Janela de março dá a partida ao ano eleitoral, que já começou

Primeira etapa para definição de candidaturas e alianças começa com as mudanças de partido na janela aberta neste mês de março. Diferente de algumas interpretações ela vale para todos, afirmam jurista

A primeira semana de março começa com o marco das movimentações políticas de desfiliações dos que pretendem trocar de legenda para se posicionarem melhor na disputa eleitoral deste ano nos 139 municípios do Estado.

 

Na Assembleia Legislativa, caixa de ressonância da política estadual, dois deputados com votação expressiva em Palmas se movimentaram. A mais rápida foi Luana Ribeiro, que garantiu para si o protagonismo do PDT de Edna e Ângelo Agnolin na capital, onde foi candidata à prefeita em 2012. O PDT era namorado por um grupo de deputados que chegou a ir à Brasília, capitaneado pelo presidente Osires Damaso, na intenção de assumir o comando no Estado. Pesou mais o prestígio de Agnolin, que se fortaleceu na legenda ao longo dos últimos anos, junto a Carlos Lupi.

 

Outro que se movimentou foi Valdemar Júnior, que deixou o PSD do deputado Irajá Abreu. Sua filiação ao PMDB de Marcelo Miranda está agendada para o próximo dia 4, na própria Assembleia com a presença do presidente Nacional Michel Temer, em campanha pela permanência no comando da legenda.

 

Do grupo de Damaso devem vir as próximas movimentações. Nos bastidores fala-se em dois projetos do presidente: a reeleição à frente do comando da Casa e uma pretensão de ocupar espaço na chapa majoritária em 2018. Damaso se aproximou do Palácio Araguaia e negocia em nome do grupo dos 10 e pode se movimentar com pelo menos mais três deputados: Jorge Frederico, Clayton Cardoso e Júnior Evangelista. O destino mais provável do grupo, segundo corre nos bastidores, é o PMDB. A dúvida é: por que Damaso iria para um partido cheio de problemas e onde não comandará seu destino, se tem situação tranquila no Democratas para fazer o projeto que quiser? A resposta pode estar justamente na composição com o Palácio Araguaia para 2018. É ver para crer.

 

Tendência do Solidariedade é esvaziar-se

A maior questão da brecha que se abriu neste março, é que muitos duvidam que ela possa se repetir para 2018. O que provocaria, por parte dos mandatários que querem mudar de partido sem correr o risco de perder o mandato, uma ação imediata, com os olhos voltados para o futuro.

 

Neste contexto, o Solidariedade pode perder musculatura na Assembleia Legislativa, justamente pela insegurança que passa sobre seu futuro. É um partido sem líder com mandato. O comando está nas mãos do grupo que perdeu as eleições e pouco se vê em termos de articulação de seus líderes no cenário político. Eduardo Gomes submergiu, e não ocupa o protagonismo de quem quer ser oposição ao Palácio Araguaia. A mesma coisa fez Sandoval Cardoso, que abandonou o cenário político neste um ano pós-derrota nas eleições. Ainda que em diversos momentos o contexto lhe seja favorável, não se pronuncia. Como em política não existe vácuo, os deputados do Solidariedade estão abandonados à sua própria sorte, encarregados de decidir como vão organizar seus projetos de reeleição ou voos maiores.

 

Partidos se reposicionam na capital

Na semana passada, um fato interessante marcou o reposicionamento dos partidos com relação à disputa pela prefeitura da Capital. O PPS, que indicou o vice de Amastha, e tem dois vereadores na capital, rompeu com seu destino até aqui. Eduardo do Dertins marcou posição de seguir com pré-candidatura própria em torno do empresário Tom Lyra, trocando a direção do metropolitano, diante da posição de Claudemir Portugal em seguir com Amastha. Sem o PPS, mas com os vereadores, o prefeito só tem o prejuízo do tempo de TV.

 

No PSDB, partido que Ataídes Oliveira leva para o palanque de Amastha, os siqueiristas históricos começam a sair. É o caso do ex-vereador Aurismar Cavalcante, que pretende disputar nova eleição para a Câmara de Palmas este ano e não quer seguir com o atual prefeito. Cavalcante aproxima-se do PV da vice-governadora e pré-candidata Cláudia Lelis, a quem tem elogiado nos bastidores. 

 

Diferente do caso do PPS, neste Amastha tende a perder a militância e faturar o tempo de TV.

 

O PMDB, aliado de ocasião, deixa a gestão da capital de mala e cuia. Joel Borges deve seguir o projeto do irmão, deputado Eli Borges, que tem se posicionado como pré-candidato a prefeito pelo PROS, que conta com o vereador Júnior Geo na oposição. Os demais: Emerson Coimbra, Rogério Freitas e Carlos Braga alinharam-se ao Palácio Araguaia, onde foram buscar liderança e guarida para levantar as condições materiais de fazer campanha. A saída para eles pode ser Valdemar Jr. Mesmo que lá na frente outra candidatura dentro das bases palacianas ganhe peso maior para encabeçar a chapa.

 

Se nas campanhas até aqui, existiam duas etapas, a das convenções de junho e a da eleição propriamente dita, agora o jogo antecipou-se. Até o final de março temos a primeira etapa desta eleição decidida, no jogo de divisão de lideranças em partidos que lhes acolham com seus projetos. De abril em diante, os caciques decidirão para onde ir. E caberá aos filiados seguir a orientação partidária.

 

Por isso, neste começo de março, muitos colocam as barbas de molho. Os aliados de agora podem ser adversários quando agosto chegar. E aí, vai se dar melhor quem tiver feito as escolhas mais acertadas.

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