Famílias apontam, mas engenheiro nega contaminação causada pelo aterro

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Diante da polêmica levantada na Câmara Municipal de Palmas envolvendo suposta contaminação da água no entorno do Aterro Sanitário de Palmas, com impacto sobre as famílias que vivem num entorno de 2 km do "lixão", o Blog da Tum ouviu ontem três famílias reclamantes e o engenheiro responsável pelo aterro sanitário, especialista em saneamento ambiental  João Evangelista Marques Soares (foto).

"Eu vivo há dez anos na região, e estou há um quilômetro mais ou menos do aterro. Eu não tenho mais condições de plantar hortaliças, por que não vende", sustenta o posseiro João Primo. Parceiro dele na plantação de verduras e vizinho, o senhor João Ramos é outro que afirma estar prejudicado pelas condições do aterro. "A água está contaminada. Pra beber a gente tem que levar de Palmas. Hoje eu já não planto quase mais nada", afirma.

Diferente dos dois, Maria Nilva ainda vive de hortaliças, que afirma vender apenas quando as pessoas desconhecem a origem: "Eu estou na área há três anos, e ainda tenho duas estufas produzindo. Mas vai pra rua e volta mais da metade.A gente só consegue vender onde o pessoal não sabe de onde é. Não vou mentir, uso a água de lá mesmo, que tá contaminada".

A afirmação de que a água está contaminada foi reforçada pelos três entrevistados, que disseram ter constituído uma advogada, e que no processo que estão movendo para pleitear indenização por benfeitorias, constaria anexado o laudo que atesta a contaminação da água para consumo humano.

"Eu desconheço qualquer monitoramento feito na área pelos órgãos competentes, e se existe isso, eu gostaria de conhecer", rebateu na tarde de ontem o engenheiro técnico responsável pelo Aterro Sanitário de Palmas, João Evangelista Marques Soares. "Eu trabalhei na época do da implantação do aterro, fiquei três anos fora e reassumi a responsabilidade técnica há um ano. Conheço bem o aterro, e posso garantir que é um lugar de estudo e que deve ser preservado", sustenta Marques.

A definição da área do aterro, segundo o engenheiro, foi feita após quatro sondagens. "Esta era tecnicamente a melhor área. Estudamos a saída para Porto Nacional, a saída para Miracema, a região da serra não podia por que é APA (Área de Preservação Permanente), então lá foi o local indicado", relembra. O engenheiro afirma que o antigo aterro foi fechado em razão da inundação de áreas da capital em consequência da implantação da UHE do Lajeado. "Inclusive nem foi a prefeitura que colocou lá, foi a Investco".

O engenheiro explicou que o período chuvoso é o mais difícil por que as máquinas não conseguem trabalhar na cobertura do lixo. "O material é argila, então gruda tudo com a chuva. Mas quem faz o monitoramento pra nós é a UFT então não há, eu volto a afirmar, laudo atestando contaminação", garante.

Marques disse que acompanhou o processo de indenização das quatro famílias que estavam mais próximas do aterro, e que desconhece a situação dos novos requerentes. "O aterro é uma área onde a gente leva visitantes, crianças, estudantes, e ano passado demos uma melhorada boa nas condições lá", finalizou. Qualquer nova intervenção no local só poderá ser feita após o término da estação chuvosa, informou o engenheiro.

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