O secretário executivo da pasta do Governo, Adir Gentil permanecerá nos quadros da prefeitura de Palmas depois de 24 horas críticas, quando o prefeito Carlos Amastha, decepcionado com ações recentes do secretario, chegou a lhe pedir o cargo.
No papel de bombeiros desta crise, dois agentes políticos foram fundamentais: Tiago Andrino, secretario da pasta e Major Negreiros, presidente da Câmara e vice-prefeito.
Na decisão de Amastha de se entender novamente com Adir e dar uma segunda chance ao secretario executivo que o acompanha desde Santa Catarina pesou mais a relação que ele construiu com a Câmara.
“Seria um grande prejuízo político a saída dele”, confirmou ao T1 na manhã de hoje, o presidente da Câmara, Major Negreiros.
Ele conversou com Amastha no começo da noite de ontem e explicou que a notícia da saída de Adir abalou a base na Casa. É Adir o interlocutor da gestão, depois que Andrino tentou estabelecer uma relação e não conseguiu. De um vereador ouvi ontem: “O Amastha não atende vereador. Ele senta na mesa é para discutir projeto de milhões. Não quer saber de miudezas. Quem conversa com a gente e faz os compromissos é o Adir”.
Mesmo que os compromissos não venham sendo cumpridos a contento, reclamam os da base. Um dos vereadores chegou a dizer ontem ao T1 que a pauta estava trancada até a solução do impasse.
Como a LOA já foi votada hoje, e com acordo com a oposição - Iratã Abreu apresentou cinco emendas amarrando o pagamento de emendas dos vereadores – é sinal de que a crise foi contornada.
Os motivos do abalo
Apesar de algumas publicações explorando uma suposta queda de braço entre Adir e Marcílio Ávila como motivo da crise, as informações levantadas pelo T1 apontam em outra direção, menos pessoal.
O poder de Adir começou a ruir com a confiança colocada em cheque a partir da mudança na pasta que ele ocupava, o Planejamento. O novo secretario passou a levar ao prefeito, todo processo de que tinha dúvidas. E Amastha começou a estranhar as coisas que não sabia.
Duas situações agravaram a crise de confiança: a contratação de uma Oscip para recalcular diretos de trabalhadores no PrevPalmas, feita por Adir. Em 24 horas a tal Organização apresentou relatório segundo o qual faturaria nos percentuais que lhe eram devidos, R$ 2 milhões. Amastha consultou Públio Borges (este, fora da sombra do ex-chefe, vem se revelando uma grata surpresa) e cancelou.
Outra de Adir, que já estava no Diário Oficial esta semana: Oscip para contratação de pessoal. Novamente o prefeito mandou cancelar.
Cheio de ginga e jogo de cintura, Adir vinha fazendo, através de suas dispensas de licitações, um verdadeiro governo paralelo. Com indicações em todas as pastas, fechando uma rede de influência. E na prática, trazendo para fazer negócio na prefeitura seus parceiros. O prefeito, é lógico, espanou. Tudo que Amastha não precisa é de dúvidas sobre a lisura da sua gestão. Foi aí que o caldo entornou.
Marcílio endurece o jogo
A divergência com Marcílio Ávila, no entanto existe, conforme apuramos. Mas é mais de trabalho do que pessoal. Padrinho da Terra Clean (foi ele quem convidou os super hiper mega empresários do ramo de produtos de limpeza a se transformarem em empresários do lixo), Adir vinha usando sua influência para tentar ajudar a empresa responsável pelo maior desgaste da gestão no primeiro ano.
O advogado dos empresários paulistas, numa ligação para a Seisp dia destes, reclamava de mais uma notificação pelos péssimos serviços prestados pela empresa e ameaçou a técnica responsável pelo setor: “eu vou ligar pro Adir”.
Não é segredo para ninguém nos bastidores da licitação do lixo, que a empresa Terra Clean está lançando mão de todas as cartas possíveis para conseguir o atestado de capacidade técnica. Coisa que está claro, não vai acontecer.
Outro problema: nos acordos de Adir com os vereadores estariam R$ 4 milhões em obras de recuperação de estradas vicinais a serem indicadas pelos vereadores da base. “O Adir fez o compromisso com a gente, o Marcílio cortou pela metade”.
Passagem marcada
Deixando a pasta com o argumento da licença médica para tratar do coração e da diabetes que tem, Ávila sai para ficar 45 dias fora, mas deixa a cidade repleta de obras e com a iluminação natalina 80% concluída.
Diferente de algumas interpretações publicadas neta quinta-feira, a saída nada tem a ver com a crise envolvendo Amastha e Adir. O secretário fará uma viagem a Turquia e a Dubai programada há exatos 11 meses, antes de se submeter aos procedimentos médicos (comprou passagens e resrvou vários hotéis).
Seu prazo para ajudar o companheiro em Palmas estava pré-estabelecido no começo da gestão para um ano, mas Amastha já convenceu Marcílio a retornar no próximo ano.
Quanto a Adir, a força de seus aliados na Câmara pesou para contornar a irritação do prefeito e ele ficará. No staff de Amastha no entanto há apenas uma certeza: sem os mesmos superpoderes de antes.
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