O governador Marcelo Miranda foi dormir ontem, terça-feira, 28, com duas notícias. A boa, é que a Polícia Federal concluiu o inquérito na Operação Reis do Gado sem indiciá-lo. A ruim, é que a Justiça Federal o condenou em primeira instância, por ter determinado a contratação da Oscip Brasil para gerir 12 hospitais estaduais, sem licitação. Condenou com Miranda, dois ex-secretários de Saúde.
Parece unânime entre os analistas políticos nesta quarta-feira, duas conclusões: a de que a decisão não é terminativa quanto à provável intenção do governador de disputar a reeleição; e a de que a decisão não abalou os ânimos do comando político do governo quanto à seguir com a agenda administrativa, já que a política, ao que parece, só será deflagrada mesmo após o carnaval.
De tudo que se leu e do que se ouve de ontem a hoje, uma coisa parece cristalina: mais uma vez quem terá a palavra final sobre o destino de Marcelo na política, é sua Excelência o eleitor.
Foi assim quando Miranda foi afastado do governo naquele setembro de 2009, sucedido por Carlos Gaguim. À época, onde o TSE viu abuso de poder político, o eleitor viu trabalho do governador em atender quem precisava do apoio do então governo mais perto de você.
Os anos se passaram e Marcelo acumulou dezenas de processos, inúmeras intimações, bloqueio de bens e enfrentou a mais dura das batalhas dentro do próprio PMDB, que sob o comando do então deputado federal Júnior Coimbra ameaçava não lhe dar legenda para voltar a disputar o governo, após ter vencido as eleições para Senador, sem conseguir tomar posse.
É portanto, curiosa, para não dizer impressionante, a escalada política de Marcelo Miranda, mesmo em frente às intempéries.
Com certeza, com o histórico que tem, Miranda já viveu dias mais difíceis na planície, quando recebia oficiais de justiça na solidão de sua casa - muitas ações movidas a rodo por adversários políticos - do que agora, cercado pelo aparato do poder que exerce, com inúmeros advogados à sua disposição.
De prático, os adversários de Miranda precisam analisar que não há tempo hábil para afastar o governador. Essa pauta está vencida, uma vez que falta pouco mais de um ano para o fim do seu mandato e há uma série de etapas a cumprir no trâmite deste processo.
Por outro lado, o governo continua seu trabalho, e precisa continuar. Afinal a quem interessa o Tocantins paralisado num impasse político-administrativo?
O certo é que Marcelo Miranda concluirá seu mandato - salvo por algo da ordem do imponderável - e estará ao que tudo indica, apto a disputar as eleições, com o PMDB sob seu comando.
Ainda que faça um governo que enfrenta serias dificuldades desde o primeiro dia, há que se considerar alguns fatos, que certamente o marketing usará a seu favor, ou a favor dos que sejam seus candidatos: o Tocantins não parou. A folha - que herdou atrasada - continuou a ser paga e a dívida idem. Ainda que com dificuldades, obras foram retomadas e um financiamento aprovado para dar fôlego às ações de governo.
Marcelo deu conta do recado diante do quadro e das condições que tinha? Marcelo não deu? São perguntas que não serão a Justiça Federal ou o TSE a responder.
Esse é o tipo de questão que só o eleitor responde.
E desta vez como das outras será por ele que Miranda será julgado.
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