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Parte o poeta, amigo e jornalista Gilson Cavalcante: com ele, parte da nossa história

Partida deixa grandes lembranças do jornalista e poeta, que está eternizado em seus feitos, escritos e sua amizade.

Crédito: Clayton Christus

A notícia da passagem de Gilson Cavalcante, o poeta, jornalista, filho de Xangô, iniciado na casa de sua Mãe Magna, alí nas Arnos, me colheu com surpresa às cinco horas da manhã de hoje, terça-feira, 14 de março de 2023.

 

A gente nunca espera a morte. Mesmo entre os adoentados, como estava Gilsinho, é sempre imprevisível, como convém.

 

Minha memória voou até Goiânia, década de 80. Lá eu encontro o primeiro registro da minha convivência com o Gilson Cavalcante. À época, casado com a querida Tânia Cavalcante. Ele me convidou para sua casa, espaçosa, onde os “meninos”, hoje grandes homens seguindo suas vidas, corriam pela casa, numa “escadinha”. Costumava brincar com o Aluísio Cavalcante, nas suas noites de cantoria na minha adega, em Taquaruçu, lá por 2005/2006, sobre isso: “te conheci pequeninho”. E ele lá, cantando Sítio do Picapau Amarelo.

 

De lá para cá, reencontrei Gilson no Tocantins. Cabelo cortado curto, todo alinhado, secretário de Comunicação do então governador Moisés Avelino. Início da década de 90.

 

E viemos convivendo, nos reencontrando sempre na lida da notícia. Guardei esta foto de uma coletiva promovida por mim, à época Diretora de Comunicação da Assembleia Legislativa, para o saudoso e querido Raimundo Moreira. Nela se vê Gilson no seu primeiro papel: o de jornalista. O poeta foi crescendo e evoluindo dentro dele, para uma escrita cada vez mais descompromissada com a forma, mas apurada no sentimento.

 

Aí nos reencontramos no T1 Notícias. Ele, como eu, fez a opção pelo nosso doce Taquaruçu, onde seu corpo sofrido pelo diabetes, comprometimento renal, libertou a alma do poeta. Entre nossas serras e cachoeiras. Partiu como muitos desejariam: cercado da natureza e, especialmente, das pedreiras de Sangò.

 

 

Me lembro dele na Casa Branca da Serra, num dia que fomos louvar Ogum. Ele acompanhado de sua companheira à época, foi participar do rito. Se movimentando com dificuldade, depois de um AVC.

 

A fé sempre presente nele. Como quando me chamou para um Sirè na casa de Mãe Magna, onde ia dar comida e carregar seu Orixá, Xangô.

 

E aí tivemos um novo convívio. Dessa vez no T1 Notícias. Precisando de um repórter de política, com a sagacidade dos velhos, com o conhecimento de tudo, com o olhar na história, busquei o Cavalcante, depois de uma mensagem do João Lino, contando que o pai estava aposentado, ocioso, precisando trabalhar, se movimentar.

 

E ele escrevia majestosamente. Mais lento que os novos, mas muito mais profundo. Com a licença do tempo, dando espaço a uma desconstrução da ordem lógica do texto. Seu contexto era outro.

 

Hoje quando sentimos sua partida, ainda que com a plena convicção de que a vida continua, a lembrança de seus feitos, de seus escritos, de sua amizade, fica assim presente.

 

Meu abraço caloroso a todos os seus! Aos “meninos”: Ana Liz, Clarisse Cavalcante, Camila Cavalcante, João Lino, Aluísio Ribeiro Amaral Cavalcante, André Ribeiro Cavalcante, os netos Catarina, Clara Liz, Miguel, Thomáz e Ísis, bisneto Edilson Neto e à Tânia, companheira de tantos anos, à atual companheira que o acolheu em seus braços na hora da partida...

 

Que hoje, nessa despedida, possamos celebrar sua vida, sua obra, sua companhia sempre alegre (seu último vídeo que vi foi dançando no hospital quando teve alta, internado com anemia).

 

Valeu, Gilsinho! Vai brilhar no além querido! E leva meu abraço para o Salomão, o Matheus Jr., a Kibb Barreto, a Olga e tantos outros.

 

É, quanto mais o tempo vai passando, aumenta a lista dos amigos do lado de lá. É a ordem natural da vida, a qual todos estamos submetidos.

 

Olojò Oni, Mojuba! Um novo dia nasceu, meus respeitos!

 

Viver a vida intensamente enquanto estamos aqui. É o que nos resta.

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