Insatisfação na tropa: PM não engole o Serviço de Interesse Militar do governo

Repercute mal na tropa a aprovação pela Assembléia Legislativa de projeto de interesse do governo que instituiu o Serviço de Interesse Militar Voluntário.

 

Através deste projeto que a Assembléia aprovou, o Estado está autorizado a contratar e pagar dois salários mínimos para jovens interessados em prestar serviços de segurança similares aos que são função do soldado da PM. Podem ser recrutados/selecionados também reservas do serviço militar.

 

O projeto passou com a aprovação da maioria dos deputados, com a justificativa de ser uma alternativa para reforçar o policiamento no Estado a custo mais baixo que a realização de concurso público.

 

Para concurso o governo anunciou 300 vagas.  Que são insuficientes para suprir a demanda por policiamento no Estado. Em algumas cidades do Bico do Papagaio, o policiamento acontece em dias específicos da semana. Um tipo de aberração que permite ao bandido saber que dia agir.

 

A insatisfação e a revolta são tamanhas, que podem ser percebidas nas ruas, nos comentários, nos e-mails e nos pedidos de atenção de membros da tropa à sociedade. “Querem dar atribuição de polícia a quem não é, não passou por treinamento, é uma absurdo”, ouvi de um militar que me abordou na rua em Taquaralto.

 

“Eu já servi o Exército, e o treinamento lá é para guerra, é para matar. É completamente diferente do treinamento de polícia. Isso não vai funcionar”, me disse um cabo esta semana na padaria.

 

Estes já estão empregados. O problema deles não é que os novos contratados venham tomar suas vagas, mas algo muito mais grave: que eles comprometam a atuação da polícia.

 

Promoções questionáveis

 

Ao coro de reclamações, junta-se também a insatisfação com os critérios de promoções adotados não só agora, mas nos últimos anos. “Tem gente de 2007, que já foi promovido a sargento. Tem colega que vai aposentar com 30 anos de serviço e ainda é cabo. Isso acaba com auto estima do policial, por que os critérios de antiguidade não são respeitados”, desabafou outro amigo da PM.

 

As promoções mais recentes foram para Bombeiros, mas reacenderam a discussão entre a tropa.

 

Ao votar contra o Serviço de Interesse Militar Voluntário, o deputado Sargento Aragão apontou a deficiência de pessoal que há atualmente na PM, e combateu duramente esta forma de dar solução encontrada pelo governo.

 

Votaram contra os deputados Aragão, Eli Borges, Josi Nunes e Solange Duailibe. Outro, o petista José Roberto se absteve. A bancada do governo acompanhou a orientação do líder.

 

Insatisfeitos, os militares de um lado, chamam a atenção da sociedade tocantinense por outro: isso vai dar certo? O tempo trará a resposta, mas o impacto negativo está aí. Por enquanto na opinião de quem entende do assunto. Amanhã poderá estar nas ruas. E quem criou a gambiarra, assim como que a aprovou, ficará com o ônus da responsabilidade.

 

 

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