Discurso do bem, marketing e muito dinheiro: a fórmula do governo para vencer

Uma convenção rica em todos os aspectos, mostrou que o time governista se preparou e planejou bem todos os seus passos: da escolha do candidato ao recuo de Siqueira, que nem pode ir à Convenção...

Siqueira a grande ausência necessária ao novo
Descrição: Siqueira a grande ausência necessária ao novo Crédito: Arquivo T1

A convenção que reuniu - na conta dos organizadores - cerca de 7 mil pessoas no Espaço Cultural na segunda-feira, 30, foi uma mostra do que será o bloco do governo nas eleições de outubro deste ano.

 

O discurso ouvido no palanque de Sandoval -  com raras exceções – foi a pregação do diálogo, do trabalho, da origem familiar do candidato, do seu passado de homem do campo, da sua postura de evitar “entrar em guerra”.

 

O que se ouviu foram frases feitas, frases fortes, talhadas para calar fundo no sentimento das pessoas numa pregação do bem, da campanha positiva e propositiva. Alto astral.

 

Tudo no ambiente do Espaço Cultural colaborou para a mensagem que o governo quer passar:

 

1o - De que é forte -  pois tem o maior número de partidos e líderes

 

2o - De que é aberto ao diálogo e trabalhador: “percorro o Estado todo falando com quem quer falar comigo”, diz Sandoval

 

3o - De que é rico.

 

Afinal tudo na convenção estava a cara da riqueza: dos banners bem acabados, com fotografias de estúdio previamente trabalhadas, a slogans criados dentro do conceito definido para a campanha, até os papéis abundantemente espalhados pelo chão, leques, camisetas, adesivos...

 

Uma convenção Top, Vip, para vender prosperidade.

 

Ninguém fala em custos, mas gente da área avalia que não poderia ter saído por menos de R$ 3 milhões tamanha estrutura (palco, tenda, som, cachês, material gráfico, banners, fogos e etc).

 

O candidato certo

 

O governo acertou no candidato. Sandoval é a expressão da alegria, tomou gosto por ser governador, vende simpatia pessoal, tem o jeito simples – mistura do sotaque goiano arrastado, com o toque tocantinense – e incorporou bem o discurso do grupo que representa. 

 

Está bem mais amadurecido do que o deputado que entrou na Assembleia no começo do segundo mandato e enfrentou o viral da foto da onça nas redes sociais nacionalmente. Ele sempre negou que matou a tal - acredito na versão dele, de que só tirou a foto – mas não adianta. A coisa pegou.

 

Daquela época ainda hoje circula a piada: “pelo menos não é amigo da onça”. Humor é sempre bom, mas a equipe de marketing do governador pode estar exagerando na dose. Como se viu nas faixas espalhadas pela convenção, se apropriando da careca do candidato para fazer piada: “é do careca que a gente gosta mais”.

 

E o discurso?

 

Lembrando o governador goiano Marconi Perillo no começo da carreira, Sandoval traz o discurso do trabalho como âncora para sua candidatura. Se apropria do desejo de mudança que as pesquisas qualitativas mostram e diz que “a mudança já começou”.

 

No seu discurso chegou a dizer que o seu palanque é a “alternativa de mudança”, que o Tocantins merece, nome do programa com que o deputado Marcelo Lelis rodou o Tocantins nos últimos meses.

 

A contradição é gritante, uma vez que o que as pesquisas mostram é o desejo de mudar o paradigma da política tocantinense, onde o poder se alterna entre as mesmas famílias há anos. O desejo de trocar o governo que não deu certo nos seus três primeiros anos... Mas, ninguém está nem aí. O mote do novo, parece, é de quem conseguir tomar conta dele primeiro.

 

Ocorre que Sandoval é o governador tampão, de um mandato que não terminou. Representa um governo de muitos erros, que certamente não serão esquecidos nos embates que virão durante a campanha.

 

Cercado pela maioria dos partidos, pela maioria dos prefeitos – incluindo os dos três maiores colégios eleitorais - pela maioria dos deputados e talvez por grande parte dos líderes dos colégios eleitorais do interior, Sandoval parece ter encontrado uma fórmula poderosa para ganhar as eleições de outubro.

 

A herança renegada

 

O porém está na herança maldita.

 

Sua história não é só dele. Sozinho não passou de deputado estadual, não construiu uma grande liderança. É o porta voz de um grupo que se antecipou à oposição desorganizada do Estado e traçou um plano.

 

Com planejamento e antecedência, movido por um grande articulador político, o grupo de Siqueira, comandado por Eduardo Siqueira, chegou a largada desta corrida indiscutivelmente mais bem preparado e melhor armado. E escondeu seu grande líder na convenção. Nos bastidores sabe-se que o marketing orientou Siqueira a sair de cena. Nem na convenção o velho líder pode comparecer.

 

E aí a fala de Jaime Café, dizendo que o sempre governador Siqueira Campos não pode ir, mas “mandou um recado”, soou mais do que ridícula...

 

O resultado deste jogo de esconde? Só o tempo dirá.

 

Ganha eleição quem erra menos. Quem convence mais. E quem tem mais a oferecer. E aí , infelizmente, não se trata apenas de propostas e de projetos.

 

O time do governo fez uma grande convenção. A arrancada foi de impressionar. O quente da disputa chega mesmo em agosto, quando terminar o prazo para acolhimento dos registros pela Justiça Eleitoral e iniciar os esperados programas do horário gratuito de TV.

 

Ainda assim, até lá, mesmo que timidamente, a campanha já estará nas ruas.

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