O clima de “já ganhou” não é mais o mesmo nas hostes governistas. Pelo menos não há mais “aquela” convicção de vitória no primeiro turno. Dois fatores têm sido importantes para isso. O primeiro é que o governador não foi para a rua, nem sua estrutura foi significativa nestas eleições regulares no mês de agosto como foi na suplementar.
Queda significativa nas consultas internas acendeu a luz amarela no staff mais próximo do governador, mandando o recado de que é preciso mudar a estratégia…
O segundo fator é que Carlos Amastha, a esta altura da campanha, não tem sido adversário fácil. Duas características marcam o ex-prefeito de Palmas nesta campanha: percorre o Estado com paixão e usa de estratégia e inteligência para levar a disputa para o segundo turno, onde vê condições de virar o jogo.
Vejamos como foi Araguaína ontem.
O comício de Mauro Carlesse aconteceu no mesmo dia que o de Carlos Amastha. O governador foi prestigiar o lançamento do federal Tiago Dimas, filho do prefeito Ronaldo Dimas. A coordenação do candidato trabalhou direito: escolheu uma rua estreita e não uma avenida. Usou cadeiras. Montou o palanque ao lado da casa do candidato. O problema: dezenas de oradores para falar entre vereadores, candidatos a deputado estadual. Quando falou Tiago Dimas, o dono da festa, a claque das bandeirinhas e o pessoal convidado da base do candidato começou a dispersão.
Quando o governador falou, o público já era bem menor do que no começo e ao fundo podiam-se ver cadeiras vazias. Isso por que, anfitrião da festa, e pai do candidato a federal, o prefeito Ronaldo Dimas percebeu o clima de cansaço do público e declinou do uso da palavra.
Mauro Carlesse por sua vez tem falado pouco. Discurso rápido com duas palavras-chave: servidor público e progressão. Pagar a folha e manter os benefícios do funcionalismo em dia parece ser a grande proposta do candidato à reeleição.
Pano rápido.
Comício de Carlos Amastha. Num acordo de cavalheiros, nenhum candidato a deputado estadual ou federal falou. Presente, nem o senador Vicentinho Alves - que comemora nos bastidores ter aberto 5 pontos sobre o segundo colocado no tracking da sua coligação - usou a palavra.
Quem foi até o cruzamento da Rua Jatobá, esquina com a Macieiras, no Setor Araguaína, foi para ouvir o candidato a governador Carlos Amastha. E ouviu. Afeito a falar bastante, o candidato do PSB falou, falou e falou. Amastha discursa conversando. Conta história. Ontem contou a sua: de como entrou na política, de por que decidiu entrar, de como começou em Palmas com 2% das intenções de voto e venceu as estruturas tradicionais da política tocantinense.
É uma história boa de ouvir. Acertou no tom e até na crítica ao que considera errado e que aos ouvidos do público já não parece tão ácida ou exagerada. Resumindo, com sotaque e tudo, Carlos Amastha parece estar pegando um jeito de falar que o tocantinense dá conta de ouvir.
O fato é que falou aproximadamente uma hora. E o público ficou para escutar.
Até os mais resistentes admitem que presença de palco e artifícios para prender a atenção o ex-prefeito de Palmas tem de sobra. Por isso o clima de empolgação do grupo que segue o colombiano e aposta que, em Araguaína, nesta quarta-feira, ficou evidente o crescimento da campanha, que pode - bem trabalhado - levar a uma virada.
O benefício de se fazer política com a máquina é que se pode prometer tudo.
O mal é que quando o tempo para cumprir vai ficando longo demais, o desgaste começa a chegar.
Carlesse tem pela frente o desafio de transformar a tal estabilidade em algo mais do que pagar a folha, por que em três meses de governo já ficou claro que dinheiro não estica.
Carlos Amastha pegou gosto, montou uma estrutura com a capilaridade dos líderes em mais de 100 municípios. Mostra que está aí para disputar. E não vai entregar de bandeja.
Senhoras e senhores, a novidade desta eleição pode ser ficar emocionante na peleja para o cargo de governador. Aguardem as cenas da reta final.
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