Decorada depois de três anos de escuridão quase que total – ressalvadas as iniciativas de moradores e comerciantes em iluminar seus recantos - a capital respira um clima melhor neste dezembro. É um dos legados da nova gestão que assumiu o Paço em janeiro passado.
Se em contraponto às estrelas de Amastha, ainda vemos a Praça dos Girassóis no escuro, assim como quase todas as sedes de secretarias de Estado, há por outro lado um movimento silencioso acendendo outras luzes por aí.
São as pessoas comuns, buscando cartas para Papai Noel nos correios. Ou associações de servidores, como os do Sebrae na porta de supermercados arrecadando alimentos. E ainda outras, diversas outras caixinhas pela cidade - e não só em Palmas - reunindo roupas e todo tipo de donativos para levar aos que não têm condições para comprar, presentes para seus filhos.
Caminhando por Palmas e observando nos últimos dias esse movimento espontâneo dos que acreditam no Natal como um momento de solidariedade e de amor ao próximo, percebi a revolução silenciosa dos que têm menos. E um exemplo tocante chegou semana passada aqui na redação.
300 luzes em Pinheirinho
Maria Dalva, é o nome de uma moça de 35 anos, ASG (Auxiliar de Serviços Gerais) da prefeitura de Palmas, que vem fazendo um trabalho de formiguinha. Ela ganha pouco e é mais uma anônima na multidão. Sem cargo, sem grandes salários, sem a obrigação de fazer, ela decidiu acender luzes. Só que no coração das crianças da sua comunidade, a Comunidade Pinheirinho.
Uma invasão, feita de barracos de lona, papelão, placas de metal e uma infinidade de materiais reaproveitados e restos de construção. Fica próximo ao Aureny III, região sul de Palmas, que dá acesso ao aeroporto.
É uma comunidade dispersa, contou ela à repórter Hérica Rocha, do T1 Notícias. Para dar um aviso importante ou chamar uma reunião – pasmem - eles usam o artifício de soltar um foguete e então reunir as pessoas.
E foi assim que ela chamou as mães há algumas semanas para pedir que as crianças escrevessem cartas com pedidos de presentes de Natal. Foram 300 pedidos entre brinquedos e materiais de construção. Com o saco de mamãe Noel cheio de cartas, Maria Dalva foi à luta no seu local de trabalho. Encontrou outros corações solidários. E já tinha, na data desta reportagem, 290 presentes arrecadados.
Num momento em que o cidadão comum anda desacreditando dos políticos e dos que têm a obrigação de fazer mais, mas pouco fazem, o exemplo de Maria Dalva fala a silenciosa língua dos anjos.
Ela integra a multidão dos invisíveis. Pessoas simples que têm pouco, mas se misturam à multidão como formiguinhas e acabam dando exemplos gigantes de transformação da realidade.
Que as luzes do Pinheirinho ajudem a acender outros gestos de amor neste dezembro de Natal.
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