É um processo, como se sabe, fabricado a partir da desconfiança do ex-governador Siqueira Campos na capacidade administrativa – ou seria na confiabilidade política? – do seu vice. A relutância em entregar o governo ao vice-governador eleito com ele em 2010, João Oliveira, é que nos colocou na atual situação.
Nem sei se já não se arrependeram.
A dupla renúncia, seja qual for o resultados das Indiretas, já se mostrou um tiro no pé do grupo governista.
Primeiro por que não se esperava a reação do distinto público. Ela é de indignação que extrapola as redes sociais. O sentimento de repúdio à manobra - legal, mas totalmente questionável sob os demais aspectos da representatividade eleitoral – está evidente do maior ao menor colégio eleitoral no Estado.
Já não se faz e acontece mais no Tocantins com as consequências mínimas de antigamente. Tudo agora é amplificado. Contestado. Questionado. E repudiado.
O primeiro grande evento dessas eleições diretas, marcadas para outubro, será sem dúvida a condução das indiretas.
E o que a Assembléia Legislativa caminha para fazer? Estabelecer a quebra da obrigatoriedade da filiação mínima de um ano para que qualquer postulante ao cargo de governador pela via indireta se candidate.
Só este item poderá permitir a candidatura do presidente da Assembléia Sandoval Cardoso ao governo.
As dúvidas sobre sua elegibilidade estão em toda parte. Mesmo que seja razoável argumentar que o pleito é excepcional, ou que sua filiação foi a um novo partido.
O que parece estar em curso é o cumprimento de um acordo: Sandoval governador até dezembro. Com possibilidade de ser candidato a reeleição se as pesquisas apontarem que este é o melhor cenário para o grupo governista. Que poderia então ter Eduardo Siqueira buscando um mandato noutra posição, mais discreta, que lhe permita outro recomeço na vida pública e partidária.
Há quem diga que diante de todo barulho e prováveis questionamentos em torno de Sandoval, o ex-governador Siqueira Campos esteja inclinado a lançar a candidatura de Raimundo Moreira nas indiretas. Há dúvidas sobre a possibilidade legal de um retorno seu, mas a possibilidade já circula nos bastidores.
Seja qual for a decisão do grupo governista - a não ser que seja por uma alternativa fora do alvo dos questionamentos jurídicos – o Tocantins poderá viver uma crise institucional grave nos próximos meses.
E para que tudo isso, se o Estado tinha vice? Uma pergunta que o eleitor não consegue ninguém para responder de forma clara e convincente.
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