Amastha governa, cumpre promessas e incomoda demais…

Faltando menos de 100 dias para os Jogos Mundiais Indígenas, movimentando obras e a programação de férias da Capital, Carlos Amastha segue no alvo de adversários há mais de um ano das eleições...

Prefeito vistoria obras na Capital
Descrição: Prefeito vistoria obras na Capital Crédito: Secom Palmas

Este mês de julho, quente e lento, quebrado pelo silencio das tribunas que silenciaram com o recesso, testemunha um fenômeno curioso em Palmas: a antecipação, nas redes sociais, de uma discussão quase eleitoral, que antecipa a campanha do próximo ano para prefeito de Palmas.

 

Pré-candidatos se movimentam para aparecer, ocupar espaços e o meio mais fácil é tentar se contrapor ao prefeito que governa o Paço, dividindo agenda entre os jardins do antigo AMA, seu gabinete verde, e o topo do edifício locado na JK, onde um super lead passa as mensagens da prefeitura nas noites também quentes da Capital.

 

A agenda da cidade não pára. Em evento na tarde de ontem, quarta-feira, 15, Amastha lançou o programa Guarda Quarteirão, um reforço à segurança do palmense nas quadras residenciais da capital. A sensação de segurança é baixa na cidade, graças a um baixo efetivo da PM, que se vira como pode, carente de um concurso que coloque mais soldados nas ruas das cidades de todo o Tocantins. A violência é uma realidade, com assaltos à mão armada à luz do dia.

 

Não há de se esperar que guardas cumpram o papel da polícia. Mas o interessante é que o prefeito avança na lista de promessas que fez em campanha, lá em 2012, quando ganhar as eleições era um sonho quase impossível.

 

Obras: dos prefeitos, ou do povo?

 

Falando de obras, a crítica que mais é usada contra a gestão do colombiano Carlos Amastha, é que está maquiando a cidade. Que inaugura obras que não são suas. Ou reforma e reinaugura.

 

Há aí um grande paradoxo. É preciso perguntar que tipo de gestor a população prefere: o que termina as obras que o antecessor deixou paradas ou inconclusas, ou aquele que as ignora e começa outras, as suas, por vaidade pessoal. Muitas vezes sem saber se terá recursos suficientes para terminar.

 

“Ah, o Amastha está terminando as obras do Raul”, ouve-se por ai. Que bom, não? Ou era para deixar perder o dinheiro parado na Caixa por falta de aprovação de projetos, como foi o caso de obras de drenagem e programas habitacionais? Ou quem sabe deixar voltar recursos na inanição tão comum a outros gestores que se vê por aí.

 

No Twitter dia destes, a ex-deputada e ex-primeira dama da capital, Solange Duailibe entrou numa discussão sobre a falta da construção de um Hospital Municipal, um Pronto Socorro -  este também objeto de promessa de Amastha em campanha, que depois foi retirada - e aproveitou para torpedear: “ele não conseguiu construir uma USF na gestão dele, imagine um hospital”.

 

No relatório de obras que recebi da Secretaria de Infra Estrutura e Serviços Públicos no mês de maio, constam nove obras  de Unidade Básica de Saúde concluídas na atual gestão, do Taquari à 403 Norte, mais duas reformas e a construção da UBS de Buritirana.

 

A posição da ex-primeira dama é compreensível: defende a gestão do marido, ex-prefeito Raul Filho(PR), que elegível, é hoje quem tem maior capital político e administrativo para contrapor-se à gestão de Amastha. Já anda nas ruas, e em reuniões de bairro, alimentando a chama da esperança no seu antigo grupo, que permaneceu durante oito anos no comando do Paço.

 

Mas queiram ou não os adversários, a Saúde em Palmas melhorou e a UPA Norte - que Raul também não concluiu - é hoje o melhor espelho de um atendimento humanizado na capital. O ex-prefeito, ainda no PT, conseguiu deixar inaugurada a UPA Sul, muito bem estruturada, antes de deixar a prefeitura.

 

Se Raul conseguirá ou não viabilizar-se eleitoralmente é outra discussão. Um cenário que só ficará mais claro ano que vem, quando soubermos quem poderá de fato disputar a prefeitura de Palmas. Se Gaguim, por exemplo, será candidato mesmo, ou é apenas um nome das ruas para fortalecer-se ao Senado em 2018. Se Marcelo Lélis resolverá seu problema jurídico e viabilizará candidatura. Entre outras possibilidades…

 

O fato é que Amastha tem enfrentado o fogo cruzado dos incomodados, dos desacomodados de posições confortáveis em que estavam anteriormente, e dos inconformados com seu jeito de ser e de agir.

