A semana terminou para a política tocantinense, com um fato digno de análise, ocorrido em Palmas.
A Frente que leva o nome da capital, oficializou como pré-candidata a prefeitura da cidade, a vice-governadora Cláudia Lélis, do PV. Imediatamente após o anúncio, começaram a operar os autores de um processo de “desmonte”, com o claro objetivo de tentar fragilizar a propositura da pevista.
Como jacaré não sobe em árvore, nem na vida, nem na política, desperta curiosidade todo o movimento que se observa e a quem são ligadas as pessoas que assim agem. Claramente orquestradas, fotos e manchetes foram plantadas aberta e quase imediatamente, revelando não só de onde vem o fogo amigo mas o objetivo que o move.
Abre parênteses…
Não é segredo para ninguém, por exemplo, que o PRB, de César Hallum, namora o Palácio Araguaia há meses, trazendo na manga o nome do empresário Fabiano do Vale.
O desejo de Hallum é garantir a vaga de candidato a Senador na chapa de 2018. Aproximou-se de Miranda no momento em que este se distanciava da senadora Kátia Abreu, de quem já foi aliado e tornou-se opositor. Já aproximou-se e aparentemente distanciou-se de Carlos Amastha… Faz um jogo legítimo, mas com objetivo claro como a luz do sol.
Daí que vai ficando a cada dia mais verossímil a tese de que a pré-candidatura do empresário não representa a si mesma, e só decola se conseguir o apoio político do Palácio. Não tem sido pequeno o esforço para posicionar Fabiano em oposição a Amastha, ainda que os dois representem aos olhos da população, o mesmo conceito de gestor.
Fecha parênteses.
Não é difícil neste contexto, compreender o movimento de cavaleiro andante de Derval de Paiva que assinou documento na Frente por Palmas, que definia critérios para a escolha do seu pré-candidato (pesquisa e maior apoio entre os partidos). Driblou Valdemar Jr., foi a campo buscar apoio para seu próprio nome como pré-candidato a prefeito, flertou com a outra Frente (que reúne PDT, PPS, SD, Democratas, PSC, PRB) e depois de faltar ao evento dos partidos da composição que integra, saiu disparando na imprensa que é prematura a escolha feita. Com base nos critérios que ele mesmo endossou.
Como que antevendo na ausência mal justificada, o inconformismo de Derval, ou sabendo bem como funciona o partido ao qual pertence (hoje com triplo comando), o vereador Rogério Freitas, presidente da Câmara de Palmas, discursou mais cedo, no lançamento da Frente se antecipando e tocando na ferida ao afirmar que o PMDB é useiro e vezeiro em se dividir em grupos, mas que alí naquele momento estava definido: integrava a Frente, não imporia o nome do vice, como chegou a ser veiculado na imprensa e de forma enfática: “o PMDB não discute mais o nome da candidatura majoritária, esse nome é o da vice-governadora Cláudia Lélis”.
Como o presidente do PMDB Metropolitano, Lázaro, praticamente porta voz de Derval, também foi enfático no apoio, só resta aguardar o dia 25, para conhecer o grupo que ainda quer discutir, de que fala Derval…
Todos, ou quase todos, com segundas intenções
Se não é segredo para ninguém que o prefeito Carlos Amastha trabalha sua reeleição com especial cuidado e sem abrir mão de escolher pessoalmente seu vice, sinalizando a pretensão de disputar o Senado em 2018, também não é segredo as intenções de outros líderes que comandam partidos.
Eli Borges, por exemplo, levará o Prós no caminho que lhe garantir vaga para disputar a Senatória em 2018. Vereador do partido, com capital político considerável, Júnior Geo já andou - pelas mãos do vereador Lúcio Campelo - discutindo a possibilidade de apoiar Raul Filho. Este por sua vez, está no projeto do Senador Vicentinho Alves, dono de uma das vagas da Senatória e que sonha ser governador. Este, flerta com a possibilidade de compor grupo com a senadora Kátia Abreu. Ela própria, virtual candidata a governadora na sucessão de Miranda.
Atrás da Senatória caminham ainda o PP de Lázaro Botelho e Valderez e o Solidariedade de Eduardo Gomes.
É nesse campo de muitos interesses que as eleições municipais deste ano já estão se desenrolando.
Por isso, não deixa de ser interessante observar o atrevimento de Cláudia Lélis em meio a este cenário.
Sem pedir licença a ninguém, colocou o nome, lá atrás, ato contínuo da decisão do TSE em manter inelegível seu marido. Ignorando os que torceram o nariz para sua pré-candidatura com argumentos diversos, foi às ruas com o PV Ouvindo Você e ocupou o vácuo.
Não é de se estranhar que tenha alcançado a casa dos 12% da preferência de um eleitorado do qual era praticamente uma ilustre desconhecida.
A bem da verdade é preciso reconhecer que como poucos, os Lélis, jogam o jogo do agora. Marcelo, inelegível, deixa de representar perigo na disputa por qualquer posição em chapa majoritária em 2018. Ao contrário, torna-se, pelo capital político que demonstra manter na capital, um cobiçado cabo eleitoral.
Cláudia por sua vez, terá o tamanho que alcançar no projeto que constrói agora.
A independência dos dois é o que parece assustar e mobilizar a trupe do desmonte.
Se a vice conseguirá escapar do desgaste automático que herda por integrar o governo, se provará ao povo de Palmas que é capaz de gerir a cidade com pulso próprio (tornando-se maior que a influência e a herança política do marido) se terá mais ônus ou mais bônus, são respostas que só o tempo trará.
Neste momento o que os fatos demonstram é que o Palácio Araguaia não pariu um candidato. Não se preocupou com isso. Não viabilizou nome algum do PMDB com perfil competitivo. E por hora, vem a reboque do trabalho organizado que os Lélis e o PV foram capazes de fazer nos últimos meses.
Talvez seja esse “topete” aí que já incomoda muita gente…
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