O ex-prefeito Raul Filho aguarda para esta sexta, primeiro de dia do mês de julho, a publicação da liminar que o coloca de volta no jogo sucessório de Palmas.
Condenado pela prática de crime ambiental, pela Justiça Federal numa decisão que gera inelegibilidade, o pré-candidato do PR fará o caminho que fez Marcelo Miranda quando disputou e venceu as eleições para o Senado em 2010. Concorre com liminar, corre o risco de ganhar ou perder como todos os demais, mas corre o risco de mesmo ganhando não tomar posse.
A condenação sofrida é fruto de um processo robusto, que o ex-prefeito já tentou por diversas vezes anular, sem sucesso. Mas isso é papo para os advogados e marqueteiros de lado a lado...
O que a presença de Raul traz ao cenário, é a certeza incerta. Pode ser candidato, mas pode ser que não seja prefeito.
Conversando com amigos que gostam de política e de suas análises, ouvi hoje um argumento interessante: quanto das intenções de voto de Raul Filho são fruto da rejeição do prefeito Carlos Amastha (estimada na casa dos 35%)? Estes, que querem Raul por que veem nele o meio mais fácil de derrotar o atual gestor, arriscarão permanecer com ele se estiverem na verdade correndo o risco de ganhar e não levar? Caso as pesquisas que já foram publicadas (a maioria com empate técnico, muitas dando Raul na frente) se confirmarem nas urnas, quantos se arriscarão a votar no primeiro, para levar o segundo colocado ao Paço?
Parênteses.
Conversando dia destes com Derval de Paiva - que assumiu o posto de pré-candidato do PMDB à prefeitura - ouvi dele duas observações interessantes. Hoje voltei a encontrá-lo num dos cafés mais bem frequentados da Capital e lá estava ele fazendo o que sabe fazer melhor: conversando, articulando… política.
A primeira afirmação de Derval é que oposição dividida não ganha eleição. Quanto mais se divide, mais se fragmenta. Ele, por óbvio, defende um nome de consenso e coloca o seu. Está numa frente de partidos que, por hora, tem na cabeceira das mesmas pesquisas publicadas, a vice-governadora Cláudia Lelis, pré-candidata do PV.
A ideia de Derval de unir as oposições parece distante de dar certo, se observada a disposição de quem tem pré-candidatura consolidada e de quem pretende disputar para marcar espaço.
Caminhando ao lado de Aragão, por exemplo, o ex-candidato a prefeito pelo PRP, Dr. Luciano me garantiu nesta quinta-feira, que Aragão não abre e fará sua convenção no primeiro dia que a lei permite: 20 deste mês de julho.
Conversando no mesmo grupo de Aragão estão Wanderlei Barbosa - que alimentava a esperança de ser o sucessor de Raul, caso a liminar não chegasse - Júnior Geo (PROS), entre outros nomes. Todos com o mesmo discurso anti Amastha.
O empresário Fabiano Parafusos, por sua vez, caminhou bem nas últimas semanas, com presença forte nas redes, repercutindo bem os encontros que tem promovido na ruas, times de futebol, grupo de empresários e amigos que tem. Parece esbarrar na dificuldade financeira de levantar recursos para a campanha que em Palmas este ano não pode passar dos R$ 5 milhões.
É muita gente para se juntar numa chapa só.
Fecha parênteses.
Quantas candidaturas teremos em Palmas? Raul Filho será incensado como o preferido das oposições para despejar Amastha do alto do prédio do Toninho da Miracema, na JK? Difícil acreditar.
Na verdade a presença de Raul, confirmada para a disputa, mexe com o cenário, mas não une as oposições. Pelo contrário.
Aí me vem à mente a segunda observação do velho Derval, que adora contar histórias na sombra do seu chapéu. Com várias candidaturas, o resultado das eleições em Palmas poderá eleger alguém que ele mesmo classificou como “pouco legítimo”. E emendou a explicação: “aqui não tem segundo turno. Já pensou se ganha alguém com 20, ou 30% dos votos? Vamos ter a capital governada por alguém que não tem a maioria dos votos, e portanto tem a maioria da cidade contra si”.
Do jeito que vai, está explicado o bom humor do prefeito Carlos Amastha hoje nas redes sociais. Parece que não foi afetado minimamente pela notícia de que terá como concorrente ferrenho, o ex-prefeito de quem recebeu a cidade suja e esburacada.
Amastha, vai assistindo aos poucos, se confirmar sua teoria: “essa gente me odeia. Vai ser uma eleição plebiscitária. Todos contra mim. E no fim o povo vai decidir se o Amastha fica ou se o Amastha sai”.
Sim. Do jeito que vai, consolidado com o percentual que todo gestor por obrigação tem que ter, pode ser que Amastha tenha mesmo motivos para sorrir. Corre o risco de ganhar por pouco. Ou ganhar chegando em segundo.
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