 

A prefeitura inteira trabalha em várias frentes de obras que de fato não assumiu uma só bandeira -  como Raul fez, por exemplo, com a Educação - e o prefeito capitaliza para si, como bom marqueteiro que é, os louros da gestão que faz.

 

Carga tributária, servidores e os informais: a pedra no sapato

 

Se por um lado temos uma gestão que limpou a cidade e cuida dela diariamente -  com um custo altíssimo, dada sua extensão - que realiza obras civis e de infra-estrutura de Norte a Sul e mantém uma gama de rede de serviços atendendo o cidadão, nem todos estão satisfeitos.

 

As críticas e os ataques à gestão de Amastha que partem de antigos aliados, como o deputado Wanderlei Barbosa e o ex-deputado Sargento Aragão, e de adversários históricos como o presidente do PV, ex-deputado Marcelo Lélis, vão ganhando eco na classe média palmense.

 

Foi ela quem mais sofreu com os aumentos de impostos (IPTU) e taxas. Regularizar um imóvel hoje custa o triplo quase que na época de Raul. A planta de valores que deu margem ao aumento de IPTU ficou irreal em muitos casos e deve ser revista. 

 

A arrecadação própria cresceu muito para fazer frente ao volume de obras e investimentos, mas decisões polêmicas e impopulares vão gerando um ressentimento já possível de se detectar nas ruas. É contra o Amastha que taxou o estacionamento público e forçou a regularização de pequenos e micro empreendedores que muitas vozes já começam a se levantar.

 

No meio dos servidores municipais, o clima não é tão favorável também ao prefeito. Mesmo com salários em dia, pagos religiosamente e muitas vezes antecipadamente, data-base em dia, progressões avançando e muitos investimentos, Carlos Amastha se viu bombardeado dia destes por conta da lei que aprovou a contratação de monitores para salas de aulas em CMEIS, sem que necessariamente tenham que ser professores. Afinal, vão assessorar o trabalho dos regentes de sala.

 

Uma coisa simples, fácil de compreender, que já funciona assim na rede privada. E com uma lógica adicional de que a rede cresce e a prefeitura precisa contratar servidores que ela possa pagar, cumprindo sua obrigação de dotar esses CMEIS de profissionais que possam garantir seu funcionamento. O assunto no entanto rendeu cavalo de batalha. É sempre mais fácil criticar, para quem não tem a caneta na mão e a obrigação de tomar decisões difíceis.

 

Incomodando muito

 

Vejo a esta altura dos acontecimentos, que Carlos Amastha vai fazendo o dever de casa, dedicando-se mais aos resultados de sua gestão, do que ao bate-boca que tantos dissabores já lhe rendeu nas redes sociais. Do colombiano que venceu as eleições na onda anti-Siqueira, caminhou muito. É colombiano sim, mas brasileiro por opção, naturalizado há mais de décadas e palmense por opção. Este argumento do estrangeiro, que tanto foi usado e pesou contra ele na primeira disputa, perdeu o sentido faz tempo. Não funcionou da primeira vez e dificilmente funcionará ano que vem.

 

O fato é que mesmo aliando-se pontualmente a antigos adversários -  como quando buscou o apoio do governo Siqueira Campos e recentemente o de Marcelo Miranda, a quem fez oposição ano passado - e tendo buscado recentemente uma aliança com o PSD de Irajá Abreu e a ajuda da Ministra Kátia Abreu, Amastha ainda consegue manter um perfil de político diferente, por várias razões.

 

É isto que incomoda muito no prefeito: faz, promove o que está fazendo e toca pra frente.

 

A campanha chegou mais cedo em Palmas e o ambiente não é dos melhores nas redes sociais. Nas ruas, no entanto, para o bem ou para o mal -  elogiado ou criticado - Amastha governa Palmas com presença e firmeza. 

 

E justiça lhe seja feita: a cidade melhorou muito, sim. O resto, é discussão para o ano que vem. Com eleições de dois em dois anos, pelo menos em ano ímpar espera-se, é preciso deixar quem foi eleito trabalhar.

 

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