No meu quarto dia de isolamento social voluntário, o celular não para.
São servidores públicos reclamando de ter que trabalhar, sem nada para fazer, em repartições públicas onde o cidadão não vai mais, aglomerados.
Chega comunicado de que falta luvas, falta álcool gel, faltam produtos de limpezas em unidades hospitalares.
E gente com sintomas de contaminação continuam indo para as UPAS, onde existem pacientes frágeis com outras sintomatologias, correndo o risco de alastrar na capital a contaminação comunitária.
O vírus está no ar. Basta conferir os últimos números de suspeitos notificados pela Cidade de Palmas. E a multiplicação do número de cidades no interior onde começam a ser notificados suspeitos.
Com dois casos confirmados no Estado, os dois são de pacientes que buscaram a rede privada. Lá onde existiam os testes. O laboratório Sabin, que fez os primeiros, já não faz mais. Os kits acabaram e o Estado ainda espera os 250 da rede pública chegarem.
O fato é que convivemos com um ambiente de subnotificação de casos em Palmas. Se não há testes para todos no grupo de riscos e se não tem como testar todos os que estão com sintomas, estamos à beira de uma explosão nos próximos 15 dias.
É um abril sombrio o que nos espera.
E o que ainda precisa ser feito e não foi?
Criar uma nova dinâmica para funcionamento dos órgãos públicos. Quem não é necessário deve ficar em casa.
Os serviços essenciais podem ser operados por servidores em caso de isolamento.
Para combater as fake News a Sesau precisa mostrar os estoques de máscaras, luvas e produtos de higiene e segurança que estão ofertando ao pessoal da Saúde.
Mães, gestantes às vésperas de parto, precisam de ambiente de segurança hospitalar reforçado no Dona Regina.
E a fome, que começa a chegar para crianças sem aula e famílias sem trabalhar?
Outra frente que precisa ser urgentemente combatida é a da fome.
Ambulantes vivem do que ganham. Crianças em casa há mais de uma semana. Na zona rural e nos bairros de população socialmente frágil, passa da hora do Município “acudir”, quem já está em necessidade extrema.
É preciso adquirir cestas básicas com urgência e usar os cadastros de ambulantes, assim como criar polos de distribuição de cestas básicas nas escolas, para as famílias de estudantes.
E a população de rua, significativa em Palmas? É necessário que o poder público recolha essas pessoas e abrigue até a tempestade passar. Use os recursos do restaurante comunitário e forneça sopão, alimentação básica para essas pessoas.
Enfim, urgem medidas.
Mas o que mais preocupa é a morosidade dos prefeitos no interior. Essa idéia, equivocada de que o vírus não vai chegar lá. Já está chegando. Em muitos locais já chegou.
É preciso usar a inteligência, desenvolver estratégias, pensar novas saídas todos os dias.
O governo do Estado e a prefeitura de Palmas foram ágeis, mas falta muito ainda para controlar a situação. E a população precisa ajudar.
Fiquem em casa. E cobrem os governantes da sua cidade nas redes sociais e no Whatsapp.
Por aqui seguimos firmes e vigilantes. Cobrando, sugerindo e vigiantes.
Comentários (0)