Muita coisa em jogo daqui até domingo: se Dilma cai, ou se Dilma fica

Cenário é tenso contra o governo da presidente Dilma Rousseff, que contaria hoje, com votos suficientes para ficar. De sua queda ou permanência dependem diversos fatores da política nacional ou local

Presidente Dilma Rousseff
Descrição: Presidente Dilma Rousseff Crédito: Foto: Da Web

Um divisor de águas para a política nacional, e para o momento delicado que o País vive, a votação do processo de impeachment que começa na sexta-feira 15, e termina no domingo, 17, terá seus reflexos na política tocantinense, por consequência. Segundo a Folha de S. Paulo, ainda não é possível afirmar que os votos necessários ao impeachment estão garantidos. O governo Dilma luta para permanecer.

 

No Tocantins, com uma bancada de oito deputados federais, cinco são favoráveis ao Impeachment da presidente Dilma Rousseff: Professora Dorinha, César Hallum, Carlos Gaguim, Dulce Miranda, Josi Nunes. Contra ou indecisos estão Irajá Abreu, Vicentinho Jr. e Lázaro Botelho.

 

Articuladores diversos do Palácio Alvorada garantem que até esta quarta-feira, 12, Dilma tem votos suficientes para rejeitar em plenário, o relatório de Jovair Arantes, aprovado na Comissão do Impeachment por 38 votos contra 27. A pressão, no entanto, aumenta por parte dos defensores do afastamento da presidente. Nas redes sociais, na própria Câmara Federal, o embate é duro entre os dois grupos. De um lado os que defendem que não há mais condições políticas para Dilma governar, e que há “indícios de irregularidade” suficientes para seu impedimento.

 

De outro lado, os que defendem que Dilma é vítima da inconformidade dos seus adversários, derrotados na eleição de 2014, e que não pararam nunca de tentar desestabilizá-la no que alguns parlamentares governistas classificam como “um bombardeio político-jurídico-midiático”.

 

Contra ou a favor, se posicionar neste momento revela a face de muitos. Alguns oportunistas de plantão, que até ontem andavam abraçados com a presidente a defendê-la e a usufruir das benesses do poder, e na percepção de que o movimento tendia a ser irreversível, decidiu mudar de lado e garantir seu espaço num provável futuro governo Temer.

 

Temer, o sem posição, é desmascarado

O áudio que a Folha de S. Paulo divulgou ontem com a mensagem preparada por Temer para depois de domingo - quando conta com certeza que o impeachment será aprovado - colocou pá de cal na figura do prudente professor de direito, vice incompreendido e maltratado. Dele emergiu o vice que articula há muito tempo a queda da presidente, que sonha com sua cadeira e que já tem discurso pronto, antes de preparar o terno para envergar a faixa.

 

A trama, aliás, pressentida como uma forma de a oposição assumir o poder via PMDB, e assim também preservar Eduardo Cunha, é o que hoje mais atrapalha uma adesão maior ao impeachment. Há algo de muito podre no ar, por mais que os anti PT e anti Dilma lhe preguem a pecha de governo corrupto que quebrou o Brasil. As pessoas sabem que a corrupção não é seletiva. Não foi inventada agora, não é característica das ações de um só partido.

 

A imagem de um Temer, fraco, e de um Cunha investigado por corrupção pelo STF na linha sucessória (afinal se segura no mandato apenas por que manobra com mão de ferro e troca de favores a maior casa legislativa do país) é de fato desestimulante. Dilma pelo menos foi eleita e, embora enfraquecida politicamente, não há nenhuma prova concreta de envolvimento em corrupção contra ela.

 

Do Tocantins, Kátia Abreu recebe a conta mais cara

Aliada da presidente desde o final do seu primeiro governo, a senadora Kátia Abreu, Ministra da Agricultura já paga o preço da lealdade à Dilma. Apesar da torcida de seus inimigos políticos e desafetos sociais para pregar nela a alcunha de “oportunista” que saltaria do barco ao primeiro sinal de água, a ministra ficou. Entre os motivos a crença na honestidade pessoal de Dilma, no meio de um processo político podre, que seu próprio partido opera há anos, e o mais importante: a oportunidade de trabalho dada para uma parlamentar de um estado menor da Federação, pelo peso que ela alcançou ao longo dos últimos anos na liderança do Agronegócio.

 

Kátia Abreu deve pagar o preço da lealdade à Dilma em duas instâncias: a partidária, onde o PMDB da Bahia quer fazer dela um exemplo ao pedir sua expulsão do partido por descumprir a determinação de entrega de cargos; e a do segmento que representa, onde a CNA, de onde Kátia emergiu para o Mapa, e que se posiciona a favor do impeachment, como era de se esperar pelo perfil conservador do setor. 

 

Ficando no ministério, a senadora tocantinense aposta suas fichas na possibilidade de poder tocar adiante o projeto do Matopiba - agência que tem as condições de mudar completamente o cenário de uma região até agora reduzida à produção primária, sem muita competitividade e sem atração a indústrias. Como se sabe o emprego não vem de plantações de soja, mecanizadas e com alta tecnologia que reduz a mão de obra humana. Vem da infinidade de negócios que se pode gerar a partir do desenvolvimento da região, carente de infraestrutura, ineficiente na titulação de terras, entre outros problemas.

 

O certo é que o tempo que permaneceu à frente do Mapa, já deu a Kátia Abreu o que a vida pública deu a poucos políticos brasileiros e a nenhum tocantinense: a chance de trabalhar com inteligência e expertise por um setor importante da economia nacional. Se sair com Dilma, sai reforçando que é uma mulher de posição, disposta a assumir os ônus e os bônus de uma postura política como poucos. Se Dilma segurar os votos que seus aliados garantem ter, até domingo, e barrar o impeachment, tudo muda de figura.

 

Todo o desenrolar de um cenário político para este ano e para 2018, terão reflexos deste momento, seja nacionalmente, seja no Tocantins.

 

Por hora a tempestade vai mostrando de que fibras são feitos homens e mulheres neste tumultuado momento da história do Brasil.

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