Lições da velha Roma para o Tocantins atual

Conversando com um amigo há algumas semanas sobre o perfil de vaidade exibido por alguns mandatários no Tocantins, ouvi dele uma lição interessante que vem do Velho Império Romano...

Uma provocação boba no Twitter esta manhã -  dessas de gente que tem mais tempo livre do que tarefas importantes a fazer – me trouxe à memória uma conversa recente que tive com um amigo, militante da política tocantinense e acima de tudo um grande pensador/provocador menos pelo quanto já leu e mais pela qualidade do que leu.

 

Tomando café e falando bobagens a dois ( e não no Twitter, acompanhados por milhares de seguidores) ficamos  - Lutero Fonseca e eu - analisávamos os perfis de alguns dos nossos políticos tocantinenses. Especialmente os mais vaidosos. Entre eles, Mr. Ego, claro!

 

Sacando uma história das suas, lá do tempo de César, na antiga Roma ele me perguntou: “você sabe por que os generais romanos percorriam o átrio em seus carros, puxados por quatro parelhas dos mais belos cavalos, acompanhados por um escravo, que seguia a pé, segurando a ponta de sua túnica bordada?”

 

Evidente que eu não sabia. Li pouco essa parte da história das Civilizações.

 

Ele me esclareceu. É que os generais que comandaram o exército mais poderoso da antiguidade -  o povo romano é de longe o que permaneceu durante mais tempo em ascensão e domínio com seu Império – eram ovacionados nas ruas e praças pela plebe ruidosa.

Além de exercer o poder mais perigoso que existe: o das armas, tinham a sensação do poder constantemente  revívida na volta de cada batalha. O povo se encarregava de lembrá-los do quanto eram “especiais”.

 

Mais que natural que se sentissem no topo do mundo, não é mesmo?

 

Enquanto percorria o átrio ovacionado pela multidão, o general ouvia do escravo sempre a mesma repetida frase: “você é apenas um homem/você é apenas um homem/ você é apenas um homem”.

 

De Roma aos dias atuais, nem de longe nosso Tocantins sofrido se iguala àqueles tempos áureos de batalhas, conquistas, grandes estrategistas e eminentes filósofos.

 

Ao invés da plebe inculta e ruidosa temos os estudantes, as donas de casa, os intelectuais e os pseudo-intelectuais, que às vezes criticam e às vezes ovacionam seus “poderosos” em toda parte. E especialmente nas redes sociais.

 

É para esta torcida que Mr. Ego e outros jogam suas tiradinhas. Do alto de suas vaidades e ébrios com a sensação de invencibilidade que o poder confere aos menos preparados para exercê-lo, imaginam que o tempo não passará.

 

A este respeito me lembro de uma entrevista do ex-presidente José Sarney, hoje Senador. Ele dizia que o problema de ser Presidente é que a aura do poder dá ao ocupante passageiro, a sensação de eternidade. E o tempo, cruel como ele só, passa. Um belo dia, quem estava nas salas cheias de carpetes, quadros e ajudantes de ordem, volta à planície.

 

É por isto que sentada numa simples cadeira giratória, com a vista para uma avenida das menos movimentadas de Palmas, tenho a exata medida do meu tamanho.

 

Sou apenas uma voz que não se cala. E faz perguntas. E às vezes critica os que não estão preparados como deveriam para receber as críticas a que se expuseram por assumir função pública. Gente desacostumada a responder pelos seus atos. Como Mr. Ego e outros do mesmo naipe.

 

Se pudesse dizer algo a eles, repetiria apenas o mantra dos antigos escravos romanos: “Cuidado, você é apenas um homem. Você é apenas um homem. Você é apenas um homem”.

 

A questão é que diferente de Roma, aqui o poder passa e os inquilinos dos Paços e Palácios se alternam no mínimo a cada quatro e no máximo a cada oito anos.

 

Bom final de semana!

 

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