Com cenário indefinido, tudo pode acontecer nesta eleição em Palmas

Três candidaturas são esperadas desde já: a do Paço, onde Carlos Amastha tem direito à reeleição; a do ex-prefeito Raul Filho, do PR, e a de Claudia Lelis, do PV. Momento difere do vivido em 2012

O ano começo e com ele as discussões em torno da sucessão de prefeitos em todo o Estado toma conta das rodas onde política é o assunto principal.

 

Em Palmas, caixa de ressonância para todo o Estado, o resultado da eleição será um marco para as pretensões de muitos a cargos majoritários em 2018. Ao lado de Araguaína, Gurupi e cidades estratégicas no Bico e no Sudeste, a Capital define a eleição. Os resultados apertados nos últimos pleitos estaduais, tanto a governo, quanto a Senado, mostram um eleitorado em transição.

 

Há mais de três anos, a cidade refletiu um sentimento de rejeição ao grupo que comandava o Estado. Com sua imagem atrelada ao então governador Siqueira Campos e com o comando da campanha terceirizado para o então secretário Eduardo Siqueira, o ex-deputado Marcelo Lelis pagou o preço. Foi visto como uma marionete - não seria ele o dono da caneta - e o eleitorado encontrou em Carlos Amastha o sinônimo dos conceitos de liberdade, independência, que buscava para mostrar que a capital tinha -  e tem -  personalidade.

 

O quadro hoje é completamente diferenciado. Com Marcelo Miranda entrando em seu segundo ano de mandato, ainda sem dar resposta concreta aos problemas encontrados, ainda é prematuro avaliar que influência o quadro estadual terá na campanha da Capital. Não há ainda consolidado, a meu ver, forte sentimento de rejeição contra o governo que venha a prejudicar o candidato ou candidata que receba o apoio do Palácio. Como Miranda estará em agosto deste ano e qual grau de influência terá nas grandes cidades e no interior, ainda é história para ser escrita. Apesar de todos os desgastes já sensíveis na saúde e segurança, dois pontos que penso, constituem hoje o calcanhar de Aquiles do governo.

 

Palmas é uma cidade com personalidade. Seus eleitores acompanham de perto o centro nervoso do poder com suas idas e vindas. É um eleitor que lê política nos sites e debate o que gosta e o que não gosta nas redes sociais. Esse eleitorado disse não à reeleição da senadora Kátia Abreu naquele momento e fez do ex-deputado Sargento Aragão o candidato mais votado ao Senado. O que não quer dizer que votará nele para prefeito após a decepção com as cinco promoções no Diário Oficial num só dia.

 

Saudades de Raul?

Quem olha a Palmas de hoje e relembra a capital em que vivíamos em 2011 e 2012, últimos anos de Raul Filho à frente da gestão municipal, sabe que não há comparação que se possa fazer sem reconhecer a superioridade da gestão pública atual em qualidade dos serviços prestados ao palmense.

 

Carlos Amastha provou ser um gestor acima da média a qual o eleitor tocantinense está habituado. O modo de fazer, no entanto, desagradou. Algumas decisões ainda hoje repercutem mal nas ruas e desagradam. É muito comum, nos bastidores, ouvir que Amastha é excelente gestor e péssimo para fazer política. Embora mais distante hoje dos dias em que provocava adversários e construía desafetos nas redes sociais, o prefeito volta e meia causa polêmicas e ofende pessoas. Esse jeito de ser é que estará em julgamento, ao lado das obras e ações desenvolvidas. 

 

Tenho ouvido que muita gente tem saudades do Raul. E que nos bairros mais distantes do Plano Diretor o nome do ex-petista, hoje no PR de Vicentinho, cresce pelas beiradas.

Cabe a pergunta: saudades de quê? Do tratamento que dava  à classe política, cotizando as benesses do poder, como distribuição de contratos temporários, aluguel de máquinas, concessões de quiosques?

Do jeito afável com as pessoas, que ainda hoje reconhece e chama pelo nome?

O cenário mudou e muito. Com o Ministério Público atento e vigilante nas questões de pessoal, a prefeitura já está impedida de fazer contratos e alojar “companheiros”. Os cadastros reserva de concurso obrigatoriamente precisam ser utilizados e dois novos concursos já foram anunciados.

 

Qual será a moeda de troca desta eleição? Lembrando que é um pleito completamente diferenciado, pelas novas regras colocadas. Além da movimentação de líderes e políticos com mandato ser permitida até março, as doações privadas de campanha estão proibidas.

 

Novos nomes, novo momento

Do rol de nomes que se colocam como pré-candidatos a prefeitura de Palmas, muitos já são conhecidos por se lançarem apenas coma finalidade de negociar apoios lá na frente. Alguns com o nítido desejo de garantir recursos e tratamento diferenciado do majoritário para seus candidatos a vereador. De dentro de casa, diga-se.

 

Com a expectativa de que Carlos Amastha dispute a reeleição, e que Raul confirme seu nome -  caso mantenha as condições legais para tanto - temos ainda, colocado pelo PV, o nome da vice-governadora Claudia Lelis.

 

Ela, que substituiu o marido na chapa de Marcelo Miranda, nos 45 do segundo tempo, nas eleições de 2014, já não é mais no cenário, apenas “a mulher do Marcelo Lelis”.

 

Num primeiro ano difícil para o governo, Claudia criou sua própria agenda, positiva. Foi assim quando cresceram os crimes violentos contra as mulheres, na criação de um movimento envolvendo as forças de segurança e sociedade organizada, que culminou com a campanha “Quem ama abraça”. Na semana passada, com os comerciantes da região Sul nervosos com a onda de criminalidade, a vice chamou os comandos das polícias civil e militar para recebê-los e dar resposta concreta nas ruas para conter a ousadia dos criminosos.

 

Se a pré-candidatura da vice ganhará as ruas e vencerá os argumentos dos adversários, é uma incógnita. De cara, ocupou um espaço dentro do próprio governo, forçando outros a se posicionarem.

 

Garantir o que está dando certo

Num cenário ainda nebuloso, em que três candidaturas estão praticamente postas, muito ainda pode acontecer até o mês de agosto quando as convenções partidárias devem ser colocadas. O que qualquer candidato que vá às ruas precisará garantir é que não teremos retrocesso em tudo que deu certo e está funcionando melhor na capital.

 

Voto é instrumento de muitas coisas. Há quem use como instrumento de mudança, há quem use como instrumento de vingança. E há muitos, mas muitos mesmo, que não estão encontrando mais motivos para votar. Ou ânimo, esperança em dias melhores.

 

Uma coisa é certa: a eleição de Palmas está longe de ser definida. Façam suas apostas. Mas que elas sejam sempre pelo bem da cidade.

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