Comandante admite que ação poderia ter sido diferente no Caso Everaldo: militares entregaram armas e aguardam resultado da perícia

Numa longa entrevista ao Site Roberta Tum, o comandante da PM, Coronel Marielton, lamentou a morte do trabalhador Everaldo Araújo, 35, na sexta-feira, 1º durante confronto entre militares e assaltantes em fuga na JK. "Se erramos? Erramos. Podia ...

Sem precisar exatamente o quantitativo de policiais que participaram da operação que terminou com a morte de um civil na sexta-feira, o chefe de almoxarifado do Hotel Victória Plaza, Everaldo Araújo (35), o comandante da Polícia Militar, coronel Marielton disse em entrevista ao Site Roberta Tum na tarde desta segunda-feira, 4, que a PM tem cumprido seu papel no policiamento ostensivo, no combate às drogas e repressão normalmente.

Lamentando a morte de Everaldo, Cel. Marielton concorda que a ação poderia ter sido diferente, mas afirma que não se pode culpar os policiais antes que a apuração do caso seja concluída. “O procedimento administrativo que deveria ser tomado, foi tomado prontamente”, disse ele, informando que as armas usadas durante a operação foram apreendidas e encaminhadas à perícia. A Polícia Militar, através de sua assessoria de imprensa, informou no final da tarde que nenhum policial havia sido afastado. No entanto, em novo contato mais tarde, a informação foi retificada. "Os participantes da operação passam por acompanhamento psicológico diante do trauma sofrido no confronto e troca de tiros com os assaltantes, e aguardam o resultado da perícia" afirma a assessoria.

Confira a íntegra da entrevista do comandante.

Sobre o fato ocorrido na última sexta-feira, 1º, como se deu a ação da Polícia Militar?

“O que realmente já temos informação, obviamente muita coisa precisa ser esclarecida, mas houve um assalto no Supermercado Real, no qual quatro pessoas fortemente armadas subjugaram as pessoas no local, colocando a arma na cabeça de diversas pessoas e mandaram o pessoal ajoelhar. Quando eles estavam saindo uma guarnição com três policiais que chegou ao local para atender a ocorrência foi recebida com três disparos e partir daí começou a perseguição”.

Como ocorreu a troca de tiros?

“É preciso entender o seguinte a troca de tiros não iniciou da polícia militar, quem iniciou o tiroteio foram os bandidos. Eles receberam a polícia com tiros e empreenderam fuga e a polícia saiu em perseguição dividida em duas equipes. Uma equipe seguiu para região sul e outra para a região norte. Nós lamentamos muito o ocorrido, o fato de ter se perdido uma vida, poderia ser um parente nosso. Na altura do Paço do Pão houve uma intensa troca de tiros, tanto de armas ponto 40 quanto ponto 38, no local também foi encontrado uma arma usada pelos assaltantes. Durante a troca de tiros um de nossos agentes se machucou e quase perdeu a vida. Houve até um contato corpo a corpo, abaixo da pizzaria com um de nossos agentes. Infelizmente houve vários disparos, isso é fato e um desses disparos atingiu o Everaldo”.

Quais as providências tomadas pela Polícia Militar?

“Foi instaurado um inquérito administrativo para apurar a participação de nossos policiais. Estiveram envolvidos em torno de 15 a 20 policiais nessa ocorrência, já temos a relação com os nomes e mandamos recolher o armamento. Eles já foram submetidos a um tratamento psicológico devido ao momento de tensão ao qual eles passaram e até para resguardar futuras ações dos policiais. Isso é um procedimento padrão. Vamos apurar até para não crucificar e não condenar ninguém”.

E com relação aos prazos do procedimento administrativo?

“Nós vamos apurar e cada um vai responder pelas suas ações. Vamos verificar e pedir o máximo de rigor para que esse inquérito seja concluído no prazo e partir daí serem tomadas as providências. O inquérito policial tem o prazo de 30 dias para ser finalizado, podendo ser prorrogado por mais 20 dias”.

Qual seria o procedimento padrão da Polícia Militar com relação a esse tipo de ocorrência?

“Essa foi uma situação sui generis em que uma guarnição foi acionada e não havia nenhuma operação previamente preparada para aquele tipo de ocorrência. O que aconteceu é que houve uma ocorrência e diversas viaturas se dirigiram par ao local com o objetivo de tentar prender esses assaltantes e ao chegar se depararam com tiroteio e cada um procurou fazer o que poderia ser feito naquele momento. O procedimento padrão é fazer uma contenção no local e uma vez o local contido, tentar buscar negociar com os assaltantes e diante dessa negociação resolver o problema, o uso da arma de fogo é somente em último caso e foi exatamente o que aconteceu neste caso”.

O que será feito a partir do fato ocorrido?

“Cabe a nós procurar verificar procurar fazer um estudo de caso para poder evitar futuros casos. Não temos a intenção se encobrir nenhum fato, infelizmente isso aconteceu. É importante frisar, nada justifica uma ação que possa resultar na morte de uma pessoa, mas esses assaltantes já vinham praticando vários assaltos seguidamente em Palmas. Intensificamos o policiamento para prendê-los. Vamos continuar procurando melhorar, lamentamos muito o fato ocorrido. Não podemos cruzar os braços e ver os bandidos agirem. Infelizmente aconteceu esse fato. Ninguém voltou o foco para esses bandidos, ninguém questionou isso. É preocupante o número de assaltos que esses bandidos vinham praticando. Erramos? realmente erramos. Talvez fosse melhor deixar o bandido fugir. Vamos apurar vamos verificar”.

(Atualizada às 23h29, com correções da assessoria de imprensa da PM)

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