A mentira, a ofensa e a intimidação na Casa do Povo

O slogan da instituição Assembléia Legislativa foi traído na manhã desta quarta-feira, 17, por mais que pelo menos três deputados fizessem de tudo para impedir.

Wanderlei na tribuna: acusações ao T1 e à editora
Descrição: Wanderlei na tribuna: acusações ao T1 e à editora Crédito: Lourenço Bonifácio

 

Usando a tribuna e os microfones daquela que deveria ser a “Casa do Povo, Abrigo da Legalidade”, os deputados Wanderlei Barbosa, inicialmente e Stálin Bucar em seguida, usaram da mentira, da ofensa, das palavras de baixo calão para atingir a mim e a este portal de notícias.

 

Não deixo aos nossos leitores nenhuma dúvida: processaremos mais uma vez o deputado Stálin Bucar. Digo mais uma vez, por que já o processo pelas palavras injuriosas ditas daquela tribuna ano passado, com fortes repercussões na mídia e nas redes sociais.

 

Sem argumentos, Wanderlei mente

 

Processarei também o deputado Wanderlei Barbosa pela clara tentativa de intimidação, pela mentira propagada aos quatro cantos do mundo via TV Assembléia, quando afirma entre outras coisas que eu o acusei de terrorismo e que eu detonei propositadamente bomba em minha casa, para prejudicá-lo.

 

Em meu favor tenho os fatos, as matérias documentadas à época, a termo lavrado pela Polícia Militar que atendeu a ocorrência em minha casa na sexta-feira, 26 de setembro de 2008. E as testemunhas. Os que saíram para a rua quando ouviram o estrondo, os que ouviram da boca de Wanderlei uma história diferente da que ele contou semana passada e repetiu hoje na tribuna daquela Casa.

 

Eu nunca acusei Wanderlei de ser o mandante, já em 2008, daquele ato. Diante de um título mal colocado numa matéria do Portal CT, à época, imediatamente pedi ao jornalista Cléber Toledo a correção, via email, e a nota foi publicada, embora o título original errado lá permaneça, nos últimos 5 anos, sem correção.

 

Mas não cansarei meus leitores com detalhes de um fato passado, sobejamente registrado e que para mim – vítima do ato criminoso – já estava superado.

 

Quero falar aqui do dia de hoje. Deste 17 de abril, em que todos os limites da ética, do decoro e da moralidade foram ultrapassados naquela Casa de Leis. Não para dar lugar ao “debate democrático” ao qual se referiu a deputada Solange Duailibe, jornalista de formação ao se solidarizar com Barbosa e sua família. Mas para ferir, para ofender, para tripudiar, para humilhar, para imputar falsa prática de crime.

 

E por que o deputado Wanderlei me ataca tão desesperadamente? Por que o deputado Stálin Bucar utilizou para comigo dos termos “pilantra”, “picareta”, “psicopata”?

 

Ataques querem calar o veículo e jornalistas

 

Por que o jornalismo que faço incomoda. É um jornalismo que me arrancou do terceiro lugar nos acessos no começo de 2010, para o primeiro ao final de 2011 e novamente em 2012. É o jornalismo que denuncia mazelas, mas que também presta serviço de utilidade pública e defende bandeiras importantes para a sociedade.

Um trabalho feito por uma empresa que neste intervalo de tempo – o deputado não conta -  serviu para ser contratada pela sua gestão na Câmara de Palmas para divulgar seus atos, quando ele buscava projeção para deixar o cargo de vereador e ocupar vaga na Assembléia. 

 

No caso de Wanderlei - que vende aos companheiros parlamentares a versão de que está “desabafando” sobre uma perseguição pessoal da qual ele e sua família seriam vítimas -  trata-se de questão de interesse público. Que envolve cargo público, dinheiro público.

 

Recebemos uma denúncia via email. Outros veículos também receberam. O repórter Eduardo Lobo checou. Confirmou a nomeação de Yghor Leonardo Castro na prefeitura de Palmas com salário acima de R$ 5 mil. Ligou para o gabinete do pai. Confirmou que ele despacha lá. Foi informado de que o mesmo estava ocupado despachando. Ouviu o pai que não negou o fato. Buscou a versão da prefeitura que o emprega. E publicamos tudo. Onde está o ataque à família?

 

Antes da matéria ir ao ar - e observando a agressividade do deputado no vídeo, sua tentativa de nos rotular como imprensa paga a mando do seu “fogo amigo” - ainda tomei a iniciativa de ligar para ele, esclarecê-lo, enviar o email à sua assessoria documentando de onde partiu a denúncia. E publicamos a nota na íntegra que eles nos enviaram.

 

Estou pronta para responder em qualquer tribunal sobre o nosso trabalho.

 

A ira pelos ecos da Inconfidente

 

O deputado, que me atacou na semana passada, voltou a me atacar nesta semana.

