Ecos do 15 de março e o risco de menosprezar a indignação popular

O governo da presidente Dilma e o seu partido, o PT, precisa parar de enxergar no movimento deste domingo apenas os tentáculos da oposição inconformada e acender o sinal amarelo...

A indignação nas ruas não pode ser ignorada
Descrição: A indignação nas ruas não pode ser ignorada Crédito: Ademir dos Anjos

É preocupante e deve acender todos os alertas do governo Dilma Roussef, os sinais das ruas, dados ontem, no domingo, 15 de março. Além da oposição inconformada em perder as eleições e seu evidente patrocínio a faixas, transporte, camisetas personalizadas, além dos extremistas pedindo a volta da ditadura, vi muita gente comum vestindo amarelo para ir ao protesto. Contra a corrupção, contra o aumento da gasolina, contra um monte de coisas (em Palmas o carro de som falava contra o auxílio moradia).

 

Por mais que interlocutores do governo possam tentar diminuir o que se viu nas ruas - e mesmo que o número de pessoas em Belo Horizonte, Brasília e outras capitais tenha sido baixo diante de suas populações - percebe-se um erro grande de avaliaçãona fala dos ministros Cardozo e Rosseto após os protestos. É subestimar a capacidade do brasileiro de se insurgir. e arriscar-se que um movimento que comece pequeno e com variadas motivações possa ficar grande e poderoso.

 

O que há nas ruas é um barril de pólvora. A desaprovação do governo da presidenta - que venceu bem as eleições de Outubro, embora com o país nitidamente dividido - com apenas três meses de sua reeleição, é um sinal de que algumas coisas vão mal. A política econômica talvez seja, nos bastidores, o mal maior. É ela que força alta de preços, aumento do dólar, entre outros indicadores.

 

A crise moral, alimentada pelo amplo noticiário da apuração das propinas pagas na Petrobrás, é que é realmente séria. Não temos no Brasil o hábito de outros povos de países latino-americanos, de ir às ruas protestar com frequência. Nossos políticos não tem a estatura moral dos gestores japoneses, que renunciam ao menor indício de condutas constrangegoras sob o ponto de vista moral. Nem o bom hábito inglês ( e norte-americano) de pedir desculpas ao reconhecer ter traido seus eleitores em qualquer aspecto.

 

Salto baixo e gestão de crise

O que está faltando ao governo Dilma neste momento, talvez seja parar de classificar os brasileiros que foram às ruas com o mesmo sectarismo militante que muitos oposicionistas utilizam para pregar o ódio nas redes.

 

Mais modéstia, o reconhecimento de que há um problema grave, e um comitê de crise para dar respostas rápidas e pragmáticas a ela seriam atitudes oportunas.

 

Do jeito que vai, não vai bem. Governantes temem pelas obras em andamento e pela liberação de recursos federais. O clima é favorável a todo tipo de golpismo. Sob o manto da democracia prega-se de tudo e o respeito pela pessoa, pela cidadã que é a presidente da República, foi embora faz tempo.

 

Some-se à isto o interesse dos grandes grupos de comunicação de revestir este momento de uma característica heróica e histórica de resitência e combate à corrupção, e está armado o circo.

 

A culpa disto tudo, é evidente, é mais da incapacidade do governo Dilma em dar uma resposta à sociedade. Não só aos "branquelos", aos "coxinhas" e à classe média inconformada. Mas a todos os brasileiros insatisfeitos.

 

Todos os brasileiros que votaram na presidente Dilma merecem ter seu voto respeitado. É nítida a manipulação da opinião pública em diversos meios. Por isto, contra o impechmeant e a favor de que se fortaleça os instrumentos de investigação e punição dos corruptos, reconheço que é preciso que o governo se mova rápida e eficazmente em direção a dar respostas e acalmar esta onda de insatisfação.

 

Antes que o incontrolável nos mande de volta a tempos escuros neste País.

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