A escolha de Mário Lúcio e seus reflexos nos rumos da oposição

O anúncio da filiação de Mário Lúcio Avelar ao PPS, de Roberto Freire pegou muita gente de surpresa e mexe no xadrez da oposição não tradicional no Estado. Uma nova e forte aliança poderá surgir...

O procurador no entanto havia antecipado ao T1 Notícias há cerca de uma semana, com exclusividade, que conversava com a legenda. Naqueles dias, tanto Eduardo do Dertins, quanto Roberto Freire negaram as tratativas. Mas o fato se materializou e nesta quinta-feira Avelar chega ao Tocantins para assinar ficha de filiação à legenda em Palmas.

 

A escolha de Mário Lúcio foi bastante arriscada e pode ser comparada à decisão da senadora Kátia Abreu de filiar-se ao PMDB. Os dois voltaram seu olhar para o quadro nacional para dar um passo complicado, observada a realidade local. Ou alguém duvida que a senadora estaria mais tranquila no PSD?

 

Kátia enfrenta a animosidade do grupo Coimbra-Gaguim-José Augusto, como se lê nas últimas manchetes. Com controle de aproximadamente 60% dos convencionais, o trio está decidido a inviabilizar a senadora na sua decisão de disputar a reeleição.

 

Mário Lúcio por sua vez trocou o certo -  o pequeno Psol, de quem tem a admiração e onde teria controle absoluto do partido – pelo incerto PPS. Tem o apoio da Nacional, mas está falando com um partido que tem Diretório Regional.

 

Se conseguir se viabilizar nas redes sociais -  onde está seu público potencial de eleitores – arrastará a legenda. Mas pode ter problemas. E se a Nacional agir na canetada no Tocantins (Roberto Freire já tirou do PPS um governador do peso de Blairo Maggi) poderá enfrentar na Justiça comum a retomada do comando por Eduardo do Dertins e um diretório que ele controla. Manoel Queiroz, oposição ao Palácio, tem a minoria, como se sabe.

 

PV/PT/PROS e PPS de olho nos proporcionais

 

O desenho que começa a se formar no entanto é o de uma aliança leve e simpática ao eleitorado que não quer mais do mesmo e cansou de ver sucederem-se no comando do Araguaia as famílias Siqueira e Miranda.

 

Vejam só: o PT da presidente Dilma, conversa com o PV de Marcelo Lelis, com as bênçãos de Santana, José Roberto e de um diretório onde Donizeti não dá mais as cartas sozinho. Para o ex-presidente no entanto a aliança também é simpática: viabilizaria com chances de vitória uma candidatura sua a federal.

 

O PROS tem dois pré-candidatos fortes a procura de uma coligação viável: Sargento Aragão e Eli Borges. O PV tem Freire Jr. O PTN pode ter Cinthia Ribeiro ou José do Lago Folha Filho a federal. E o PPS tem Paulo Sidney. Mesmo que este prefira uma candidatura a estadual, como tem assumido nas rodas, pode ser alçado a um vôo mais alto. Ainda mais que o compromisso que tem é com Beto Lima e Silva, que está num PR que marcha a passos largos para se aliar ao governo.

 

Se não faltar juízo ao grupo que de fato vem construindo uma alternativa de mudança, a oposição menos comprometida com as estruturas que já governaram o Estado corre o risco de começar a escrever uma nova história.

 

Com tudo que implica a decisão de Mário Lúcio -  estar num partido que o governo comanda indiretamente no Tocantins – seu passo de filiar-se e reafirmar candidatura ao governo engrossa o caldo de um grupo que tem tudo para crescer.

 

Afinal, o governo já se conhece: nos métodos, estrutura financeira e forma de fazer política. A oposição tradicional, embora tenha dois dos três nomes mais bem avaliados pelo eleitorado -  Marcelo Miranda e Kátia Abreu – está imersa nos problemas criados pelos “companheiros”.

 

A faca e o queijo estão na mão dos novos há  pouco mais de seis meses da eleição.

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