Interferência do Araguaia na eleição da Câmara pode "espanar" prefeitos do PSDB

Prefeita de Palmas, Cinthia Ribeiro
Descrição: Prefeita de Palmas, Cinthia Ribeiro Crédito: Secom Palmas

O encontro dos prefeitos do PSDB nesta terça-feira, 26, na capital terminou com um almoço onde o cardápio incluiu uma conversa de bastidores sobre a eleição da presidência da Câmara de Palmas, que ocorre na quinta-feira, 28.

 

Diante dos seus colegas prefeitos -  o partido tem 29 mandatários municipais, dos quais 19 ficaram com Mauro Carlesse - a prefeita teria comentado que estas composições sempre são difíceis e que não entendia o interesse do governo recém eleito em interferir na disputa pela presidência da Casa. 

 

Diante do comentário, os prefeitos se solidarizaram dizendo que iriam então procurar o governador e pedir que ele não altere o jogo usando o peso da máquina estadual para conquistar votos.

 

A questão é simples: o vice-governador eleito, deputado Wanderlei Barbosa tem o sonho de ser prefeito da capital e vê a possibilidade de uma candidatura mais competitiva chegar através da eleição, para presidência do legislativo municipal, do seu irmão, vereador Marilon Barbosa, de quem ficou distanciado muito tempo quando rompeu com Amastha e não foi acompanhado pelo vereador. Briga superada, como se vê.

 

Nos bastidores os aliados de Carlesse alegam que o governador estaria apenas dando governabilidade à prefeita Cinthia Ribeiro, que não tem a maioria na Casa e que estaria à mercê de interesses pouco republicanos de vereadores que querem atuar exigindo benesses em troca de votos.

 

A “base” que Cinthia herdou de Amastha está reduzida no momento a oito vereadores e a relação não está tão harmônica como se esperava.

 

Na verdade o núcleo duro ligado a Amastha na Câmara se resume a Tiago Andrino, Folha e Major Negreiros. Estes três seriam os que mais espaço tem no município e pretendem mantê-lo na gestão da prefeita.

 

Duas situações recentes revelaram que há ruídos. 

 

A primeira, do veto feito pela prefeita no projeto de autoria de Andrino, garantindo áreas de proteção ao ciclismo de competição. O veto foi derrubado pela Casa.

 

Na segunda, a prefeita precisava reeditar Medidas Provisórias vencidas. Eram 11 ainda da lavra do ex-prefeito e apenas uma dela. O presidente José do Lago Folha Filho teria feito “corpo mole” para colocar as medidas em pauta. 

 

Quem chamou sessão foram duas mulheres que Cinthia conseguiu colocar do seu lado, as vereadoras Laudecy Coimbra e Vanda Monteiro.

 

Com a sessão aberta e as medidas em votação o presidente ainda teria chegado atrasado e tentado parar a sessão e anular tudo, mas foi voto vencido. Para aprovar a reedição da medida a prefeita contou com votos…. da oposição.

 

Néris pede voto de confiança e não interferência: Cinthia pede que indiquem o vice e ela o presidente

 

As conversações para fechar uma chapa com apoio da maioria aconteceram intensamente nos últimos dias. E tiveram lances que explicam bem o quanto a situação é complexa e envolve jogo de vários interesses. 

 

O ex-prefeito Carlos Amastha teria chamado uma reunião com a base sem a presença da prefeita, durante uma viagem dela para fora da Capital. Cinthia assim que soube, teria dito a ele que não gostaria de intermediários nesta conversa com os vereadores. Amastha então teria se retirado das articulações juntamente com  Adir Gentil. 

 

Nos últimos dias o vereador Lúcio Campelo promoveu um almoço em sua chácara para os vereadores, com a presença da prefeita. Na ocasião, Milton Néris teria pedido à Cinthia um “voto de confiança”, não interferindo na escolha dos vereadores e governando depois com o presidente que ganhasse.

 

Em contrapartida, a prefeita teria dito que o normal é que ela indicasse o presidente na chapa e a oposição o vice. “Mas por hora a senhora não tem nem base nem oposição, a base do Amastha não é sua” teria argumentado o vereador.

 

A carruagem andou e as negociações não pararam. Aos que estão seduzidos pela possibilidade de fechar com a chapa palaciana, articulada pelo deputado Barbosa, a prefeita tem sido dado o recado: “a vida do vereador se resolve no município e não no Estado”.

 

Na manhã desta terça-feira, 26, uma reunião de Néris com Wanderlei e outros interlocutores teria afunilado 11 votos dos 19 em torno de Marilon.

 

Em favor do grupo do Paço, que tem Etinho Nordeste como candidato, até a senadora Kátia Abreu teria entrado em campo para pedir o apoio do vereador Diogo Fernandes. Não se sabe se conseguiu.

 

Um vereador da base, em off, afirma que Folha que seria o maior articulador da base, perdeu a habilidade de convencer seus pares devido ao seu comportamento na presidência. Reduziu verbas de gabinete e atuou muito mais em favor do que queria o ex-prefeito, do que os colegas de parlamento. “Resumindo, não foi companheiro”, sustenta.

 

Voltando ao almoço dos prefeitos do PSDB…

 

A conversa da prefeita foi ouvida pelo deputado Olyntho, que se dispôs a fazer a aproximação de Cinthia com o vice-governador eleito e em seguida com o governador, para “afinar” o grupo.

 

“A prefeita só perde essa eleição se não interferir”, disse mais cedo Folha ao T1. “Deixar o Wanderlei fazer a presidência é abrir o caminho dele para a prefeitura em 2020. Duvido muito. Vamos ganhar essa parada”.

 

Quem viver até quinta-feira 28, verá quem levou a melhor.

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