Kátia, Amastha e os índios: dupla lição de convergência

O anúncio de que Palmas sediará os Jogos Mundiais Indígenas repercutiu forte ontem dada a articulação feita numa ponta pela prefeitura de Palmas, através de Amastha e na outra por Kátia Abreu...

Kátia e Amastha: soma de esforços trouxe os jogos
Descrição: Kátia e Amastha: soma de esforços trouxe os jogos Crédito: Secom/Palmas

Repercute fortemente desde o final da tarde de ontem, segunda-feira, 14 nas redes sociais e no meio político a foto histórica que une a senadora Kátia Abreu(PMDB), o prefeito de Palmas, Carlos Amastha e os maiores representantes dos indígenas no País.

 

Todos ao lado do ministo Aldo Rebelo, dos Esportes, anunciavam a conquista inédita para Palmas, como capital a sediar um evento internacional, os Jogos Mundiais Indígenas. Lísio Terena, representante do Comitê e Marcos Terena, representando as comunidades indígenas estiveram antes com a senadora em seu gabinete para solicitar formalmente o apoio dela para a realização do evento.

 

As reações à foto foram as mais diversas. Mas uma breve lida nos comentários do Facebook, mostram que aqueles que acusam a senadora e o prefeito de hipocrisia por posarem na mesma foto na audiência com o ministro, são a minoria.

 

Bastidores de um entendimento

 

Na verdade, para que tudo terminasse bem, com a confirmação da capital tocantinense como sede dos jogos foi necessário mais do que o trabalho técnico – bem feito, aliás – da equipe da prefeitura, comandada no esporte pelo jovem Tenente Alen.

 

Só isto não bastaria. É tanto que nos últimos meses tudo que foi feito não havia surtido efeito bastante para vencer as barreiras políticas.

 

Aliada preferencial da presidente Dilma no Estado, Kátia Abreu não poderia ser ignorada na definição de um evento deste porte, com um segmento com quem o agronegócio tem conflito de interesses, em pleno ano eleitoral.

 

Para o evento acontecer em Palmas, não poderia haver o empecilho politico.

 

Entrou em campo um articulador importante para o prefeito Carlos Amastha, que como se sabe, dividia um abismo de diferenças pessoais com a senadora. Kátia ao longo do último um ano e meio era o alvo preferencial de seus discursos políticos. Renegada como aliada dentro de qualquer cenário para 2014. Tratada como inimiga pessoal por desafeto antigo, nascido ainda quando o prefeito comandava a Educação à Distância via Unitins em todo Estado.

 

Tiago Andrino foi o homem escalado por Amastha para fazer a ponte com a senadora. Na última semana, foi recebido por ela após a interferência do deputado Irajá Abreu.

 

De Kátia, Andrino teria ouvido: “Não tenho nada contra os índios. Pelo contrário, tenho dois filhos com nomes indígenas. Eu não gosto é da politicagem feita pela Funai”.

 

Sobre Amastha, Kátia não criou obstáculos: “não vou ser empecilho para atrapalhar meu Estado nem a capital. Podem contar comigo, desde que haja um entendimento para não usar o evento como palanque eleitoral”.

 

O recado foi levado e o entendimento nasceu de pontas bastante opostas no tabuleiro político. Faltava que a comunidade indígena também fizesse um gesto de que a senadora era bem vinda na interlocução em favor dos jogos. O que aconteceu ontem, levando Kátia de seu gabinete direto ao do ministro, acompanhada pelas lideranças indígenas.

 

Deixando as mágoas de lado

 

Amastha por sua vez entendeu a necessidade de deixar de lado a questão pessoal, numa atitude que surpreendeu até os mais próximos. A verdade é que o grupo do prefeito vem desejando e trabalhando já há muito tempo para uma quebra do gelo” que permita que a senadora use seu poder de articulação mais a favor dos interesses da capital.

 

Ontem, ao fim e ao cabo, o prefeito destacou a cordialidade com que a Senadora o tratou em um post do Twitter. Kátia, mais tarde, tuitou que o trabalho da prefeitura foi bem feito, o que facilitou sua ajuda junto a Aldo.

 

O ministro, por sua vez, já havia, lá atrás acenado que tinha dificuldade em optar por Palmas dado o entrave político entre os dois aliados da presidenta. Não queria transformar um evento do porte dos Jogos Mundiais em outra coisa, feia de se ver.

 

Dado o passo e feito o gesto, não há que o leitor mais atento à política esperar qualquer coisa mais de aproximação entre os dois personagens centrais dessa história. São personalidades fortes demais para fazer jogo de cena. As diferenças permanecem. O que não há mais é o impedimento de trabalharem juntos.

 

Ontem, lendo algumas mensagens de críticos ao gesto, fiquei pensando a quem interessa a cultura do ódio entre adversários políticos. Ao povo, com certeza é que não é.

 

De prático, Palmas será a sede dos Jogos Mundiais Indígenas. Um avanço digno de nota dos dois lados que compõem a foto histórica.

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