A sucessão em Palmas e o vácuo da inelegibilidade de Raul

Com a real possibilidade de que Raul Filho não participe do processo eleitoral este ano, novos cenários começam a se formar num momento em que apenas Amastha e Cláudia têm pré-candidatura confirmada

Ex-prefeito Raul Filho
Descrição: Ex-prefeito Raul Filho Crédito: Bonifácio/T1Notícias

O processo sucessório do prefeito Carlos Amastha (PSB) em Palmas dá sinais de que pode caminhar para a polarização entre duas pré-candidaturas já postas, a contar como fato político que vai se consolidando, a falta de condições de elegibilidade do ex-prefeito Raul Filho, pré-candidato do PR ao Paço Municipal.

 

A candidatura natural é a da reeleição do próprio prefeito, que carrega bons resultados de gestão em vários quesitos e a rejeição provocada na mesma vertente, pela forma de administrar a capital.

 

A segunda pré-candidatura mais organizada, com musculatura própria e trabalho de articulação nas ruas, é a da vice-governadora Cláudia Lelis, que carrega o capital político acumulado pelo marido, presidente do PV, Marcelo Lelis, durante os anos de mandato de vereador e deputado estadual com forte representação na Capital.

 

Raul Filho vem pontuando bem nas pesquisas até aqui publicadas (o que não quer dizer que sejam todas sérias ou críveis), basicamente pelas qualidades de político, enxergadas por uma parcela significativa da população, em especial na região Sul. Se sua candidatura ocorresse, no campo das possibilidades, seria confrontado com tudo que ocorreu nos oito anos de gestão, que não terminaram bem. Isso em contraponto com a capacidade de envolver as pessoas, já que seu forte é a popularidade, especialmente nas classes C e D.

 

Com vários nomes colocados no campo das candidaturas hipotéticas por pequenos partidos, o cenário de Palmas carece, no entanto, de uma terceira força com chances reais de se colocar de forma organizada no processo eleitoral, proativa, com discurso e propostas críveis.

 

O PMDB, segundo nota e foto divulgadas esta semana, parece ter uma ala que ainda aposta na possibilidade de construir uma pré-candidatura em torno do deputado estadual Valdemar Júnior. Uma ala, em contraponto com pelo menos duas outras. A cara do PMDB.

 

O PEN lançou o nome do Sargento Aragão, ex-deputado estadual. A deputada Luana Ribeiro colocou também seu nome pelo PDT e faz seu trabalho interno para construir e viabilizar sua candidatura à prefeitura da Capital. O PT lançou o deputado José Roberto. O Prós ainda não sabe se terá candidato e tendo, se será Eli Borges ou Júnior Geo. O PRB ensaia o lançamento do empresário Fabiano do Vale, presidente da Acipa. O PPS lançou o nome de Tom Lyra, que também enfrenta resistências e divisão interna.

 

Resumindo: um leque de possibilidades que não demonstraram ainda a consistência de Amastha, Cláudia Lelis ou mesmo Raul, que sem sucesso em duas estratégias adotadas para tentar reverter a inelegibilidade, ficará dependendo da boa vontade do STF para, liminarmente, conseguir disputar uma eleição. Candidato com liminar, como se sabe, não gera segurança, de forma que o PR poderá buscar outros caminhos. Assim como ouve-se nos bastidores que o próprio ex-prefeito estaria estudando um plano B.

 

Grupo Siqueira busca alternativas dentro do processo

Com  o vácuo da possível retirada de Raul deste processo sucessório, cresceu nas ruas nas últimas duas semanas no banco das especulações, a aposta em uma possível candidatura de Eduardo Siqueira Campos. Que foi prontamente negada pelo próprio. Nas sondagens, o nome do ex-deputado Eduardo Gomes, que perdeu as eleições ao Senado, com expressiva votação na Capital, tem sido colocado como alternativa melhor que o xará, que o iniciou na vida pública.

 

Dia destes, um convite do ex-governador Siqueira Campos ao vereador Lúcio Campelo para que fosse à sua casa, logo que circulou a certidão de direitos suspensos do ex-prefeito Raul Filho, colocou mais lenha na fogueira das especulações. Campelo seria o segundo nome do PR para postular a vaga de prefeito. Siqueira teria o chamado para discutir um possível apoio a Eduardo. Que na possibilidade de eleição abriria vaga definitiva para Solange Duailibe na Assembleia Legislativa, onde ocupa suplência.

 

Desmentida a pretensão de Eduardo Siqueira, outra chapa foi lançada nos bastidores: Siqueira prefeito e Solange de vice. Prontamente descartada também pelo próprio Eduardo, o que é crível, já que o deputado tem sido porta-voz do pai, assim como sua assessoria tem assinado as recentes notas de Siqueira de apoio ao impeachment e a Michel Temer.

 

Como as eleições deste ano têm o condão de pré-traçar o cenário de 2018 ao governo, crescem as expectativas sobre onde o grupo siqueirista, ou o que resta dele, descarregará seu capital político de fundador da Capital.

 

Esta é a pergunta que caminha lado a lado com outra: para onde irá o apoio (e os votos) de Raul Filho, uma vez fora do processo como candidato?

 

Este é o xadrez desta segunda quinzena de maio, num ano atípico de eleição, em que a campanha de fato é mais curta: vai durar praticamente 45 dias...

 

Uma coisa é certa: no vácuo e na indecisão, crescem neste momento apenas os que já estão com trabalho e nome nas ruas. Sem amadorismo.

 

(Atualizado às 11h46)

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