A terceira semana de agosto começa sem a esperada reforma administrativa, cujos tópicos estão na mesa do governador, aguardando tomada de decisão desde o começo do mês. Marcelo Miranda, segundo informações de bastidores, ainda não está convencido a tomar as medidas mais duras. E não há consenso entre o secretariado sobre os cortes a fazer.
Conversando com um deles ouvi: “a decisão é do governador, a última palavra é dele, mas ainda não há consenso. É preciso fazer uma reforma robusta e o problema não são os contratos e comissionados”. Pausa.
O problema maior do governo é liquidez. Não tem como mexer nos concursados. Não tem dinheiro para pagar a folha até o final do ano. Vai ser preciso parcelar. Também não há como pagar progressões mais. Vai ser preciso congelar. Pautas que o governo hesita em enfrentar.
Conversando com o líder do governo na Assembléia no final de semana, deputado Paulo Mourão também cauteloso ao tratar do assunto, escutei: “a reforma é imperativa. Não tem como não fazer”. De fato. Este é o consenso dentro do governo. Mas demora…
No Paço, carros recolhidos e cortes de pessoal
Com a situação do município bem mais saneada do que a do governo do Estado, o prefeito Carlos Amastha(PSB), vem tomando, calado, medidas nada simpáticas, mas que no final do mês e no final do ano farão toda diferença na soma das contas públicas. Há 15 dias mandou recolher os carros oficiais de representação. Até a Educação devolveu.
Nesta terça-feira, ao que tudo indica, o Diário Oficial do Município deve trazer o maior corte de pessoal numa só área: a Secretaria de Infra Estrutura e Serviços Públicos. Cerca de 500 pessoas dispensadas. Em Palmas para organizar os cortes da sua pasta, mesmo sob licença médica, o secretário Marcílio Ávila explicou ao Portal: precisa adequar a folha ao orçamento para não fechar no vermelho. Embora sofra com os cortes, a Seisp vai conseguir manter obras importantes como o asfaltamento no Santo Amaro, mais obras de lama asfáltica e revestimento elencadas como prioritárias.
Na Educação, ao contrário, os cortes vão ficar na média de 100 contratos. Para evitar cortar mais, o secretário Danilo de Melo fez três movimentos: cobrou do governo federal mais de R$ 2 milhões de contrapartida pelas crianças do Bolsa Família matriculadas em creches (CMEIS) do município, fez uma remodulação, aproveitando professores e remanejando administrativos, conseguindo economizar R$ 3 milhões. Finalmente, tomou emprestado da Saúde, R$ 2 milhões de recursos do tesouro municipal.
Diferente do Estado, no município a arrecadação própria subiu bem, mas os repasses do governo federal caíram. Sem aderir ao discurso da crise, o prefeito simplesmente determinou os cortes e segundo corre nos bastidores prepara um programa de incentivo para recolocar os exonerados no mercado de trabalho, investindo em bolsas para quem estudar e fazendo recomendação às empresas que atendem obras no município: vai se chamar Paic.
A velha política da divisão
Enquanto os problemas de gestão clamam e esperam para ser resolvidos, na política estadual o PMDB repete o que sabe fazer melhor: brigar.
Como conseqüência da troca de farpas entre o presidente da legenda, Derval de Paiva e o deputado federal Carlos Gaguim, na semana passada, a reunião da executiva do partido marcada para esta manhã no Hotel Rio do Sono, pegou fogo. Mesmo sem os representantes da Ministra Kátia Abreu na Executiva, a reunião aconteceu e marcou para o dia 23 de setembro, as convenções municipais do partido, novamente repartido.
Uma discussão cansativa para quem assiste de fora, mas que marca bem a realidade política atual do Estado em que dois grupos poderosos dividem a mesma legenda. E não conseguem se entender. Duros dias de agosto...
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