Julgamento de acusadas pelo assassinato de Gustavo Ferreira entra pela madrugada: Milena confirma autoria

O julgamento das duas jovens acusadas de terem assassinado o estudante Gustavo Ferreira, de 24 anos em 21 de janeiro passado, deve entrar pela madrugada. Segundo uma fonte do Site Roberta Tum que acompanha de dentro o desenrolar do caso, a estimativa...

A jovem Milena Coelho Feitosa confessou diante do júri ter assassinado o estudante Gustavo Arruda Ferreira, 24 anos, em 21 de janeiro deste ano, motivada por ciúmes da companheira, Talita Bonfati Ravali, que se encontrava na cena do crime.

A informação é de uma fonte do Site Roberta Tum que acompanha o julgamento que acontece desde as 9hs da manhã de sexta-feira em Paraíso. O juiz concedeu um intervalo de uma hora, por volta das 21h30 para o jantar. A expectativa é que o julgamento não termine antes das duas horas da madrugada, uma vez que haverá ainda as exposições finais da promotoria, que trabalha com a assistência de um advogado contratado pela família, e dos defensores, que diviram o caso.

Quebra do sigilo telefônico

Uma das evidências utilizadas pela defesa da ré Talita Bonfati, que é acusada de co-autoria do crime, foi a quebra do sigilo telefônico da vítima. O relatório obtido pela Defensoria às vésperas do julgamento mostra que de 13 ligações trocadas entre Talita e Gustavo em todo o período que se conheceram, apenas duas foram feitas por Talita, sendo uma delas um toque.

No dia do crime, conforme o relatório, apenas Gustavo Ferreira teria telefonado para Talita Bonfati. O levantamento foi utilizado pelo defensor público Júlio César Elihimas para desconstruir a tese da acusação que vinha afirmando haver por parte de Talita uma correspondência à tentativa de Gustavo em conquistá-la.

A defesa chamou para depor, como testemunha, um dos amigos de Gustavo Ferreira, que afirmara nos autos tê-lo desestimulado a insistir para ter um relacionamento com Talita, aconselhando-o a "não mexer com mulher dos outros".

A história do crime

Conforme relato das rés, havia por parte de Gustavo a insistência em se relacionar com Talita, sendo que o fato de saber que ela mantinha uma relação homoafetiva o estimulava. Conforme relatou ao juiz, Talita disse que Gustavo a assediava na tentativa de se relacionar sexualmente com ela. Após relatar à Milena a abordagem dele numa festa, ela teria pedido a Gustavo numa de suas ligações que se afastasse dela para não atrapalhar sua relação; Depois disto, os dois teriam mantido por sugestão dele uma proximidade a título de amizade.

Ao júri, Talita afirmou que Gustavo era bem relacionado na cidade. Desempregada, ela teria mantido contato com ele na expectativa de que ele conseguisse um emprego para ela.

Na noite do crime, Talita Bonfati afirmou que iria a uma festa com amigas, e Gustavo iria na mesma festa com amigos dele. Com viagem marcada para a casa de familiares em Dois Irmãos,na mesma data, Milena Coelho teria desistido de viajar e voltado para casa, tendo descoberto que a companheira iria na mesma festa que Gustavo.

Ao ligar para Talita perguntando se ela queria que ele a buscasse, Gustavo foi convidado por ela para ir até sua casa, onde jantariam antes da festa. No depoimento, Milena afirma que colocou sonífero na comida preparada para receber Gustavo, a fim de que ele dormisse, com a in tenção de amarrá-lo e deixá-lo nú em praça pública, como forma de "dar um susto nele", para que o mesmo se afastasse de Talita.

Após ingerir a comida com o remédio,Gustavo teria tomado também bebida alcóolica (uma garrafa de vodka), o que cortou o efeito do medicamento impedindo que ele dormisse. No depoimento, Milena relata ter ficado escondida na despensa da casa, ouvindo a conversa que se desenrolava entre os dois, com o conhecimento de Talita. Sem dormir, Gustavo teria pedido a Talita uma massagem, uma vez que a mesma tinha lhe dito que trabalhava como esteticista.

O homicídio

Durante a massagem, Gustavo teria tentado beijar Talita, provocando ciúmes em Milena, que em depoimento afirma ter perdido o controle e deixado o esconderijo, usando um machado que estava na dispensa, e uma faca que encontrou na cozinha para golpeá-lo, Talita por sua vez, teria se escondido atrás do sofá, enquanto Milena golpeava Gustavo. O rapaz teve várias perfurações, sendo a principal delas no pescoço, o que provocou forte hemorragia.

Desacordado, Gustavo teria tido os braços amarrados antes de ser colocado no porta malas do carro que dirigia naquela noite. Segundo apontam indícios da perícia, as marcas arrocheadas em torno da corda indicam que o rapaz ainda vivia quando foi colocado no porta-malas, embora estivesse inconsciente.

Após abandonar o carro na estrada, na saída da cidade, as duas teriam voltado para casa, onde Milena limpou a cena do crime e pintou a parede da sala. O sofá teria sido transportado logo no começo da manhã para a casa da mãe de Milena. As duas teriam ainda saído para providenciar mais material de limpeza devido ao forte cheiro de sangue que permanecia na sala. No retorno foram abordadas e detidas pela polícia para averiguação, ficando em poder dos policiais até que fosse decretada a prisão preventiva das duas.

Da pena

A acusação pretende a condenação de ambas as rés por homicídio triplamente qualificado, e ocultação de cadáver. A defensoria trabalha com tese de que a autora, Milena Coelho agiu motivada por ciúmes, o que não poderia ser considerado motivo torpe. A defesa tenta convencer o júri de que Talita Ravali não participou do crime, embora estivesse presente na cena.

O julgamento é acompanhado pelos pais de Talita, que se deslocaram de Marabá, no Pará, até Paraíso. A mãe de Milena e os pais e irmãos de Gustavo também acompanham os trabalhos. Do lado de fora do fórum, populares com camisetas e cartazes ainda esperavam a sentença tarde da noite.

Se depender da acusação, as duas podem ser condenadas a até 30 anos de prisão.

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