E abriu espaço para outro ataque vil, sorrateiro, mentiroso. O do deputado Stálin Bucar.

E o que este outro senhor tem contra mim? As matérias publicadas sobre a Operação Inconfidente. Um artigo onde abordo o fato de que ele, por ser pai de um dos investigados, usava a tribuna e o mandato para agredir autoridades públicas. Usava o público para defender o privado. E não faltei com a verdade.

 

Quem apontou Stálin Beze Bucar no processo da Inconfidente não fui eu. Quem disse que sua cliente não existe, não fui eu, mas o então secretario de Segurança Pública, João Costa. Para derrubar os delegados do caso e invalidar as provas colhidas no processo, o deputado moveu contra eles, o secretario, o governador, uma ação. Que foi arquivada há poucas semanas. Nós somos o meio, não a mensagem. Nós divulgamos fatos, não os forjamos.

 

Mas sou eu quem responde até hoje pela ira que o deputado alimenta quanto a isto. Por que tive a coragem de publicar. De questionar. De dar uma opinião. Nunca acusei seu filho de chefiar bando. É outra das mentiras que ele desfia sem corar a face, do alto de sua imunidade parlamentar. Numa tribuna onde não há o direito de resposta como existe aqui, e sempre lhes foi dado.

 

O que querem estes dois deputados? Que não se fale sobre eles, a não ser para elogiar. Que se ignore os fatos que envolvam membros de suas famílias.

 

Isto é possível? É evidente que não. Os fatos são públicos, os entes questionados, servidores públicos. Ou pelo menos deveriam ser servidores do público.

 

“Todo poder emana do povo e em seu nome deve ser exercido”. A máxima que deve guiar quem se propõe a ser representante do povo foi esquecida. Jogada na latrina do baixo palavreado por quem não admite questionamento. E distorce tudo para aí sim, se vitimizar.

 

O deputado Stálin Bucar moveu contra este portal uma ação questionando um erro numa matéria. Erro aliás, cometido por um repórter, não intencional, técnico e que foi prontamente corrigido. Sua ação terminou arquivada.

 

Diferente disto, a minha contra ele, pelas palavras das quais utilizou-se para me atacar, intimidar, constranger e humilhar da Tribuna da Assembléia, onde o deputado Eli Borges presidia a sessão, não foi esquecida e ainda percorre os tribunais.

 

O deputado Wanderlei Barbosa afirma que eu o acusei de terrorismo. Foram estas suas palavras. Suas, não minhas. O boletim de ocorrência 1557/2008 está guardado, assim como o relatório das audiências que se seguiram a ele. Já a acusação do deputado contra mim, à época, por suposta calúnia, foi abandonada por ele e arquivada.

 

Sempre estive e continuarei à disposição da justiça para responder por minha vida profissional. Eu a construo há exatos 29 anos, desde que entrei na primeira redação de jornal para desempenhar a função de repórter, lá em Goiás. Aqui no Tocantins estou há 22 anos, como bem lembrou o deputado Marcelo Lélis, ajudando a construir uma cidade, um Estado e documentando sua história.

 

Nunca fui condenada por qualquer linha que tenha escrito ou publicada. Processo por matéria ou expressão de opinião, vim conhecer no Tocantins.

 

Três vozes pedem por respeito e equilíbrio

 

Na tribuna da Assembléia neste revoltante 17 de abril, ouvi as vozes da deputada Josi Nunes, do deputado Marcelo Lélis e do deputado Freire Jr. se levantarem para  pedir equilíbrio, respeito, decoro.

 

Que elas possam, embora minoritárias, servir de instrumento para despertar a Casa do Povo para o absurdo que é ser palco de um ataque tão vil à pessoa humana, à mulher, à profissional. E grave: à liberdade de imprensa.

 

O que Wanderlei e Stálin querem é calar a imprensa que os incomoda. Querem pessoalizar. Da minha parte não conseguirão.  O portal continuará a publicar tudo que lhes envolva, desde que seja de interesse público. De minha parte, seguirei tratando com eles no espaço adequado: a justiça.

 

Volto ao trabalho com a intenção de não incomodar mais meus leitores com este assunto. Vamos aos fatos, às notícias e seus desdobramentos.

 

Quem não quer responder pelos seus atos, saia da vida pública. Os que por outro lado arrastam seus parentes para cargos e empregos públicos devem saber que os estão submetendo à visibilidade e consequências para seus atos que isto traz.

 

Eu não atropelei ninguém e deixei o local sem prestar socorro. Eu não estou nomeada na prefeitura sem prestar expediente. Nem é meu nome que está incluído no rol de um processo de páginas e páginas de uma investigação por fraude em saques nas contas de pessoas falecidas.

 

Sou jornalista. E das boas. Não me peçam para pedir desculpas por exercer com afinco o meu trabalho.

(Atualizada às 17h56)

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