Da Colômbia, para onde viajou esta semana a negócios, o prefeito Carlos Amastha comentou no seu perfil do Twitter que está acompanhando as reclamações de sindicato e vereadores – desta vez capitaneadas por um da sua base, Waldson da Agesp e do PT – sobre o fato de que a empresa não pagou seus funcionários pelos dias trabalhados no mês de julho.
Em off, um deles falou ao T1 Notícias que a empresa pediu a eles um prazo para pagar: dia 25 deste mês. Ao arrepio da lei, já que a legislação trabalhista é clara: paga-se os dias trabalhados no mês anterior, até o quinto dia útil do mês subsequente.
O barulho, amplificado na Câmara pelos vereadores de oposição: Iratã Abreu, Lúcio Campelo e Kim Maia, revela outra fragilidade da Terra Clean, nada Clean: ela não tem caixa para pagar meia folha de pagamento. Se tivesse, pagaria, ou não?
Difícil obter a resposta já que no galpão onde a empresa concedeu entrevista coletiva ao lado do prefeito Carlos Amastha, do secretário Marcílio Ávila e do procurador Públio Borges, não há ninguém que possa responder administrativamente por ela.
No endereço fornecido pela prefeitura de Palmas como sendo do escritório da empresa não há escritório montado, e quem atende a porta responde que não é lá a sede da Terra Clean.
As trapalhadas da empresa que levou cerca de 10 dias após contratatada para regularizar a coleta de lixo na capital só se acumulam.
A prova maior de que não é do ramo a empresa terminou de dar no final da semana passada, quando protocolou no Crea-TO seu pedido de registro para atuar no ramo (engenharia) da coleta do lixo no Estado. Juntou o seu registro no CREA de SP, feito dia 24 de julho passado. Exatos 11(onze) dias após assinar o contrato com a Prefeitura de Palmas.
Os funcionários estão trabalhando sobrecarregados - “onde tinha três, agora tem dois”, disse o presidente do Sindicato da categoria ao Portal T1 Notícias – e quando param para tomar água, são repreendidos. É bricandeira? Não.
Mas entre tantas vozes que se levantam contra a Terra Clean, a empresa encontrou defesa no vereador Valdemar Jr., que retornará à pasta para a qual foi nomeado no próximo dia 15. “A Delta recolheu lixo em Palmas durante 4 anos sem certidão”, bradou da tribuna nesta quinta-feira, 8, em defesa da idoneidade da Terra Clean.
Pausa para meditação. A Delta tinha uma certidão. Era falsificada, descobriu depois a Polícia Federal. E o processo na area criminal se arrasta até os dias de hoje. Comparar a Delta à Terra Clean não ajuda a gestão Amastha. Ou estou enganada?
MPE terá muito trabalho
Pois bem. O promotor Adriano das Neves, que acompanha este lixo de Palmas e suas empresas contratadas com (Delta) e sem licitação (caso da Terra Clean), por certo já tem material mais do que suficiente para concluir que o processo de contratação da empresa está eivado de erros.
No Twitter nesta quinta-feira, muitos se perguntam e colocam no ar indagações sobre quem estaria dividindo lucros no meio desta bagunça. Só que não há lucro. Para pagar seus custos, é bem possível que a empresa tenha encontrado o caminho que Waldson da Agesp tão oportunamente denuncia: extorquir o funcionário.
A empresa reduziu salarios e não pagou vales transporte e alimentação. Coisa para a justiça do trabalho dar uma olhadinha.
Sim, o assunto é chato e já encheu a paciência de todos : nossa e do leitor. Mas está aí e não pode ser evitado.
Contratar a Terra Clean, até os mais apaixonados defensores da gestão atual já sabem: foi um erro. O difícil agora é voltar atrás, uma vez que a prefeitura de Palmas já deixou claro não ter capacidade para recolher todo esse lixo.
Parafraseando meu amigo e colega de escrita, Salomão Wenceslau: é, pois é. É isso aí.
Comentários (0)