De volta: a coisa é séria e o momento é grave, mas muita gente não percebeu...

De volta ao Tocantins, depois de 15 dias de férias, boa parte deles fora do mundo, percebo que o senso de preocupação com a crise ainda não chegou com clareza. É preciso apertar os cintos de verdade

Sair um pouco do ambiente onde se vive, respira, raciocina e experimenta a vida, talvez seja uma das experiências mais estimulantes para ampliar os horizontes e de volta, enxergar as coisas sob outra perspectiva.

 

Foram assim meus 15 dias fora do Tocantins, para necessárias férias, das quais retornei na semana que passou. De volta desde a última terça-feira, tirei os primeiros dias para observar o movimento, sem escrever nada.

 

E olha que foi uma semana intensa: Salão do Livro e Fecoarte tentando injetar otimismo na agenda do governo; o estudante Breno, de Taquaralto baleado no pescoço, lutando pela vida no HGP com a certeza de que, sobrevivente, viverá pelo resto da vida com as sequelas de uma cidade cada vez mais refém de bandidos sacando armas à luz do dia; a polêmica do BRT que o Ministério Público Federal quer suspender; e na esfera federal, a comissão dos fundamentalistas tentando reduzir o mundo à miopia das suas crenças, ao limitar o conceito de família, excluindo milhões.

 

Fora daqui, até as pessoas comuns e mais desligadas de política vivem e respiram os dias de crise que o País enfrenta na economia, movida, de fato, mais pela crise política.

 

O dólar subindo loucamente assusta até os mais incautos e a pergunta que mais ouvi é justamente o que isso vai significar a médio prazo para a nossa economia. Já vi e vivi este cenário antes: desvalorização da moeda, aumento da inflação,  perda do poder de compra nos supermercados. Fora todos os aumentos de tarifas com os quais já estamos convivendo.

 

Em São Paulo, paguei gás a R$ 56,00 (e o povo lá reclamando) em contrapartida aos R$ 74,00 pagos aqui antes de viajar. Depois, subi a serra para ficar fora do ar e desligar a internet por pouco mais de 10 dias (um pouco assustador, mas não, o mundo não acabou)…

 

A diferença no custo de vida é ainda mais gritante nos combustíveis: gasolina e álcool. Só reforçou minha sensação de viver num lugar caro e quente, mas que amo profundamente. E os paulistas reclamando do calor que chegou a 36º , enquanto eu tinha a sensação de estar na sombra…

 

Na volta, a impressão que tenho é que no Tocantins as pessoas ainda não se deram conta da gravidade do momento que estamos vivendo. E o governo, aparentemente, também não. Por aí tem governador viajando só com o ajudante de ordens em avião de carreira.

 

Ninguém tem dinheiro pra nada, e estados fazem malabarismos para cumprir suas obrigações básicas. A crise já começa a bater na porta das prefeituras que recebem seus parcos recursos do FPM praticamente zerados. Daqui a pouco vai faltar mais ainda, no interior, do medicamento à merenda e finalmente salários.

 

Enfrentar a crise requer um senso de responsabilidade e prudência enormes. Cortes maiores e mais profundos nos gastos. Fazer escolhas difíceis. Não adianta gestores, em qualquer das esferas, fazer cara de paisagem diante dos fatos.

 

Vamos à discussão dos fatos que nos afligem e que podem de fato, interferir nas nossas vidas. Com os dois olhos bem abertos e o senso crítico ligado no máximo.

 

Se nós, simples mortais, não podemos fazer muito nas decisões coletivas, podemos administrar nossas vidas sabendo que o final deste ano será mais difícil do que aquele que passou.

 

Prudência, cuidado, contenção, são as palavras de ordem! Boa semana a todos!

Comentários (0)