A Assembléia e um passivo a resgatar com a opinião pública

O deputado Marcelo Lélis tocou num ponto interessante nesta segunda-feira, 1o de Julho, ao falar de auxílio moradia, em resposta ao deputado Osires Damaso...

 

Damaso, com seu jeito curto e direto, disse – trocando em miúdos -  que não é homem de assinar um documento e recuar por que foi pressionado. E mais, classificou como “covardia”, o ato de quem firma um acordo entre seus pares e depois volta atrás para ficar bem com a opinião pública.

 

Lélis não aceita a alcunha de covarde e devolveu: errou, admite, ao concordar com a criação do auxílio, mas não tem problemas em reconhecer o erro e voltar atrás.

 

Pano rápido.

 

Nas entrelinhas do discurso do deputado do PV, ficou um recado: “a população repudiou desde o começo a criação do auxílio moradia”. É verdade. O motivo é claro: ele é visto como mais uma benesse que quem tem mandato aprova para usufruto próprio, pessoal.

 

O que se viu nas ruas nas últimas semanas, é um recado amplificado do que já vinha rolando nas redes sociais há muito tempo. Estas, termômetro muito interessante do que a sociedade pensa dos políticos.

 

Eu alertava sobre isto o deputado Sandoval Cardoso, numa visita que ele nos fez na redação do Portal T1 Notícias poucos dias depois que a concessão do benefício veio à público. Ele me dizia à época que não tinha dificuldade em explicar/justificar a necessidade do auxílio onde quer que fosse.

 

Pois bem. Agora já são oito deputados dizendo que não receberam, e não querem receber o auxílio. Um terço do parlamento.

 

Sinceramente, não acredito que o requerimento de Lélis vá parar na gaveta, ou será rejeitado. Não há clima para isso. Mas a questão dos gastos públicos é maior, mais profunda e mais grave.

 

Vejam só. Nas entrelinhas do que Damaso disse, gancho com o qual comecei este artigo, está outra crítica que publicamos na coluna Café On Line. A crítica aos gastos que o deputado considera exagerados na própria Assembléia. E dispara: “desde que estou aqui já trocaram os móveis duas vezes”. Damaso critica também a multiplicação das TV’s pelas salas e entradas. “Falta só colocar no banheiro”, ironiza.

 

O deputado, que é da bancada do governo, sugere que os recursos sejam devolvidos aos cofres do Executivo. A sobra, entenda-se bem. Para que sejam melhor aproveitados onde o povo realmente precisa deles.

 

Olha só que lucidez. Com certeza Damaso sofrerá a reprimenda de alguns dos seus pares, que acham que o dinheiro do Legislativo, é do Legislativo, e que o do Judiciário é do Judiciário. E pretendem que continue assim.

 

Mas ocorre que o dinheiro é do povo, e deve ser revertido em favor do povo.

 

Sem querer ser populista, mas alguns poderes estão acima e muito acima da realidade rotineira de quem está nas ruas dependendo dos serviços públicos básicos, como saúde e edudação.

 

Percebo, como já falava com o presidente da Casa naquela semana há meses, o distanciamento da Assembléia Legislativa com o cidadão comum e com o formador de opinião.

 

Não sei precisar em quanto o Parlamento Itinirante esteja diminuindo esta distância, mas não é visível este avanço.

 

O que fica claro e já está na fala de alguns deputados, é a necessidade de fazer urgente esta reaproximação. E quem sabe diminuir o passivo que fica, toda vez que a sociedade se sente lesada por pagar benefícios que considera abusivos e desnecessários.

 

 

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