Desistência de Fabiano, o palanque pesado de Raul e as últimas do fim de semana

Maiores estruturas em campo, candidatos erram nos primeiros movimentos e começam um jogo embaraçado em Palmas, onde Amastha e Raul são os favoritos, mas Cláudia e Aragão podem surpreender...

Fabiano do Vale desiste de candidatura
Descrição: Fabiano do Vale desiste de candidatura Crédito: Foto: Da Web

Nunca se tramou tanto nos bastidores da política palmense como nas últimas 72 horas.

 

De lá para cá, idas e vindas que não se concretizaram, muitas articulações. Se na sexta-feira, 5, não faltaram militantes, camisetas, bandeiras, jingles e muita animação nas quatro grandes convenções realizadas, o domingo anoiteceu com a primeira bomba da campanha que mal começou: a desistência do candidato a prefeito do PRB, empresário Fabiano do Vale.

 

Os motivos, oficialmente alegados por ele numa mensagem que corre nos grupos de WhatsApp é que os últimos dias desde que se lançou pré-candidato, foi prazo curto para que ele estruturasse a campanha com condições de enfrentar o combate que se avizinhava.

 

Se fosse assim, como é que o candidato não entendeu a conjuntura antes de sexta-feira? Antes de reunir a militância, homologar candidaturas majoritária e proporcionais? 

 

O maior problema que enfrentam PRB, Prós, Rede e SD é arrumar caminho para os candidatos a vereador. Conseguir, nos 45 minutos do segundo tempo, quando a legislação prevê que devem ser registradas hoje as atas de convenções, dar solução para os sonhos e planos de dezenas de candidatos a uma vaga na Câmara.

 

Nas primeiras horas da manhã a versão que correu para a desistência de Fabiano do Vale, no entanto, foi outra: síndrome de pânico diante do tamanho da estrutura financeira necessária para bancar os compromissos, falta de resposta concreta quanto à ajuda financeira oferecida na sexta-feira, por “um grupo de empresários amigos” (quando ia abrir mão e cogitava ser vice de Cláudia Lelis), e condições pessoais difíceis para assumir a diferença entre o prometido e o que seria efetivamente cumprido. Resumindo: Fabiano parece ter sido iludido.

 

Nos bastidores, o deputado César Hallum comentava na sede do PRB na manha desta segunda-feira, 8, não saber os motivos da desistência de Fabiano… afinal, teria o apoio do partido.

 

A conversa segue a portas fechadas… Vamos adiante.

 

Raul e a foto que assustou os mais puritanos

O ex-prefeito Raul Filho conseguiu montar o maior palanque de convenção na sexta-feira passada, 5, tomando toda a entrada da Assembleia Legislativa. "Palanque do Raul tá tão grande que não cabe mais ninguém lá. Pra falar tem que inscrever hoje e esperar 15 dias. Tá grande até para 2018", ironizou Eduardo Gomes.

 

O primeiro anúncio, costurado nos últimos dias com o afastamento entre o PSD de Irajá Abreu e o prefeito Carlos Amastha, foi o apoio dos Abreu para a campanha de Raul Filho. A decisão foi criticada nas redes sociais com veemência, uma vez que Raul terminou o mandato convocado e ouvido na CPI do Cachoeira, onde foi questionado e criticado duramente pela senadora Kátia Abreu. A aliança de Kátia com Vicentinho, envolvendo Raul, foi abordada por mim num artigo há alguns dias e tem relação com a formação de um grupo forte para disputar as eleições de 2018. O eleitor comum, no entanto, não entende e vê a aliança como mais um exemplo de “vale tudo” na política tocantinense.

 

A presença da senadora no grupo de apoio a Raul começou a fazer diferença nas composições políticas, no entanto, já nas primeiras horas, numa incrível manifestação de força, Raul arrastou nas 24 horas seguintes, apoios importantes para sua campanha. Irajá entrou em campo e demoveu Luana Ribeiro da decisão de ser candidata, vencendo resistência criada lá atrás, em 2012, quando Raul liberou seus vereadores para dar o voto útil a Carlos Amastha, com a finalidade de derrotar Marcelo Lelis, candidato do governo Siqueira, então.

 

E aí veio o apoio do próprio ex-governador Siqueira Campos. A imensidão do que se tornou a frente pró-Raul tomou forma numa foto que até o final do domingo ainda não tinha sido digerida pela maioria dos apoiadores do próprio ex-prefeito. E assustou. A imagem feita na casa do ex-governador, juntou de Dorinha a Agnolim, de Gaguim a Siqueira, de Raul a Kátia Abreu misturando ex-amigos que já se tornaram adversários e até inimigos, num grande time agora, de… aliados novamente.

