Aliado de Temer, Marcelo é cobrado e reclama do tratamento de Dilma a Dulce

Recentes posições de Dulce Miranda e Josi Nunes em favor das articulações pelo impeachment da presidente Dilma foram cobradas pelo Planalto ao governador do TO, que alegou "frieza" de Dilma com Dulce

Marcelo Miranda e Michel Temer
Descrição: Marcelo Miranda e Michel Temer Crédito: Foto: Da Web

A disputa pelo comando do PMDB no Tocantins, dividida entre os grupos do governador Marcelo Miranda e da Ministra Kátia Abreu, tendo como representante do Palácio o presidente Derval de Paiva, só será definida em março, data da convenção nacional do partido. Lá, o embate entre o grupo do vice-presidente, Michel Temer - respaldado pelas duas deputadas federais do PMDB, ligadas ao governador - e o grupo de Renan Calheiros, Picciani e outros, aliados da presidente Dilma, vai definir a situação do PMDB no Estado.

 

As recentes posições adotadas pela primeira-dama e deputada federal Dulce Miranda (PMDB) e pela deputada federal Josi Nunes (PMDB) -  que assinaram lista em apoio ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB) em favor do impedimento da presidente Dilma - repercutiram negativamente no Palácio Alvorada. Questionado por interlocutores da presidente sobre as ações contraditórias, uma vez que tem dado declarações públicas contra o impeachment, Miranda justificou que a postura de Dulce acontece após a vinda da presidente a Palmas, em evento com empresários no Hotel Céu, na abertura dos Jogos Mundiais Indígenas, em que Dilma teria “tratado Dulce friamente” e não teria citado seu nome ao cumprimentar os presentes.

 

A informação, no entanto, não é confirmada por autoridades presentes à reunião. Ali Dilma não teria citado nominalmente nenhum deputado federal. Um dos presentes disse em off ao Portal T1 Notícias que a Ministra Kátia Abreu sim, teria deixado de nominar a primeira-dama durante os cumprimentos.

 

Questionada a respeito do comentário, a senadora Kátia Abreu negou ter sido deselegante de forma intencional: “jamais”,  disse a amigos, lembrando que não citou sequer o filho, deputado Irajá Abreu, pois ao fazer os cumprimentos acabou iniciando seu discurso e esquecendo as nominatas. 

 

Naquela noite, no jantar oferecido a presidenta na casa da Ministra em Palmas, o governador compareceu sozinho e justificou que a primeira-dama estaria em outra agenda, com convidados de outros Estados. Marcelo estava visivelmente desconfortável no retorno à chácara da aliada de 2014, conforme registramos aqui. Josi Nunes, por sua vez não foi convidada. Um assessor da deputada teria ido até a chácara para confirmar a inclusão ou não da deputada na relação de convidados e confirmado que ela não integrava a restrita lista.

 

O argumento de Miranda aos interlocutores de Dilma foi entendido como um subterfúgio, já que a deputada Dulce Miranda já havia assinado documento em apoio a Cunha, na posição anti-Dilma, na semana anterior, com publicação pela Folha de São Paulo, de foto que gerou controvérsias, na capa do jornal paulista.

 

Rompidos no final do ano passado, antes da posse de Miranda, o governador e a senadora se esforçaram para manter a relação institucional durante o ano que passou, mas devem se enfrentar novamente em março, avaliam fontes do partido. “Na verdade nesse embate dos aliados de Dilma e os de Temer, que passou a trabalhar pelo impeachment, o Marcelo escolheu ficar com o Temer, porque derrubar a presidente hoje é derrubar a ministra”, disse ao portal uma fonte da Câmara, ligada à cúpula do PMDB.

 

O consenso que domina as rodas em Brasília nesta penúltima semana do ano, é que a guerra não está ganha por nenhum dos dois lados, mas a presidente ganhou força nos últimos dias e fôlego, com a decisão do Supremo Tribunal Federal de validar a posição do Senado como Câmara Alta, cuja decisão prevalece sobre a da Câmara neste caso.

 

Se os aliados de Michel Temer conseguirem novo fôlego contra a presidente Dilma, Marcelo Miranda tem a garantia do vice de que terá o comando do PMDB no Estado, isolando a senadora, hoje ministra.

 

Caso ocorra o contrário e a presidente Dilma Rousseff contorne a crise, garantindo o mandato, estará decretado o enfraquecimento de Michel Temer, na República e dentro do PMDB. Trabalhando dia e noite em favor da presidente dentro e fora dos quadros do PMDB nacional, ninguém duvida que Kátia Abreu sairá fortalecida. 

 

Já Marcelo Miranda, pelo que se escuta nos bastidores, fez uma aposta alta, que coloca o comando do PMDB local acima dos interesses do Estado, que é pobre e passa por uma crise nunca vista antes. Governadores de Estados mais ricos, como o tucano Geraldo Alckmin, têm sido mais prudentes.

 

Nesta disputa, como sempre, o tempo mostrará quem vai levar a melhor. No caso do Tocantins, a data é março.

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