O arquiteto Walfredo Antunes, que fez o projeto do plano diretor de Palmas, é muito orgulhoso do trabalho que fez e de vê-lo concretizado.
Mas de acordo com o arquiteto, apesar das diretrizes gerais do projeto terem sido mantidas, houve uma espécie de equívoco no preenchimento do plano diretor da Capital, que comemora 22 anos nesta sexta-feira, 20. “Estava previsto um modo de implantação das quadras, em que elas seriam ocupadas e complementadas de acordo com a necessidade, mas houve uma dispersão desnecessária e hoje há muitos espaços vazios dentro do plano diretor”, declarou.
Antunes citou o setor Taquari como exemplo de dispersão desnecessária. “Aquele setor foi criado muito longe, sem a infraestrutura e desenvolvimento urbano adequados, assim como muitas outras áreas foram criadas muito longe do plano diretor”, disse.
Especulação imobiliária
Já não é novidade que a especulação imobiliária fez com que os imóveis em Palmas custassem um preço acima do que muitos palmenses podem arcar. Tanto o valor do aluguel quanto a aquisição da casa própria exige muito do salário do palmense.
Para o arquiteto, o governo perdeu uma grande oportunidade de fazer subsídios cruzados para criar um equilíbrio no valor do mercado imobiliário. Esse cruzamento, com ajuda do governo Federal e até mesmo a sociedade mais privilegiada financeiramente interessada em investir na nova Capital, segundo Antunes, poderia ter beneficiado toda a população para adquirir imóvel a preço mais acessível. “A especulação imobiliária e a desatenção do governo para esse aspecto contribuiu para a construção da periferia em Palmas”, pontuou.
Revisão do plano diretor
Walfredo Antunes negou que há a necessidade de rever o plano diretor de Palmas. “O plano diretor não precisa ser revisto. O que precisa ver é se há conveniência de ter ocupações de caráter residencial e a prefeitura tem todos os mecanismos para isso. Eu acho que falta uma gestão que seja realmente cuidadosa naquilo que reflete o interesse coletivo. Penso que seja preciso implantar o imposto progressivo para preencher as áreas vazias dentro do plano diretor, proporcionar um sistema de transporte que atenda toda a sociedade e cuidar melhor das áreas verdes”, afirmou o arquiteto.
Rotatórias
O arquiteto discorda quando falam que as rotatórias estão atrapalhando o trânsito, principalmente na região central. “As rótulas são desaceleradores de velocidade e um sistema de regular o tráfego. O que atrapalha o trânsito é a falta de educação. É preciso mais campanhas educativas para saber usar as rótulas”, disse.
Além do mais, Antunes pontuou que, o fato dos motoristas terem apenas as avenidas NS 2 e Theotônio Segurado como os dois principais pontos de passagens acaba deixando o trânsito mais difícil. “Não há outras opções de passagem. Há várias ruas implantadas pela metade que poderiam ter sido concluídas à medida que a cidade foi crescendo, de acordo com a necessidade, mas isso até hoje não foi feito”, declarou.
O que mudaria
O arquiteto contou, ainda que, se pudesse, teria feito algumas alterações no projeto do plano diretor de Palmas como aumento de algumas áreas do comércio, e projeto de divisão de áreas. “Não houve um plano de massa para determinar como as áreas devem ser, assim como houve no projeto de Brasília. Isso eu mudaria. Mas só o fato de Palmas ter sido uma cidade planejada já dá um novo ar de cidadania. As pessoas gostam da cidade, discutem sobre ela e entendem que isso é benéfico”, disse.
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