vereador e presidente da Câmara também ligado a Raul Filho. O PT de Donizete, segundo ouvi dizer, cogita convidar Amastha, e aí, sair com candidatura própria.

Como se vê, muita gente na raia de uma disputa que pode ser a oportunidade da oposição se reposicionar no cenário. Entre as maiores e mais importantes cidades do Estado, Palmas tem status diferenciado, por ser capital.

Em tempos de oposição frágil e num movimento de muitos para tentar se agregar ao governo, quem tiver competência se estabelece. Até por que já vimos este cenário de fortalecimento extremo de um grupo, pelo menos duas vezes nos últimos 15 anos. A política, dinâmica, sempre permite que as coisas mudem de lugar.

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