Cabeça fria: o mundo não termina quando esta eleição terminar...

Tem gente achando que dentro de 48 dias o mundo acaba. Não por que acreditem em profecias que associam o fim do mundo ao fim do calendário maia em 2012, mas por que estão apostando tudo numa eleição municipal: amores, ódios, paixões. E perdem a noção

 O Facebook virou palco de agressões verbais pesadíssimas. O Twitter, um ringue onde pessoas que antes se admiravam, ou ensaiavam uma simpática relação virtual, agora se ofendem gratuitamente.

 

No interior então a coisa piora. Cidade pequena, onde todo mundo se conhece, assumir um lado, vestir (literalmente até) uma camisa, é coisa de fazer terminar namoros, possibilidade de casamento, e transformar amigos em rivais, quase inimigos eternos.

 

Na política, como no amor, já perceberam os menos descuidados, a traição é coisa comum. Gente que se odiava há quatro, ou até dois anos, agora se abraça e anda junto. Então para quê matar e morrer, sofrer e se indispor, por gente que amanhã ou depois, vai estar novamente reunida em volta de uma mesma mesa, ou em cima de um palanque? Vale a reflexão.

 

Na última sexta-feira, 17, escolhi ir ao primeiro comício da deputada Luana Ribeiro. De lá tuitei alguns posts comentando as falas dos principais oradores enquanto durou a bateria do meu celular.

 

Do outro lado da cidade, nossa sub-editora de política, Eliane Vieira, cobria o primeiro comício do deputado Marcelo Lélis, candidato a prefeito pelo PV.

 

As matérias foram ao ar na mesma madrugada, duas de cada lado, mas teve gente que estrilou, e na torcida ensandecida, nem respirou direito para ir às redes sociais criticar a cobertura do Portal T1 Notícias. Tem coisa que nem dá para responder, mas fatos como este nos levam a observar, pensar e deixar a dica: menos gente, menos. Daqui há pouco tudo termina e volta cada um para sua vida, mais ou menos interessante.

 

Naquela sexta-feira no palanque, assistindo ao discurso/desabafo do senador João Ribeiro, criticando o governo que ele próprio ajudou a eleger em 2010, fiquei pensando: o que leva um político com a sua experiência a mudar de rumo e de companheiros num intervalo de dois anos?

 

No final fui lá atrás no palanque conversar com ele. É o mesmo João de sempre: simpático, afável, sorridente. Que confirmava: está mesmo triste, decepcionado com o governo que ajudou a eleger.

 

Naquela sexta, naquele palanque, o vi agradecer emocionado o apoio de Marcelo Miranda e Dulce Miranda à Luana. Dois anos antes, num dos últimos comícios da eleição de 2010, escutei aquele mesmo João, pedindo votos para Vicentinho, seu companheiro de partido e de chapa, que no seu entender, era melhor opção que o ex-governador Marcelo Miranda.

 

Conclusão: o tempo passa, o tempo voa. Na política como na vida, desafetos de ontem podem se tornar companheiros de hoje. As alianças e acordos mudam como as nuvens de chuva no céu. As pessoas em política adotam posições tão movediças quanto as areias do deserto.

 

Brigar, então, pra quê? Por quê? Por quem?

 

Não vale a pena, creiam. Valorizem as amizades, mantenham a civilidade, e cabeça fria.

 

Os fatos que são favoráveis a um candidato hoje, podem ser desfavoráveis amanhã. De nossa parte vamos cobrir todos. E tenham certeza: o melhor jornalismo na maioria das vezes desagrada a militância apaixonada.

 

Bom dia, boa semana. Amanhã tem programa eleitoral.

 

Lembrem-se: está apenas começando uma campanha. E o mundo não termina quando ela terminar.

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