Insegurança: a reação necessária e possível

Nesta segunda-feira, 26, uma semana depois do assassinato do delegado da PF, Edward Neves Duarte, a capital acorda de “ressaca”, de um final de semana em que muitos choraram outro assassinato

 

Desta vez, o de uma mulher, pioneira, conhecida comerciante Maria Helena Ribeiro, cujo corpo foi velado entre sexta-feira e sábado na igreja Coração de Maria, na 305 Sul, em meio a um clima misto de dor e de revolta.

Helena,ao que tudo indica, foi alvejada pelo ex-companheiro, num crime passional, movido pelo ciúme do suspeito, advogado de 61 anos, de que ela seguisse com sua vida.

Violência ocasional, crimes por motivos fúteis, são alvo de uma campanha conjunta que está nas ruas e tem como provocador da reflexão, o Ministério Público: a “conte até dez”. Nas estatísticas, chega-se a um total de 30% de mortes que poderiam ser evitadas se as pessoas não perdessem tão facilmente o senso de consequência de suas atitudes.

Mas os crimes que assustam e clamam por solução não são privilégio de Palmas, onde a morte do delegado da PF teve os suspeitos presos num intervalo de três horas. Talvez a ação mais ágil e eficaz da PM nos últimos anos.

Gurupi e Araguaína

As duas maiores cidades, referências para o Norte e o Sul do Estado tem sido palco de crimes até aqui sem solução.

Em Gurupi, a execução do menor LAB, de 17, no Centro de Internação Provisória de Gurupi, é daqueles crimes fadados ao esquecimento. Suspeito de participação na morte de um militar, o menor foi alvejado pelo grupo de mais de oito homens encapuzados que invadiram a instituição e levaram o computador com as imagens de segurança após a execução.

Também na capital da amizade, no Sul do Estado seis mortes ocorridas entre 22 e 26 de setembro, cujas características também levam a pensar em execução permanecem sem solução.

A investigação, conduzida pelo Gaeco, busca apurar suspeita de envolvimento de militares. Seis policiais foram ouvidos, negaram os crimes e permanecem afastados de suas funções.

O excesso de uso da força policial em alguns casos, é o que compromete a imagem da  polícia, onde a conduta de uns pesa como uma mancha sobre a corporação. Diante destas sistuações o que fazer? Dar a resposta necessária para que a sociedade continue confiando na sua polícia: não permitir que ela se desvie da sua função.

A eficácia nas investigações, na area de inteligência da polícia, é outra coisa que a sociedade espera. Crimes como a morte do professor Fabriciano Correia em Araguaína, e o assassinato do vice-prefeito eleito Antonio Nascimento, em São Sebastião precisam ter a mesma resposta imediata que a polícia deu em Palmas para o assassinato do delegado da PF.

Precariedade física e de pessoal

E como fazer isto? É preciso pessoal qualificado. É preciso investir em formação, é preciso dotar as delegacies de delegados e agentes. A precariedade da segurança no Tocantins hoje é um misto de duas situações: a falta de estrutura física adequada, e a falta de pessoal.

No Bico do Papagaio, tem delegado atendendo (ou respondendo por) até cinco cidades. Como isso é possível?

A contenção que o governo do Estado faz de novas contratações de pessoal não pode, e nem deve atingir a segurança. Mas foi o que aconteceu quando o concurso publico em vigor à época da entrada do governador Siqueira Campos, e do então secretário João Costa na Segurança deixou de ser prorrogado.

E até hoje o governo protela como pode o cumprimento de decisão judicial que manda chamar os integrantes do cadastro reserve daquele concurso, que foram à justiça fazer valer seus direitos.

Há dificuldades financeiras e limite prudencial da folha? Com certeza. Mas que a economia seja feita em outra area que não Segurança. Esta é dever do Estado garantir.

Se fossemos escrever na parede o nome de todas as vítimas de assassinato, para ficar só nesses crimes, nos últimos meses no Tocantins, em que ainda não há solução, ou prisão dos culpado, faltaria espaço na fachada da secretaria de Segurança Pública.

Nem cabe aqui parafrasear Bóris Casoy, por que não é uma vergonha. É uma lástima. Uma tragédia diária, que só tem jeito no recrudescimento de ações preventivas, investigação, e aumento do número de policiais militares.

O Estado pode? Sim. É questão de priorizar. Mais do que uma ação emergencial de segurança, o Tocantins precisa de uma política constante e eficaz de Segurança Pública. Ao invés de apagar incêndio, planejar, fortalecer as instituições que tem por missão a proteção da sociedade. É possível. E mais do que necessário.

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