O deputado Paulo Mourão (PT), um dos parlamentares mais bem preparados para exercer a função de fiscalização aos atos do Executivo na Assembleia Legislativa, colocou seu nome para a disputa pelo governo do Estado, no último final de semana, em encontro do seu partido, o PT.
Mourão já fez este movimento antes e num momento bem mais favorável para o Partido dos Trabalhadores, que vivia dias de glória com Lula e Dilma. No entanto, o deputado nunca logrou sucesso de chegar a disputar, pelo menos, a vaga, numa candidatura consolidada.
Não é de se esperar que agora seja diferente. Em cacos após o impeachment da presidente Dilma Rousseff, o único alívio que o partido sofre diante do desgaste nacional é que a oposição lhe é igual, ressalvadas as raras exceções de partidos de esquerda que ainda não chegaram ao poder.
Se a Lavajato escancara todos os dias escândalos e mais escândalos envolvendo os governos do PT e os mais prestigiados líderes petistas das últimas duas décadas, o PSDB de Aécio Neves - grande adversário de Dilma nas últimas eleições - não fica atrás.
A corrupção entranhada nas instituições governamentais e políticas brasileiras parece de fato endêmica.
Se essa é uma realidade à qual o brasileiro parece assistir adormecido e entorpecido, há um outro fato que caminha lado a lado com esta apatia: o desinteresse político partidário e a tendência a desprezar a sigla e se atentar ao nome de quem disputa o cargo.
É aí que Paulo Mourão tem a chance de se posicionar bem, para compor uma chapa majoritária em 2018. Muito provavelmente encabeçada pela senadora Kátia Abreu, que ainda constrói o arcabouço de partidos que poderá lhe dar tempo de TV e capilaridade no interior, onde já tem os prefeitos que a acompanham, assim como acompanham ao PSD do deputado Irajá.
Nas falas de Donizeti Nogueira, que chegou ao Senado via da aliança que o PT fez com Kátia Abreu em 2014, e de Júlio César, ex-presidente do partido, percebe-se que a base no Estado deve se alinhar à cúpula do PT.
E aí é que fica impossível esquecer quem foi Kátia Abreu no processo de impeachment sofrido pela ex-presidente.
A prova de lealdade da senadora à presidenta, que lhe deu a oportunidade de ser a primeira ministra da Agricultura do Brasil, é inquestionável.
Com mais quatro anos de mandato pela frente no senado, um voto de peso em decisões importantes, e com o peso político que tem no Estado, é Kátia Abreu quem tem as melhores condições de dar palanque no Tocantins ao ex-presidente Lula, ano que vem.
Muita água ainda rola por debaixo da ponte. Sem dúvida, o PT tem espaço garantido nesta chapa, e é quem vai garantir o tempo mínimo que a senadora precisa na TV. Quem será o nome que comporá com ela, é cena a se conferir nos próximos capítulos.
Legítima, portanto, a movimentação de Paulo Mourão, e também a de Donizeti. Quem se mexer melhor no xadrez interno das disputas partidárias e conseguir melhor apoio na rua para se posicionar bem nas pesquisas até junho do ano que vem, estará em condições de disputa.
É isso que se lê e que se entende do movimento que o PT começa a fazer nos bastidores da política tocantinense. Não mais.
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