Na disputa pelo PR, quem será capaz de manter o legado de João?

Amigos, no final desta semana uma missa no Santuário de Fátima, na 308 Sul, marcará os primeiros 30 dias da morte de João Ribeiro, às 18h30 do sábado.

Luana, Dimas cotados para assumir
Descrição: Luana, Dimas cotados para assumir Crédito: Da Web

O pesar pela sua perda ainda está impregnado no círculo dos que conviviam com ele. Mais especialmente na família, o que é natural, diante de fatalidade tão recente.

 

O fato político no entanto não espera o tempo do coração. E já existem muitos interessados em herdar, se não o legado político de João, a legenda, o tempo de TV e a possibilidade de ter o PR no palanque. Esta é a realidade nas articulações de bastidores às quais se impõe apenas uma data: 4 de fevereiro, para quando está marcado o retorno ao Brasil e à cena pública de Brasília o senador Alfredo Nascimento., presidente do PR.

 

E quem tem as melhores chances de herdar o partido?

 

Sem dúvidas, Luana Ribeiro. Deputada estadual em segundo mandato, filha do senador, ela é quem estará em melhores condições para uma indicação à presidência de uma nova Comissão Provisória. João deixou o PR sem diretório eleito nem comissão renovada. Por isso Ronaldo Dimas não é presidente. Mas tenta...

 

E quais as chances de Dimas? Pequenas, mas não se pode desprezar o poder de articulação do governo em torno dele. Foi deputado federal, é prefeito de uma cidade importante e chegou a ser incluído numa lista para a nova comissão provisória na condição de vice presidente regional. Mas não foi efetivado.

 

Nos bastidores escuta-se que o que pesou para que Ribeiro não homologasse a provisória junto à Nacional foi justamente a desconfiança em torno da posição política de Dimas, que se aproximou muito do governo. O senador, como se sabe, levou o PR a disputar contra as forças governistas em Palmas na eleição para prefeito. Dizia abertamente que estava na oposição e que o esquecessem quem colocava na rua virais de que ele não disputaria contra o Palácio Araguaia, uma eleição a governo.

 

Ribeiro apoiou substancialmente Dimas na disputa em Araguaína. Onde o prefeito contou também com o apoio forte de Eduardo Siqueira.

 

Uma vez eleito prefeito, era natural que Ronaldo Dimas buscasse a parceria do mesmo governo que foi secretario para administrar a cidade. Mas a proximidade, além de administrativa se tornou politica. E Dimas hoje é uma das peças fundamentais no projeto político eleitoral de Eduardo. A presença do governo em Araguaína se intensificou, e a saída de Ribeiro da vida e do cenário político só complicou o jogo para a oposição na capital econômica do Estado.

 

Luana conversa com o governo e com a oposição

 

O espólio político de João Ribeiro no entanto não se resume ao PR, que esvaziado pelo próprio governo, restou com dois deputados estaduais: Luana e Bonifácio. Os dois apareceram juntos na inserção do partido na TV, fazendo o compromisso de manter o PR dentro daquilo que o partido defendia até aqui. “E nós acreditamos que o Tocantins pode ser muito melhor”, finalizou Bonifácio.

 

Este rumo é que é uma incógnita.

 

Ribeiro reafirmou em carta aberta, este ano, que o partido marcharia na oposição. Esta posição estava bem respaldada pela Executiva Nacional do PR.

 

No momento da morte, no entanto, simbolicamente o Palácio Araguaia tornou-se o palco do velório e das últimas homenagens. O fato do corpo não ter sido enterrado em Araguaína e nem passado por lá provocou uma nota da deputada Luana Ribeiro, explicando que a decisão não foi dela. Uma nota que provocou uma cisão familiar e magoou Cínthia Ribeiro, a viúva e presidente do PTN, um dos quatro partidos que se aglutinavam em torno do senador.

 

Coisas que o tempo vai se encarregar de resolver. Ou não.

 

O fato é que Luana Ribeiro,  a provável herdeira do comando do PR, já conversa com todas as forças políticas do Estado. Mesmo que reservadamente, num período ainda de luto. A deputada aguarda o retorno de Nascimento ao País e articula interlocutores para garantir junto à Nacional, o comando da sigla.

 

Os caminhos que estavam fechados para que o PR se aliasse ao governo não estão mais tão impedidos assim. Embora se reserve o direito de não falar com a imprensa sobre o assunto, entre amigos a deputada comenta que diante de toda a assistência recebida na ocasião da morte, velório e enterro do pai, não tem como fechar as portas para o diálogo.

 

A questão é que Luana não está sozinha. Embora presida o partido em Palmas, na capital o senador tinha companheiros fortemente oposicionistas. E conversava com Amastha sobre uma futura composição. Na capital o que se escuta é que os governistas já acenaram inclusive em ceder duas secretarias para o PR na reforma administrativa que o governador vai fazer.

 

“O grupo não vai ser vendido no pacote”, reagiu um republicano da capital esta semana, também nos bastidores. Mas a deputada não conversa apenas com o governo. Já esteve com Marcelo Miranda e com Ataídes Oliveira falando das possibilidades. Tem também canal aberto com a senadora Kátia Abreu, que lhe fez uma visita de cortesia no retorno da China, onde estava quando o senador faleceu. Roberto Pires, do PP, é amigo da família e era compadre de João.

 

De maneira que não há nada definido ainda pela deputada, apesar dos rumores.

 

Grupo se movimenta em torno de Cínthia

 

O que se nota também é um movimento de líderes mais ligados ao senador em torno de que Cínthia Ribeiro coordene o grupo. “Era ela quem convivia com ele mais de perto, recebia as pessoas na sua casa. É ela quem o Alfredo Nascimento e a cúpula do partido conhece e convive”, defendeu uma fonte do PR junto ao Portal.

 

São quatro partidos: o PR, PTN, o PRTB de JR, filho de Ribeiro e o PHS de Homero Jr, de Itaguatins.

 

Se este grupo se manterá unido, é uma incógnita. Se alguém no grupo reunirá as condições para levar adiante o legado de João Ribeiro, também.

 

Conversando por telefone ontem, rapidamente com Cínthia Ribeiro, o que se nota é que ela também está longe ainda de pensar e articular qualquer reação política neste janeiro. Sofrida, sentida ainda e muito com a perda do marido ela lida com o pequeno João Antonio, que sofre a ausência do pai - e precisa de acompanhamento psicológico -  resolve questões práticas como o apartamento onde viveu 11 anos com o marido em Brasília. E vive, segundo ela própria, um dia de cada vez.

 

Lá tudo está como antes: fotos nos mesmos porta-retratos, roupas no armário e chapéu dependurado como se ele ainda fosse voltar. "Ainda não é hora de falar de política", resume ela quando indagada sobre o assunto.

 

O momento como se vê, é especialmente difícil para a família. Ribeiro deixou duas mulheres fortes com seu sobrenome: Luana e Cínthia. Cada uma num partido, Sabe-se que o PTN espera de Cínthia uma candidatura a deputada federal. Este é o projeto da legenda no Estado. Por outro lado, para presidir o PR Luana Ribeiro também terá que buscar uma vaga em Brasília.

 

Além das duas há um sem número de líderes e amigos que se aglutinavam em torno de João Ribeiro e que estão na encuzilhada sobre que caminho tomar. Estavam com ele justamente pela sua maneira cordial, articulada e competente de fazer política.

 

Por isso, não há como terminar esta reflexão sem a mesma dúvida que a moveu: quem será capaz de manter o legado de Ribeiro? Uma pergunta até aqui sem resposta.

 

 

Comentários (0)