O pequeno Isaac vai fazer 9 meses. Ele não engatinha, nem desenvolve os primeiros passos, porque mais de 90% do seu tempo de vida foi passado num leitoda UTI Pediátrica do HGPP. Ali, foi praticamente adotado pelas enfermeiras do setor, que suprem todas as necessidades do bebê, desde fraldas e produtos de higiene, ao cuidado hospitalar e o carinho que uma criança evoca na situação dele.
A mãe, com mais oito filhos, luta com dificuldades para continuar a viver e cuidar dos mais velhos, agora sem a ajuda do companheiro, que a deixou. Isaac está internado no HGPP desde que completou primeiro mês de vida. Sua doença neuromuscular conforme a pediatra e chefe da UTI, doutora Tânia Maria Tadei Lopes não tem expectativa de cura. Respirando pela via mecânica, ele não tem a menor possibilidade de voltar para casa. “No caso dele ele não desenvolveu a musculatura necessária par respirar sozinho”, explica.
Quadro convulsivo e dificuldade respiratória
Outra criança, internada em outra ala da mesma UTI Pediátrica, ocupa um leito há mais de 241 dias, marca alcançada no dia da reportagem. Maria Cristina, com cinco anos, toma seis medicamentos anti convulsivos. Seu quadro, uma neuropatia, conforme explica a médica Tânia não tem perspectiva de melhora capaz, pelo menos por hora, de devolver uma vida normal à menina.
Ela está há meses internada no HGPP, onde é acompanhada dia e noite por uma cuidadora. Maria Cristina está estabilizada, e deixou a respiração mecânica esta semana, embora ainda utilize a macro nebulização como auxílio para respirar. No dia da reportagem estava há quatro dias fora da respiração mecânica.
É uma criança que depende dos cuidados hospitalares para sobreviver, e que não poderia voltar para casa, ainda que tivesse uma melhora, pelo alto risco de infecção provocado pela forma como se alimenta. “O Estado tem que prover os cuidados dela. Então estes dois casos são leitos que não giram, e nos obrigam a dispensar pacientes pediátricos que chegam precisando ser submetidos a cirurgias complexas e que precisam ter a UTI disponível”, explica a médica responsável.
Equipamentos credenciam a UTI
Embora não seja um hospital pediátrico, o HGPP teve sua UTI credenciada, ao invés do Hospital Infantil, por dispor dos equipamentos necessários para o credenciamento pelo Ministério da Saúde. “A criança não precisa sair daqui para nada. Temos todo o suporte necessário ao atendimento”, explica doutora Tânia.
Casos como estes, de extrema gravidade, não podem ser resolvidos por programas como o PID – Programa de Internação Domiciliar, que terá a primeira equipe entrando em atividade nesta segunda-feira, 12. Para estes casos, a Secretaria de Saúde ainda busca alternativas a fim de promover a maior rotatividade dos leitos da UTI Pediátrica. Uma saída que por enquanto, não existe.
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