 

O resultado: muita gente assustada, repensando, reavaliando. O segundo resultado: Marcelo Miranda, que ficaria fora da disputa em Palmas, saiu de Miranorte, onde estava no lançamento da candidatura de Carlinhos da nacional e chegou a tempo de subir no palanque de Cláudia Lelis…

 

Cláudia e o peso do apoio de Miranda, na véspera da greve geral do servidor

A vice-governadora Cláudia Lelis já tinha lido pesquisa e entendido que embora seja governo e carregue os ônus dos problemas que o governo enfrenta, não precisa carregar Marcelo Miranda no seu palanque, sob pena de repetir 2012. Liderando todas as pesquisas, Marcelo Lelis começou a campanha incensado, antecipadamente como prefeito de Palmas. Superlotou o palanque de apoios, no momento de desgaste Siqueira subiu na convenção e nos Aureny`s e deu no que deu: a resposta do eleitor veio rápido elegendo o anti-político empresário Carlos Amastha, num ato de rebeldia típico do eleitor da capital.

 

Fazendo um discurso emocionado e forte, em que se apresentou ao eleitor, contando parte da história de sua chegada em Palmas, Cláudia Lelis tocou em dois problemas do governo que pesam na sua campanha: segurança e saúde, abordando o caos do HGP, na hora de defender que Palmas precisa de mais um hospital, o de Urgências, que assume o compromisso de implantar. Falando no Taquari, prometeu solução para o problema fundiário, e disse que o governo quer resolver, mas o prefeito não.

 

Ao lado do candidato a vice, Émerson Coimbra, do PMDB, repetiu a fórmula também da eleição passada. Se o sobrinho de Júnior Coimbra pacificou a família (a tia, Laudecy é candidata a vereadora) e somará na chapa levando votos da juventude, do esporte e da região Norte, o tempo dirá. Por hora conseguiu o feito de soar menos incoerente que outros candidatos.

 

Marcelo Miranda, ao lado de Dulce (que chegou junto com Cláudia) justificou a presença (que segundo corre, o próprio marqueteiro Marcus Vinícius, tinha desaconselhado), falando dos adversários. “Estou aqui para te estender as minhas mãos, Cláudia, como você e o Marcelo Lelis estenderam suas mãos para mim lá atrás… Sei das minhas limitações, mas sei também que aqueles que vão debater com vocês são os mesmos que debateram comigo”, resumiu. E pelo visto, vão debater em 2018.

 

De certa forma, o anúncio do apoio de Siqueira a Raul, e a foto, terminaram de casar Marcelo na campanha de Cláudia. Resta saber a estratégia que a vice adotará de agora para frente a fim de mostrar que é governo, mas não responde pelos atos do governador. Lembrando que o eleitor até quer o apoio do governo para a prefeitura de Palmas, pois entende que o cenário econômico é difícil, e mesmo desgastado, governo ainda é governo…

 

A conferir…

 

Amastha dá a largada com seu grupo e Ataídes: é pouco, ou suficiente?

Esperando demover a senadora Kátia Abreu da decisão de não seguir com ele sem dividir espaço na chapa majoritária (escolhendo ela e não ele o candidato a vice), o prefeito Carlos Amastha começou a sexta-feira realizando convenção com seu grupo de pequenos partidos aliados (PC do B, PSL, PTB, PMN, PTC, PRP) e com o senador Ataídes Oliveira, que indicou Cínthia Ribeiro.

 

Muito confiante, Amastha criticou o governo, disse que não tem adversário (já que considera que Raul está inelegível e não conseguirá decisão favorável para reverter) e já deixou a deixa para 2018.

 

Na prática, todo o isolamento da reta final, devolveu ao prefeito algo que ele havia perdido ao longo das alianças que fez para administrar: a característica de não carregar nenhum cacique político no seu palanque e estar por conta própria. Traduzindo: Amastha não é tutelado, é líder por conta própria e deixa claro que embora negue formalmente, tem sim, muitos planos para 2018.

 

Sua contradição foi a escolha da vice. Se tinha resistências a colocar na chapa Iratã Abreu, vereador da capital, por ser filho de Kátia Abreu, colocar a viúva de João Ribeiro, não ajudou. Nas redes sociais as críticas foram impiedosas. De eleitores decepcionados até adversários que duvidam da capacidade administrativa dela para o caso do prefeito deixar mesmo o Paço para disputar governo e Senado em 2018.

 

Falando ao T1 na manhã desta segunda-feira, Eduardo Gomes, que trabalhou para levar o Solidariedade com seu mais de um minuto de TV para o palanque de Amastha desde quinta-feira, vaticinou: “o Amastha tem quatro ou cinco perguntas para responder ao povo de Palmas, mas fora isso é melhor candidato do que qualquer um desses aí”.

 

O jogo começou. Com direito a erros e acertos em todas as partes. Com desistência no primeiro dia e partidos se dividindo em novas adesões.

 

Uma campanha curta, que começa dia 16 oficialmente e termina no fim do domingo, dia 2 de outubro, promete ser a mais emocionante que Palmas já viu.

 

Como cada time vai jogar é que definirá o resultado nas urnas. Por hora, ninguém conseguiu entrar em campo sem errar. Mas quem errar menos daqui para a frente, leva.

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