As lições da militância do PT

Militância mostra que é a verdadeira força que mantém o PT como um dos partidos mais democráticos nas decisões e na forma de escolher seus representantes no Brasil.

Votação no domingo em Palmas
Descrição: Votação no domingo em Palmas Crédito: T1 Notícias

 

O PT concluiu seu processo de escolha direta de representantes nos três níveis -  nacional, estadual e municipal – no domingo, com apuração no Tocantins finalizada na segunda-feira, 11, dando provas de que ainda é um grande partido em todo País,  apesar do desgaste do tempo, das escolhas que fez e das denúncias de corrupção que advém do fato de ser governo há 11 anos no Brasil.

 

O Partido dos Trabalhadores, mais de 20 anos depois da efervescência que tomou conta das ruas no final da década de 80, ainda vive e respira graças à sua militância mais aguerrida.

 

Nacionalmente, a grande lição do partido é manter a escolha direta para seus representantes partidários como uma grande lição de democracia. O partido construído pelo filiado, com os rumos decidido pelo militante, que sai de casa num domingo para votar. A política vivida por quem gosta dela e se arrisca a vive-la vestindo todos os rótulos, enfrentando todos os preconceitos, e vivenciando debates cansativos e muitas vezes pouco producentes. Simplesmente por que é nisso que acredita. Eu admiro essa capacidade.

 

As lições no Tocantins

 

No Tocantins vimos o ensaio de uma disputa pregada o tempo todo como “acirrada” contra o candidato que tinha o apoio do presidente Donizeti do PT, ex-prefeito de Couto Magalhães, Júlio César, que terminou vencedor do pleito.

 

Encontrei Waldson da Agesp ontem numa reunião entre quiosqueiros e o prefeito e perguntei: “Isso que é disputa acirrada?” Ele sorriu, desconversando entre piadas dos companheiros. “Acho que ele estava ruim de cabo eleitoral”, brincou Amastha, que tem em seus quadros na prefeitura o secretario de Saúde e novo petista Nicolau Esteves, pré-candidato a governador pela sigla.

 

O pano de fundo desta eleição foi o lançamento de Waldson como uma alternativa ao grupo do presidente que se despede, com o apoio de Raul Filho, ex-prefeito de Palmas, que percorreu o Estado com o vereador da capital ao seu lado.

 

Não houve disputa acirrada. Houve vitória maiúscula de Júlio César com o apoio de Donizeti. “O argumento anti-Donizeti não pegou”, avaliou o presidente, que se lançou ontem novamente pré-candidato a deputado federal. Atualmente é suplente.

 

É fato que o PT sob o comando do companheiro do chapéu, encolheu nos últimos anos. Perdeu prefeitos. Tomou decisões que nas urnas se mostraram equivocadas. Se aliou a Gaguim e depois a Siqueira no começo desta gestão na eleição da Assembléia Legislativa e no primeiro ano de governo.

 

Depois se distanciou, para agora decidir com quem quer ir às urnas ano que vem.

 

De novo o PT vai buscar um projeto próprio. Para se fortalecer e ser grande no Tocantins como é em outros estados terá que fazer mais, buscar alianças viáveis. Quebrar o sectarismo. E ir além de Donizeti e Raul.

 

A militância do PT é composta de radicais e liberais, de autênticos e adesistas. Não dá para assinar embaixo de tudo que o partido tem feito no Brasil nos últimos anos. Mas reconhecer a força que tem sua forma de se articular e organizar internamente é imperioso.

 

Num tempo em que partidos são siglas e legendas muitas vezes instrumentos de aluguel, ver a militância indo às urnas num domingo escolher representante é inspirador. Este mérito – de divergir bastante antes da escolha e depois prosseguir – é uma grande lição que o PT ensina a outros partidos.

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