Mudanças no governo chegam dia 20: Sefaz, Sesau e Seduc na lista de Miranda

Governador deve substituir secretários de três pastas fortes, que vem acumulando problemas e desgaste político. Paulo Afonso, Bonilha e Adão Francisco estão na lista do corte com data prevista para 20

Deputada federal Dulce Miranda
Descrição: Deputada federal Dulce Miranda Crédito: Bonifácio/T1Notícias

O governador Marcelo Miranda caminha para anunciar as mudanças para o seu segundo ano de governo até o dia 20 deste mês, conforme informações de bastidores apuradas pelo T1 Notícias nos últimos dias. Não serão profundas nem estruturais, mas afetarão áreas importantes onde o governo encontrou problemas e não vislumbrou saídas no primeiro ano.

 

O secretário Paulo Afonso, escolhido por ser servidor de carreira, não apresentou as soluções esperadas para enfrentar a necessidade de aumento da arrecadação. O pacotaço como foi enviado à Assembleia Legislativa, por orientação da equipe do gestor ao governador, foi, como se viu, pesado. E acabou gerando desgastes além do necessário com recuo por parte dos deputados, após a votação, alterando alíquotas já aprovadas diante da reação dos segmentos produtivos. Potencializada, é claro, pelo clamor popular em torno do IPVA, que tomou conta das redes.

 

Mas não é só isto. Dividida em grupos, onde cada um defende seus interesses, a Sefaz dificilmente poderá ser entregue a um representante exponencial de um deles. Auditores e fiscais, os novos e antigos. Os remanescentes de Goiás.

 

Quem administrar a pasta da Fazenda terá que ter o respeito e o trânsito de todos eles.

 

A gota d’água veio no final do ano, com a trapalhada de anunciar na Assembleia Legislativa que não haviam recursos para pagar o 13º salário. Desmentir a notícia, após publicada, devido à forte repercussão negativa, e depois fazer pagamento a parte do funcionalismo. Ali, dois problemas ocorreram claramente: um de gestão de crise e outro de comunicação. Antecipar a má notícia na ausência do governador foi um erro. Desmenti-la, outro, primário.

 

A realidade, como se sabe, um dia derruba a versão e os discursos falsos construídos em torno dos fatos. Deu no que deu.

 

Ampla insatisfação na Saúde

O problema da Saúde é crônico e não vem deste governo. A forma de administrá-lo pode gerar maior ou menor desgaste. Embora companheiro, bem quisto e de boa índole, o secretário Samuel Bonilha conseguiu algo inédito: a rejeição de toda a classe médica. É o que se escuta nos bastidores do Palácio Araguaia.

 

O Estado gasta além do que é obrigatório com Saúde, mas não consegue estancar a sangria desatada das contas que não fecham. Sobre o HGP, só se escuta amplificadas reclamações. Desde as indicações políticas atropelando a equipe técnica, até a falta do básico. Gerir um problema daquele tamanho de fato não é fácil, mas a atitude adotada pelo secretário é criticada abertamente em todas as rodas. Os prefeitos então, nem se fala. Com o Estado apropriando-se do recurso que pertence aos municípios, faltou a Bonilha o trato, o jogo de cintura, ou seja: ser mais diplomático.

 

Educação e o jeito PT de administrar problemas

Na Educação, há que se dar ao governador o desconto de ter escolhido um secretário em 24 horas. Marcelo Miranda precisou substituir a já anunciada Mila Jaber, que havia construído um plano ousado para a pasta, mas extremamente técnico. Na ponta do lápis, a economia no ano teria sido de R$ 40 milhões, caso implementado como foi concebido. A proposta era melhorar os índices do Tocantins nacionalmente, escolher gestores com critérios técnicos antes do político. Mila tinha a aprovação do governador e a sustentação política da senadora Kátia Abreu. Com o desentendimento entre os dois líderes, a Seduc caiu no colo do PT e de Adão Francisco, que trabalhava na comissão de transição e nos bastidores da campanha.

 

Adão trazia muita boa vontade, mas o histórico de prestador de serviços ao Sintet, militância petista e deixou o cargo subir à cabeça. Durante a greve que não conseguia contornar - e que servia de plataforma política para a sucessão dentro do sindicato que levou para dentro do quadro administrativo da Seduc - protagonizou uma cena que revelou despreparo e vaidade.

 

Após insistir para alterar a agenda do professor e escritor Libâneo, famoso pelos livros didáticos usados em escolas de todo Brasil, a fim de recebê-lo, pediu licença a certa altura da reunião. “Preciso ir ali acabar com uma greve”, disse ele, deixando o grupo surpreso.

 

Nos últimos meses, processos se acumulam na mesa do gestor e a pasta perde prazos importantes. Sem falar na forma mal conduzida com que tentou implantar a escolha de diretores nas escolas, um ato que deveria ser do governador. Não se sabe se o secretário pecou pelo desconhecimento, se o Palácio quis poupar-se do desgaste, mas o fato é que os deputados atropelaram o edital com um decreto legislativo e o diálogo do secretário na Casa se restringe aos três deputados do PT. Difícil segurá-lo.

 

A missão de Marcelo agora é encontrar um nome que resolva o problema na pasta.

 

Dulce vem aí?

A maior pergunta em torno da reforma é se a primeira-dama, Dulce Miranda retornará ao Tocantins para fortalecer o governo do marido, e assumir a área social, onde indicou a secretária, Coronel Patrícia.

 

A reclamação é grande entre as lideranças da deputada federal, com a distância e a dificuldade em falar com ela e resolver os problemas.

 

Em Brasília no primeiro ano, Dulce acabou no meio da guerra entre o presidente da Câmara, Eduardo Cunha e o Palácio do Planalto. Suas posições nem sempre foram entendidas e a deputada reclama nos bastidores de votar com o governo e não ser reconhecida.

 

De toda forma, Dulce Miranda não é apenas uma deputada federal. É mulher do governador do Estado e seus votos e atitudes se refletem, queira ou não, na relação do governo com a presidência da República.

 

Seu retorno é esperado, mas não está confirmado. No meio do caminho há o primeiro suplente, Júnior Coimbra (PMDB). Este teria sido sondado para assumir o mandato na disputa de Picciani com Cunha, mas não teria aceitado. Fiel a quem lhe deu sustentação na briga com o próprio Marcelo Miranda pelo PMDB, o deputado é secretário nacional de Turismo, e garante que as arestas da pré-campanha entre ele o governador estão aparadas.

 

Se Dulce licenciar-se, Coimbra assume.

 

Resta aguardar para ver onde mais avançará a reforma do secretariado de Marcelo Miranda, mas os maiores problemas atualmente são estes. Lembrando que 2016 é ano eleitoral, e pelas maiores cidades do Estado passa a eleição de 2018.

 

Um tema para outro artigo, com certeza.

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