Dois bodes na sala: PPS quer cargos e PR espera pasta na gestão municipal

Os compromissos feitos pelo pepista Carlos Amastha para construir a necessária governabilidade ainda não foram completamente cumpridos.

 

Esta semana, segunda da gestão que começou de fato na quarta-feira passada, será decisiva para a definição da relação do prefeito com a Câmara Municipal.

 

Muito sabiamente Amastha declarou algo que chama a atenção na semana que passou: sua afinidade de idéias e de projetos está bem maior com o grupo de novos vereadores. Consequentemente, com a oposição, onde eles estão concentrados em maior número.

 

Amastha tem sido pragmático. Tanta objetividade em minar resistências e fazer novos aliados já feriu interesses de companheiros próximos, como é o caso do PPS de Sargento Aragão.

 

Além deste, outro problema que se apresenta na pauta da semana do prefeito é a quitação, por assim dizer, de uma dívida: a secretaria do PR.

 

Conversas de bastidores – hoje  confirmadas pelo vereador José Hermes Damaso ao repórter Dermival Pereira – apontavam para o fato de que o prefeito havia combinado com o partido do senador João Ribeiro, a nomeação em uma pasta, de um membro do partido.

 

Todos sabem do imbróglio jurídico envolvendo uma das vagas do PR: a que Milton Néris ocuparia se a justiça eleitoral considerasse resolvido o problema que lançou dúvidas sobre seu registro.

 

A conversa é que aquele que não fosse vereador, seria secretario. Ou na pior das hipóteses, indicaria o secretario.

 

Pois bem, vão “sobrando” sem nomear os secretários de Agricultura (pasta cobiçada pelo vereador Joel Borges, do PMDB), o Secretário de Segurança Pública, Trânsito e Transporte, e a Sub-Prefeitura da região Sul.

 

Esta última, já correm notícias, será indicada pelo presidente da Câmara de Palmas, Major Negreiros. Restam as outras duas.

 

Num momento em que as feridas abertas na sucessão de Ivory ainda não foram cicatrizadas, o grupo remanescente na Casa formou bloco independente e está pronto a votar contra os projetos do Executivo municipal, naquilo que discordarem.

 

De cara já discordam da regiularização apenas do Santo Amaro na região Norte. A Câmara estendeu o perímetro até as dragas. O prefeito já anunciou que vetará.

 

Aplacar estes ânimos é uma tarefa árdua que deverá ser novamente confiada a Tiago Andrino.

 

A semana começa para Amastha com um bode na sala: a indicação prometida ao PR.

 

E mais: a fatura cobrada pelos companheiros de primeira hora do PPS. Nos bastidores não é segredo para ninguém que o partido quer na prática é acomodar os candidatos a vereador que perderam a eleição, mas formaram legenda para dois ocupantes da Câmara.

 

“Roberta, você imagina o Claudemir Portugal ou o Etinho votando contra os projetos de interesse da comunidade?” me perguntou o prefeito por telefone durante entrevista que fiz na semana que passou, questionando sua relação com a Câmara.

 

Amastha parece esperar coerência dos vereadores e conta com a opinião pública para cobrar deles os votos em favor do que considera bom para a cidade.

 

“Você vai ver o Iratã Abreu votando comigo”, disse Amastha.

 

Não é de se duvidar. Depois da eleição de Negreiros, da visita de Eduardo Siqueira e do gesto simbólico na Saúde no final de semana (quando Vanda e Balestra visitaram o prédio da antiga UPA), o que parece é que não havia necessidade de tanta gritaria contra a eleição de Amastha.

 

Afinal, ele não precisou de muito tempo para quebrar as arestas e começar a trabalhar como se companheiro fosse do governo que aí está.

 

Como política é gesto, e política é símbolo, pode ser que haja muito raulzista arrependido do apoio de última hora que consolidou a eleição do 11.

 

Hoje o bode na sala, não é a oposição que está colocando para o prefeito ter que retirar. São os companheiros. Os de primeira, e os de última hora.

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