Bastidores de uma rebelião na Câmara: o líder, o traíra e o inimigo oculto

Diversos personagens atuaram para que a criação da Agência das Águas fosse derrubada ontem na Câmara de Palmas, pelo resultado apertado de 8 a 7. Rogério Freitas, Waldson da Agesp, Joel e até Dito...

Clima tenso na base
Descrição: Clima tenso na base Crédito: Lourenço Bonifácio/T1

 

Emblemática essa votação de ontem, quinta-feira, 22 de agosto, na Câmara de Palmas.

 

Pelo movimento dos últimos dias, pelo recado que o grupo “rebelde” manda ao prefeito e pela reação que pode ter de volta, nada será como antes no Quartel de Abrantes.

 

A história da insurgência, que antecipei aqui, num comentário feito há alguns dias ganhou novos contornos e personagens. Vamos a eles, que fica mais fácil para o leitor entender o que aconteceu.

 

O líder da rebelião

 

Nos bastidores, está claro que quem lidera o grupo dos sete (seis apareceram ontem para votar e um se ausentou) é Rogério de Freitas. “Ele achou que aprovar esta agência das águas era uma questão de honra para o prefeito e não era”, me disse uma fonte que garante que Amastha sabia da rebelião e assumiu os riscos de fazer um teste para saber quem é quem.

 

Agora já sabe. Prova disto é que quem fez as articulações dos últimos dias - Adir Gentil – foi confirmado hoje pelo prefeito Carlos Amastha em entrevista ao T1 Notícias como o novo articulador político da gestão junto à Casa.

 

E porque Rogerinho está insatisfeito? Ao que tudo indica, por compromissos não cumpridos. “Ninguém vai votar a criação da agência para agradar a gestão”, disse ele. Em tempos de melhor convivência, Rogério já contrariou amigos para agradar a gestão. Algum caroço tem nesse angu...

 

Waldson e a promessa não cumprida

 

Segundo apurei, até ontem Adir e Tiago Andrino tinham certeza de um voto: o de Waldson da Agesp. Os de Rogério, Emerson, Damaso e Jr. Geo já eram confirmados pelos próprios de que seriam contra. Mas o petista garantiu que votaria com o prefeito até a última hora. Roeu a corda.

 

Nos corredores há quem diga que foi uma resposta do grupo que apoiou Jucelino à presidência e se viu “traído” por Amastha, que teria liberado Major Negreiros para buscar o apoio de Kátia Abreu e Eduardo Siqueira para virar presidente. Waldson era Jucelino. Que por sinal, também votou contra a criação da agência.

 

“Ele é o grande traíra, já mostrou o caráter que tem”,  revela uma fonte ligada a Andrino.

 

Na nova composição que Adir vai buscar, pode não haver mais espaço para Waldson. Afinal, o prefeito não precisa de 16 votos numa Câmara com 19 vereadores. Bastam 12.

 

O inimigo oculto

 

Ontem no final de tudo, me contaram, emergiu das sombras a figura de um adversário oculto: Dito, do Petrolíder, virtual pré-candidato ao governo pelo PMDB, defendido por Gaguim e outros.

 

Ele é quem teria entrado no circuito da Câmara de Palmas e juntado os votos do PMDB para dar uma demonstração de força à Amastha. A conta é simples: o PMDB tem três vereadores: Joel Borges – o líder do prefeito que não apareceu para votar – Émerson Coimbra e o próprio Rogério Freitas.

 

Dito seria a garantia de que os vereadores não terão prejuízo ao se rebelarem. Sua interferência demonstra que o PMDB pode voltar a se articular como grupo, fazendo valer o peso dos seus votos e começando desde agora a interferir no processo de 2014, a partir da Câmara de Palmas.

 

Adir, nada gentil...

 

Do que sobra dos comentários na própria Câmara é que o estilo de Adir é bem menos gentil que o de Tiago Andrino. Este último, sabidamente pré-candidato a deputado federal, perdeu espaço com o embate e a derrota de ontem. Adir assume o comando da política com os vereadores. A pressão de Adir, mais "bruto", que Tiago, é que foi sentida pelos vereadores e deu sentido às declarações de que falta "carinho", da gestão com a base.... Chega a ser cômico.

 

Para garantir reforços, já está no encalço de Eduardo Gomes, o interlocutor que circula com a mesma desenvoltura da sala de Eduardo Siqueira no Palácio Araguaia, até a de Carlos Amastha no verde recanto onde está seu gabinete, ou no topo do prédio da JK.

 

Uma movimentação  no sentido de buscar para base o arqui-inimigo Lúcio Campelo, via Eduardo Gomes já pode estar em curso.

 

Pelo que se vê, muitas águas ainda vão rolar por debaixo desta ponte. De concreto, a criação da Agência das Águas não contou com o voto de Joaquim Maia, ex-funcionário da Foz/Saneatins. Nem contra, nem a favor.

 

Não votou contra, para não azedar o acordo entre a Foz e o prefeito, que já está bem alinhavado. Não votou a favor para não desagradar os colegas de oposição.

 

O alerta também se acende para Kim Maia, que até aqui vinha bem. Para o bem ou para o mal, é preciso ter postura. O eleitor consciente, com certeza cobra.

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