Disputa para vereador em Palmas ganha criatividade e pode trazer surpresas

Pouco material, baixo volume de doação e tudo que implicou a mudança na lei eleitoral está fazendo com que os mais criativos se destaquem na multidão de candidatos a vereador em Palmas...

As 19 vagas para vereador na Câmara de Palmas tem sido objeto de uma disputa diferente nesta eleição. O que sempre foi uma campanha cara, movida à contratação de líderes, locação de carros particulares, muita gasolina para aliados, tomou outro rumo este ano.



Pouco material, baixo volume de doação para os majoritários (que se reflete em recursos mais escassos ainda para os candidatos a vereador de cada coligação), e tudo que implicou a mudança na lei eleitoral está fazendo com que os mais criativos, ou os que trabalham em segmentos específicos do eleitorado, se destaquem na multidão de candidatos a vereador em Palmas. São 373 ao todo registrados.

 

São duas campanhas distintas:  a que corre nas ruas, e é feita por quem tem recursos próprios para se movimentar e arrebanhar “voluntários”, e a que é feita nas redes sociais e grupos de amigos, mais discreta, requer muita criatividade.



Das coisas mais engraçadas que vi no Facebook está a campanha da publicitária Cláudia Nasser, que tem feito vídeos caseiros no seu celular, abordando diversas situações de crítica a atual legislatura. Depois de gravar na porta da Câmara, atacando o alto número de servidores “fantasmas”, lotados nos gabinetes dos vereadores, a candidata a vereadora pelo PV resolveu gravar a “Saga da Nice”, sua cozinheira. É de matar de rir a abordagem que ela faz, contando para uma Nice completamente desinteressada em política, e desinformada dos últimos acontecimentos, o que acontece na Câmara de Palmas. Nice reage com apatia, mas no final sempre responde à frase: “hora mudar?”, ou afirma: “dá pra mudar”. Os vídeos são caseiros, despretensiosos e feitos com muito bom humor.



Corajoso, e também apostando numa abordagem diferente, o professor Luciano Coelho, do PPS pegou um megafone e foi para os cruzamentos mais movimentados de Palmas. Lá, se apresenta quando o sinal fecha e distribuiu seus material aos motoristas. De manhã, levanta cedo e vai para os pontos de ônibus conversar com os eleitores. Escutando desaforo de uns, e sendo acolhido com curiosidade por outros, vai levando a campanha de um jeito ousado.



Carregando uma bandeira do nos ombros e fazendo um discurso forte, contundente contra a corrupção, está o procurador federal Cleiton Bandeira, do PSDB. É uma opção para quem quer votar num candidato preparado e que pode enriquecer o debate na Câmara.



Ideológico, com uma pauta forte sobre sustentabiidade, está o jovem Rafael Boff, do Rede. Faz campanha simples, pé no chão, mas também propositiva, fundada em bandeiras. De novo, está trazendo vídeos com depoimentos de gente que é referência numa proposta de mudar a prática política. Recentemente o advogado Marlon Reis, “pai” da lei da ficha limpa, gravou pedindo votos para Boff.



Da cultura, saíram dois nomes que prometem fazer a diferença: Melck Aquino, radialista, publicitário, com forte atuação nos segmento, e também Cícero Belém.  O primeiro do Rede, o segundo do PT. Aliás, se nas ruas fala-se da dificuldade do PT em fazer legenda para um vereador (cerca de 7 mil votos), dentro do partido a militância aposta em três. Ou pelo menos provoca. George Brito parece ser o nome mais forte do grupo até agora...



Do meio empresarial, um rapaz jovem e que trabalhou bem na equipe do prefeito Carlos Amastha, no pouco tempo que teve, é Diogo Fernandes, do PSD.



Entre as mulheres tem perspectiva de uma boa votação, pelo trabalho bem estruturado que fez nos últimos anos, nas campanhas do marido, é Laudecy Coimbra. Além dela trabalham bastante atrás do voto a professora Iolanda Castro, que integra a turma dos que nunca foram votados. Mas as que já passaram pela Casa tentam voltar, como é o caso de Divina Márcia e Vânia do Aureny III.



Da turma que está na Casa, vai escapando do desgaste o professor Júnior Geo, do Prós, que aparece em toda consulta interna de qualquer partido, como o mais lembrado. Da turma dos antigos deve ter uma boa votação também o vereador Lúcio Campelo, pelo perfil agressivo na oposição, na maior parte do tempo. Tem seu nicho resguardado na região Sul e fora dela.



A incógnita fica por conta dos que se desgastaram muito na imprensa e diante da opinião popular por terem se envolvido no embate dos últimos meses, que paralisou a pauta da Casa. De um lado José do lago Folha Filho, que é Amastha, mas acabou ficando preso na coligação de Raul Filho, uma vez filiado ao PSD de Irajá Abreu. Do outro, o presidente da Casa, Rogério Freitas, que rompido com o prefeito, segurou a pauta num embate político que teve repercussões negativas junto à opinião pública. Fora o desgaste, os dois são simpáticos com seus representados e têm pela frente o desafio de garantir a eleição do jeito antigo.



Entre os que foram leais a um lado só desde o começo, está também o Major Negreiros, que vê os votos em Taquaruçu se dividem mais ainda com a disputa interna da família Barbosa (que tem Marilon de um lado e Léo de outro). O que favorece Negreiros foi ter aberto outros horizontes, quando se lançou na disputa por uma vaga na Assembléia há dois anos.



Entre novos e antigos, a perspectiva é que haja uma grande renovação na Câmara Municipal. Se não houver, é por que o eleitor não quer. Por enquanto, há esperança. Afinal não faltam opções criativas, ideológicas, bem construídas.



Palmas, de verdade, merece mais do que nós vimos acontecer naquela Casa nos últimos quatro anos.

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